Uma das metas do Plano Estadual de Educação, a ampliação da oferta de tempo integral no Espírito Santo vai chegar ao menos a mais 30 escolas da rede estadual em 2022. Atualmente, a modalidade já é adotada em 93 unidades de ensino e, com as projeções atuais, vai passar da marca de 120.
A estimativa foi feita pelo secretário estadual da Educação, Vitor de Angelo, durante divulgação de indicadores educacionais nesta terça-feira (18). Ele apresentou um balanço da oferta de tempo integral na rede e, ao ser questionado sobre a perspectiva de ampliação no próximo ano, afirmou que será maior que em 2021, quando 31 escolas passaram a ter a modalidade de ensino.
O tempo integral foi implementado no Estado no segundo semestre de 2015 com uma escola, num modelo com jornada de 9h30. A partir de 2019, na nova gestão da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), houve a revisão das práticas e, entre outras medidas, a rede passou a adotar também uma jornada de 7 horas, possibilitando o acesso a turmas de tempo integral para jovens que precisam conciliar o trabalho, e ainda a ampliação da oferta de formação profissionalizante.
Com as mudanças, afirmou Vitor de Angelo, a implantação do tempo integral ganhou fôlego e a expansão chegou a 49 municípios do Estado em 2021, com 93 escolas de ensino médio e fundamental II (6º ao 9º ano). Em 40 dessas instituições, há formação técnica.
Outro aspecto que o secretário considera relevante, a partir das alterações, é o maior engajamento dos alunos. Segundo Vitor de Angelo, não basta o aumento da oferta de tempo integral, que tem um custo mais elevado que a modalidade regular, se não houver demanda.
Os dados indicam que, até 2019, eram 36 escolas com 61,04% de ocupação das vagas. Em 2021, as 93 unidades de ensino têm 82,94% de matriculados.
"O tempo integral é uma estratégia para avançar na qualidade da educação pública no Espírito Santo. O atraso no país é tão grande que o modelo ganha ares de singularidade, mas, na prática, assim deveriam ser todas as nossas escolas: com uma jornada ampliada, parte diversificada, parte comum, independentemente do nível de ensino. O que temos até agora é um processo, uma caminhada, um aprimoramento; não é o ponto de chegada", destaca Vitor de Angelo.
Mas a expansão da oferta ainda tem outros desafios, segundo aponta o secretário. Em alguns municípios, por exemplo, há apenas uma escola da rede estadual e, caso o aluno não deseje ou não possa fazer a jornada ampliada, não teria outra instituição para dar prosseguimento aos estudos. No planejamento que a Sedu está realizando para 2022, esse é um dos aspectos que exige especial atenção para que o tempo integral possa chegar a todas as cidades do Espírito Santo.
Questionado sobre desempenho dos estudantes que frequentam o tempo integral, Vitor de Angelo disse que seria necessária uma série histórica maior para uma avaliação mais assertiva. De todo modo, ele ressaltou que não é apenas o aumento da jornada que pode fazer a diferença, mas o projeto pedagógico da escola. "Mas temos evidências de outros locais que o tempo integral agrega, sim, valor em termos de aprendizagem."
O Plano Estadual de Educação, que deriva de um planejamento nacional em forma da lei 13.005/2014, tem como uma das metas oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de modo a atender, pelo menos 25% dos alunos da educação básica. No Espírito Santo, o prazo para cumprimento é até 2025.
O cumprimento da meta é monitorado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) que, nesta terça-feira, também apresentou a metodologia de cálculo utilizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), para fazer este acompanhamento.
Kiara de Deus Demura, coordenadora do Núcleo de Educaçao do IJSN, mostrou os indicadores e revelou que, de 2012 a 2020, a rede estadual teve um crescimento percentual de alunos em tempo integral, com pico (11, 18%) no ano passado. A rede municipal, entretanto, registrou queda.
Vitor de Angelo afirmou que a Sedu planeja apoiar os municípios na expansão de sua oferta para que, a médio e longo prazos, o tempo integral possa ser realidade em toda a trajetória da educação básica, das turmas da creche ao ensino médio.
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