A Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) afirmou que existem cinco casos confirmados no Espírito Santo de crianças com a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), uma condição infantil rara que pode estar associada à Covid-19. Segundo a pasta, o primeiro caso foi confirmado no dia 26 de junho e ainda há uma ocorrência em investigação.
Febre, dor de garganta, conjuntivite, manchas no corpo, vermelhidão nas solas dos pés e nas palmas das mãos estão entre os sintomas relatados da SIM-P. A principal complicação da síndrome são aneurismas na artéria coronária, que pode levar à morte se não for tratada de forma adequada. A condição afeta pessoas de 0 a 19 anos de idade. O Brasil monitora casos em crianças e adolescentes, entre sete meses e 16 anos, para identificar se a síndrome pode estar relacionada à Covid-19.
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da SIM-P se aproximam da Síndrome de Kawasaki, outra condição rara que causa inflamações por todo o corpo, afetando principalmente os vasos coronarianos e que também pode estar associada ao coronavírus. O Espírito Santo, inclusive, teve um caso notificado da Síndrome de Kawasaki, em uma menina de 3 anos.
A maioria dos casos conhecidos da SIM-P estão relacionados com o coronavírus, mas não há evidências de causa e efeito. O que se observa é uma relação temporal; a síndrome é identificada em pacientes semanas após a infecção pela Covid-19, mesmo com uma boa recuperação.
O tratamento da condição, segundo a Sesa, é feito por meio de suporte intensivo, administração de Imunoglobulina e ácido acetilsalicílico a aspirina. Os casos mais graves são tratados com corticoide. A pasta alegou também que a reumatologia acompanha todos os casos e, na alta hospitalar, repassa as orientações para seguimento ambulatorial.
A Sesa informou que os casos são monitorados pelo Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, e que não houve nenhuma morte em decorrência da síndrome no Estado. A notificação dos casos é realizada pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar/Unidade de Vigilância Epidemiológica (CCIH/UVE).
Casos da síndrome já foram identificados em pelo menos 14 Estados e no Distrito Federal, por isso, foi criado um grupo de estudo, investigação e monitoramento da condição. Conforme levantamento feito pelo Estadão com as secretarias estaduais da Saúde, o Brasil contabiliza 144 pessoas identificadas com a SIM-P e nove mortes em decorrência da síndrome, sendo que duas estão em investigação. A relação com o coronavírus ainda está em estudo.
A Sesa explicou que, até o momento, não há equipes do Espírito Santo participando de pesquisas relacionadas à doença, mas todos os casos suspeitos ou confirmados são notificados ao Ministério da Saúde.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até julho, 71 casos foram registrados em quatro estados, sendo: 29 no estado do Ceará, 22 no Rio de Janeiro, 18 no Pará e 2 no Piauí, além de três óbitos no estado do Rio de Janeiro.
A maioria dos casos relatados apresentou exames laboratoriais que indicaram infecção atual ou recente pelo SARS-CoV-2 (por biologia molecular ou sorologia) ou vínculo epidemiológico com caso confirmado de Covid-19. Embora esses casos descritos apontem para uma possível relação de uma nova característica da Covid-19 em crianças e adolescentes, cabe ressaltar que estas ocorrências foram raras até o momento, frente ao grande número de casos com boa evolução da doença entre crianças e adolescentes.
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