A menina Esther Castro de Jesus, de apenas 4 anos, está internada na UTI pediátrica do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, desde a última quinta-feira (20). Ela foi picada por um escorpião em Linhares, no Norte do Espírito Santo. O caso da criança chama atenção para as ocorrências envolvendo esse tipo de animal. A reportagem de A Gazeta obteve dados com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que mostram que, no primeiro semestre deste ano, 1.760 casos de picadas pelo aracnídeo foram registrados em todo ES. Uma média de um ataque a cada 2,4 horas.
Os dados estatísticos apontam para uma ligeira redução no número de ataques em relação ao mesmo período de 2019. No primeiro semestre do ano anterior, foram 1.785 casos registrados. Em todo o ano de 2019, a Sesa contabilizou 3.785 registros em todo o Espírito Santo. Uma média de um ataque a cada 2,3 horas no Estado no ano passado.
A situação preocupa e pode ser agravada. Neste período do ano, em que as temperaturas tendem a voltar a subir, estes aracnídeos podem ser mais facilmente encontrados, de acordo com o biólogo Marco Bravo, professor e mestre em Gestão Ambiental.
Em entrevista à âncora Fernanda Queiroz, para o quadro "CBN Meio Ambiente e Sustentabilidade", Bravo afirmou que alguns cuidados devem ser tomados, em especial entre os meses de agosto e setembro, para prevenir o contato com escorpiões.
"Deve-se ter muito cuidado agora com tênis, que fica do lado de fora de casa, já que ninguém está entrando com sapato por causa do coronavírus. É bom de manhã, se for sair, dar uma batidinha no tênis, dar uma olhada. Eles gostam de ficar em lugar escuro, já que têm hábitos noturnos, com fobia à luz, e à noite é mais fácil para eles conseguirem alimento", afirmou.
De acordo com informações da Sesa, os casos de ataques por escorpião concentram-se mais nas regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo (tratadas pela Sesa como regionais norte e central de saúde). A entidade explica que isso pode ser explicado pelas condições climáticas nas regiões, principalmente as temperaturas mais elevadas.
Somadas, as duas regiões são responsáveis pelo registro de 1.538 casos no primeiro semestre de 2020. O que corresponde a 87,38% das ocorrências com escorpiões em todo Espírito Santo.
Cidade da menina Esther, Linhares já registrou 50 ataques de escorpião em 2020. Os dados são da Vigilância Ambiental da cidade. São pessoas que foram picadas pelo animal e que procuraram atendimento médico.
Os números da Sesa trazem ainda que, no primeiro semestre de 2020, as crianças, entre 0 e 9 anos, sofreram 103 ataques de escorpião no Estado. Um dos ataques foi em um bebê com menos de um ano. Entre os 10 e 14 anos foram 82 ocorrências do tipo.
De todos esses casos, entre 0 e 14 anos, 6 pacientes ficaram em estado grave. Segundo a Sesa, não houve registro de óbitos por picada de escorpião nos anos de 2019 e 2020 em todo Espírito Santo.
O biólogo Marco Bravo também recomenda que caso seja encontrado um escorpião e não existam outras alternativas, a pessoa deve fazer o isolamento da cauda do animal, já que esse é o local onde fica armazenado o veneno.
"Se estiver com uma pinça, por exemplo, deve buscar isolar a cauda, segurar por ali, já que o animal vai tentar lançar a cauda na pele, introduzindo o ferrão com as duas glândulas de veneno. A gente não sabe qual será a reação em cada pessoa, cada organismo pode reagir diferente, principalmente as crianças podem sofrer por causa do veneno", explicou.
Para evitar o pior, Marco Bravo sugere a prevenção. "Temos que prevenir para não sermos surpreendidos. Minhas sugestões são colocar água sanitária nos ralos, já que tem ação corrosiva; verificar buracos e entradas na ventilação; eles podem também entrar pela tubulação. Colocar telas nas janelas; bloquear frestas das portas, com aquele rodinho que passa por baixo, por exemplo. Verificar torneiras com vazamento, já que gostam desses espaços. O escorpião se adaptou bem ao meio urbano, pela falta de predador, a não ser o gambá, hoje encontrado em todo lugar. Não adianta inseticida, porque não é um inseto, mas a dedetização das casas funciona também. Eles gostam de amontoados de telhas, lixo, etc. No ralo do banheiro, você pode sair do banho e ele picar você. É preciso cuidado, principalmente à noite", frisou.
De acordo com a Sesa, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) funciona todos os dias, inclusive nos finais de semana e feriados, 24 horas por dia, e o contato para a população e profissionais de saúde para esclarecer dúvidas ou solicitar orientações em caso de acidentes com escorpiões e outros animais peçonhentos pode ser feito pelo telefone 0800 283 9904.
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