Há mais de uma semana o país acompanha com perplexidade os desdobramentos do repugnante caso de estupro de uma criança de apenas 10 anos, ocorrido na cidade de São Mateus, no Norte do Espírito Santo. Por consequência dos abusos sofridos e praticados por um tio, que está foragido, a menina acabou grávida. O agravante desta triste história é que a menor era abusada desde os seis anos pelo familiar.
O caso por si só já é absurdo, porém o Espírito Santo já foi palco de situações semelhantes. Em março de 2019, na cidade de Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Estado, o delegado Fabrício Lucindo, que atualmente atua em Linhares, no Norte, passou a investigar um caso de estupro de uma menina também com 10 anos na ocasião, após a polícia ser procurada pelos pais da própria criança, que é deficiente mental e cadeirante.
Os acontecimentos seguintes dessa história, entretanto, são diferentes do caso da menor de São Mateus, que neste domingo (16) realizou um procedimento para abortar o feto, o que ocorreu na manhã desta segunda-feira (17) em um hospital de Recife (PE), já que a equipe médica do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam) se recusou fazer o procedimento alegando que "a idade gestacional não está amparada na legislação vigente".
"Nesta ocorrência de Santa Maria, quando fomos procurados pela família a gestação já estava no sexto mês, então não seria possível interromper a gestação. A menina seguiu em acompanhamento e o parto foi realizado em Vitória, meses depois. A criança nasceu saudável e sem sequelas, porém foi um caso emblemático na cidade, por ter ocorrido dentro da própria família", ressaltou o delegado.
Após tomar ciência da história, o delegado iniciou a investigação. Após ouvir os envolvidos, Lucindo explicou que a menina havia sido abusada por um parente.
Este caso e o da menina de São mateus têm uma característica em comum: aconteceram no ambiente familiar. Segundo o delegado, este tipo de crime é praticado principalmente por pessoas próximas às crianças, muitas vezes de quem não se suspeita. Por isso é necessário ficar alerta com relação ao comportamento da criança.
"São casos chocantes e que assustam até mesmo nós que somos da área policial. Muitas vezes o perigo está dentro da própria casa. Pais, irmãos, enteados, primos ou pessoas muito próximas são quem mais cometem estes tipos de abusos. Ocorre que por desconhecimento, medo ou até mesmo receio do término do casamento, as mães ou outros familiares não denunciam. Mas é preciso denunciar e principalmente observar se a criança apresenta alguma mudança comportamental repentina, trauma, queixa e outras características de um abuso", explicou.
Fabrício Lucindo permaneceu à frente da delegacia até o mês de novembro do mesmo ano, quando acabou transferido para Linhares. Por fim, o delegado salientou que o acusado, que não teve o nome divulgado para não identificar a vítima, responderá por estupro de vulnerável.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta