Em cinco meses de vacinação contra a Covid-19, completados nesta terça-feira (18), o Espírito Santo alcançou a marca de 20% da população vacinada com a primeira dose de imunizantes. A técnica em enfermagem Iolanda Brito, de 55 anos, foi a primeira pessoa no Estado a receber uma injeção contra o vírus no dia 18 de janeiro, no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra.
Segundo o Painel de Vacinação do governo do Estado, 817.017 (que representam 20% da população capixaba) receberam a primeira dose de imunizante contra a Covid. Desse total, 297.438 estão imunizados com as duas doses. O cálculo do percentual de pessoas imunizadas com a primeira dose considera a estimava de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta que o Estado conta com 4.064.52 habitantes.
Aliada ao distanciamento social, uso de máscara e a higiene das mãos, a vacina é a única forma medicamentosa – cientificamente comprovada – capaz de impedir a infecção ou abrandar os sintomas provocados pelo vírus no organismo humano.
Avaliando a velocidade de vacinação no Brasil e as características dos vacinados no Espírito Santo, a doutora em Epidemiologia e pesquisadora da Ufes Ethel Maciel alerta que a imunização deve ser considerada concluída com a aplicação da segunda dose das vacinas, principalmente quando o composto usado for a Coronavac.
Devido à suspensão de produção no Instituto Butantan, que está sem o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o governo federal anunciou mudanças no cronograma de entrega de doses. Por isso, o Espírito Santo conta com uma fila de espera de mais de 152 mil pessoas aguardando a aplicação da segunda dose da vacina produzida em solo brasileiro.
Ethel também foi questionada se o fato de 20% da população ter sido vacinada com a primeira dose poderia resultar, caso surgisse, em uma nova fase de expansão da doença mais branda que a última, quando a vacinação ainda não havia avançado no Estado.
Na avaliação dela, se não houver redução do número de casos confirmados e óbitos provocados pela doença, haverá necessidade de adoção de novas medidas de restrição para combater a expansão nos municípios capixabas e outras regiões brasileiras.
"Esse percentual ainda é muito pequeno para ele ter redução ou impacto na próxima onda. Principalmente, se a próxima onda tiver uma predominância das variantes P1 ou B1.1.7, porque elas atingem pessoas mais jovens e essas pessoas têm um percentual muito pequeno no grupo de comorbidades que foram alvos de vacinação", explicou.
Na opinião do infectologista Lauro Ferreira Pinto, o grupo vacinado ainda não pode beneficiar a população de forma coletiva. Ele avalia que as pessoas estão cansadas de cumprir à risca os protocolos sanitários e que, além disso, estão se expondo mais porque precisam sair de casa para trabalhar, por exemplo.
"Essa é uma doença tão contagiosa que você só poderia ter mais tranquilidade com um percentual de população vacinada muito grande. Acho que esse percentual só beneficia os próprios vacinados, não traz nada de imunidade de rebanho. Creio que vamos ter mais uma onda porque as pessoas cansaram, vão ter que trabalhar, tem que tocar a vida, estão se expondo. Há chance de, no inverno, à medida que esfria, voltar a aumentar os casos. Imunidade de rebanho só com mais de 70%, 80% vacinado, e olhe lá".
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) frisa que somente com uma ampla cobertura vacinal será possível identificar a redução na transmissão e de casos graves. O órgão reforça que mesmo após a imunização, ainda será preciso manter medidas de distanciamento e higienização das mãos, além do uso de máscara para evitar a contaminação.
A Sesa explicou que a vacina contra a Covid-19 é o primeiro passo para o fim da pandemia, mas destacou que a imunidade não começa imediatamente após a segunda dose, já que o sistema imunológico necessita de tempo para criar a resposta imune que pode ser, em geral, de 14 dias após a aplicação da segunda dose.
"Até o momento, o Espírito Santo vacinou aproximadamente 20% da população, o que não é suficiente para garantir uma imunização coletiva. A Sesa destaca que para garantir uma imunidade de segurança é necessário que pelo menos entre 60% e 70% da população seja vacinada com as duas doses", disse a Sesa, por nota.
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