O crescimento na disseminação do coronavírus no Estado vem pressionando os serviços de saúde e, agora, além da oferta de leitos, também afeta o prazo de resposta para identificação de novos casos. O Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) reconhece o aumento do tempo de espera do resultado do teste da Covid-19, mas fala em até cinco dias, enquanto há pacientes que relatam aguardar pelo dobro do período. O governador Renato Casagrande, em entrevista para A Gazeta nesta quinta-feira (3), admite que há testes represados no Lacen.
São cerca de 15 mil testes, segundo a assessoria de Casagrande, dos quais 6 mil estão perto de ser liberados - embora não tenha sido apresentado um prazo. "Há represamento. Temos testes atrasados porque estamos com dificuldades em obter insumos. Nosso problema não é a quantidade, mas a necessidade de reagentes e outros insumos e estamos com dificuldades para adquirir no mercado nacional e internacional", pontua o governador.
Casagrande ressalta que esse também é o motivo para o Estado fazer o credenciamento de laboratórios privados, que poderão prestar o serviço de coleta e processamento dos exames. "Para dar vazão", frisa.
Essa é uma das estratégias que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) anunciou na segunda-feira (30), e cuja portaria foi publicada nesta quinta no Diário Oficial. No documento, ficou definido o valor fixo de R$ 160 para a realização de exame PCR na rede particular para o SUS, caso haja laboratórios particulares interessados em fazer o procedimento por esse preço.
Com essa e outras medidas, a expectativa é reduzir o tempo de espera, como no caso de um servidor público de 30 anos, que se submeteu ao exame em 23 de novembro na unidade de saúde de Santa Fé, em Cariacica, e ainda não teve resposta. Apesar de não apresentar sintomas, a irmã havia sido diagnosticada com a doença e, por essa razão, estava no critério de testagem da época, que abrangia os contatos intradomiciliares de pacientes infectados confirmados. Agora, para esse grupo de pessoas, os exames foram suspensos justamente pelo aumento da demanda de sintomáticos.
O servidor, que preferiu não ser identificado, conta que até esta quinta-feira (3) ainda não recebeu o resultado de seu exame, ou seja, 10 dias após fazer o teste. Ele diz que, no dia da coleta, havia um movimento bastante intenso na unidade de saúde de casos suspeitos de Covid. Depois do exame, o servidor foi encaminhado ao pronto atendimento, onde um médico plantonista avaliou o caso, orientou sobre o isolamento e deu atestado.
"O atestado está vencendo e o resultado ainda não saiu", constata o servidor, acrescentando que, apesar de não ter apresentado sintomas, há uma preocupação enquanto não há resposta para o exame.
A assessoria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em nota, informa que o tempo médio de resposta para liberação do laudo após recebimento no Lacen tem sido de cerca de 120 horas (5 dias), devido à ampliação de testagem no Estado, considerando ainda os intradomiciliares cuja coleta esteve vigente até o dia 28 de novembro.
"Mas é importante frisar que todas as amostras urgentes continuam sendo processadas prioritariamente e liberadas em até 12 horas. A atual capacidade de processamento de testagem está entre 1.800 a 2.000 amostras diariamente", diz um trecho da nota.
Para melhorar o tempo de resposta, acrescenta a assessoria, a Sesa está adotando novas estratégias. Além da suspensão de exames dos contatos intradomiciliares e do credenciamento de laboratórios particulares, o órgão "está finalizando um novo processo de aquisição de mais de 100 mil testes de PCR e prevê a ampliação da capacidade do Lacen para 3 mil testes por dia até o final de dezembro." Hoje, fica em torno de 2 mil.
Para o enfrentamento do problema, segundo a Sesa, também está sendo organizada uma central de triagem de amostras biológicas para concentrar, em Vitória, e o material excedente, ou seja, que o Lacen e os particulares não puderem processar, serão enviados para a Fiocruz.
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