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Especialista do ES fala sobre sinais de abuso e os traumas da violência

Especialista do ES fala sobre sinais de abuso e os traumas da violência

Em entrevista para a TV Gazeta, a Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo, Carolina Roseiro, explicou como isso afeta no crescimento das crianças

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 19:37

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A imagem mostra Maria Carolina Roseiro, presidente do Conselho Regional de Psicologia do ES
Maria Carolina Roseiro, presidente do Conselho Regional de Psicologia do ES. (Reprodução/TV Gazeta)

O caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, chamou atenção de todo o Brasil para um assunto que ainda é um grande tabu na sociedade: o abuso sexual de menores de idade. Dados  da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) obtidos por A Gazeta apontam que mais de 150 meninas com até 14 anos ficaram grávidas no Estado, mas isso ainda é um assunto que gera vergonha às vítimas. A reportagem da TV Gazeta conversou com a Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo, Carolina Roseiro, que explicou que a violência sexual deixa marcas profundas.

O impacto é perceptível no comportamento das crianças e em seu desenvolvimento, podendo afetar em futuras relações familiares.  Segundo a especialista, as ocorrências são mais comuns dentro do ambiente familiar e isso também pode fazer com que a denúncia seja mais difícil para a vítima. 

"Essas violência acontecem com muita frequência na dinâmica familiar. Essas relações afetam o desenvolvimento, a personalidade, afetam o modo como a pessoa vai vivenciar a maternidade ou a paternidade no futuro. Então muitas vezes, no exercício da maternidade, da paternidade, do cuidado com outras crianças, essas marcas aparecem também com mais força", disse.

Ainda segundo Carolina Roseiro, os sinais de que a criança está sofrendo algum tipo de violência sexual podem variar de mudanças no comportamento a hábitos alimentares. A presidente ressaltou, porém, que esses não são sinais exclusivos de abusos sexuais, então é importante que os pais monitorem qualquer situação que afete o modo como os filhos agem e que busquem ajuda profissional em caso de suspeita.

"Alguns sinais comuns são: falta de confiança nas relações, não só com adultos, mas também com outras crianças; mudanças em relação ao sono; mudanças muito bruscas de comportamento. Algumas crianças começam a usar roupas para cobrir mais o seu corpo. Temos mudanças nos hábitos alimentares. Esses sinais não indicam necessariamente um abuso, uma violência sexual, mas indicam que alguma coisa não vai bem na vida dessa criança e precisam ser observados", concluiu.

"TINHA MEDO DO QUE PODERIA ACONTECER CASO CONTASSE PARA ALGUÉM", DIZ HOMEM ABUSADO NA INFÂNCIA

A TV Gazeta conversou também  com um homem de 42 anos que foi vítima de abusos sexuais pelo próprio tio na infância. Ele contou que era muito jovem e, por isso, tinha medo do que poderia acontecer caso contasse para alguém o que sofria.

"Meu pai sempre levava a gente pra casa do meu tio. Toda vez que a gente ia para lá, ele começava, quando não tinha ninguém por perto, ele ficava sarrando, botava nossas mãos no órgão genital dele. E eu não tinha coragem pra contar. Até mesmo porque era pequeno e tinha medo, né", disse.

O homem ainda afirmou que sua prima também sofria com os abusos do tio, mas que também não contou para ninguém. Ele encoraja pessoas que estiverem passando por situações similares a procurar as autoridades e denunciar.

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"A gente estava conversando sobre ele e ela comentou. Tudo que ele fazia com ela, fazia comigo também. Tem uns dois meses que eu fiquei sabendo. Quem está sofrendo abuso ou mesmo violência doméstica tem que denunciar, tem que ir pra delegacia, não pode ficar calado porque a tendência é só aumentar", finalizou.

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