O Espírito Santo tem 777 policiais civis e militares a menos do que tinha há dez anos. Em 2013, o Estado contava com 8.491 militares e, atualmente, possui 7.890, uma queda de 7,1%. Já entre os policiais civis e peritos técnicos, o decréscimo é de 7%, já que, em 2013, eram 2.526 agentes e, hoje, são 2.350.
Os números são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que divulgou os dados na pesquisa Raio X das Forças de Segurança Pública do Brasil. O estudo, inédito no país, traz informações colhidas até o fim de 2023 e aponta que a diminuição dos efetivos de segurança pública também ocorre em outros 18 Estados e no Distrito Federal.
A pesquisa se baseou em informações divulgadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e secretarias estaduais de segurança e mostra, ainda, que a média salarial das forças policiais no Espírito Santo é de R$ 9.071,85 para militares e de R$ 14.314,47 para civis.
“É importante as pessoas entenderem que essa diminuição de efetivo acontece por conta das reformas administrativas, que diminuem o arcabouço de profissionais nas ruas e promovem a diminuição de vagas preenchidas por concursos públicos”, explica Adriana Ilha, doutora em Política Social e membro do Núcleo de Estudos sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo (Nevi/Ufes).
A especialista afirma que, apesar de os dados abrangerem o período desde 2013, a queda no número de agentes de segurança pública já era observada em anos anteriores.
“Precisamos entender qual é a natureza das situações, já que a segurança pública está envolta na democracia e na cidadania. Temos um arsenal e um pessoal pequeno. Então, não podemos ter políticas reativas, mas, sim, políticas públicas voltadas para a prevenção da criminalidade”, completa Adriana.
Segundo Henrique Herkenhoff, professor do Mestrado de Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV), a colocação de mais policiais nas ruas pode não ser a ação mais eficaz para combate à criminalidade.
“Seria ideal se existisse um balanceamento no número de civis e militares. Assim, a Polícia Civil não ficaria sobrecarregada para fazer suas investigações nem ficaria presa na delegacia só esperando para registrar flagrantes. [...] Houve uma hipertrofia da PM, enquanto a PC foi atrofiada, e isso acaba consumindo quase toda a capacidade de trabalho dos civis, sem dar resultados reais para a população”, aponta Henrique.
Diante dos números divulgados pela pesquisa, o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Eugênio Ricas, afirma que o Espírito Santo conta com planos de ação para aumentar o efetivo nas ruas nos próximos meses.
“Felizmente, aqui no Espírito Santo, nós não temos um déficit tão acentuado [de agentes de segurança]. Nós temos hoje 1.158 policiais militares que serão formados a partir de agosto, quando iniciam o estágio operacional e, em outubro, todo esse efetivo vai ser incorporado à PM”, diz Ricas. Além dos militares, o secretário divulgou a nomeação de 60 policiais civis, sendo 40 delegados e 20 agentes.
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