Imunizados há mais de oito meses, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde já vivem a expectativa de reforçarem a proteção contra a Covid-19 com uma terceira dose da vacina que combate o coronavírus. A medida está sendo estudada pelo Ministério da Saúde, que já definiu que o grupo dos mais idosos, acima de 70 anos, receberá a dose adicional. A expectativa é de que a vacinação desta faixa etária já se inicie a partir da segunda quinzena de setembro.
A dose para os profissionais da saúde é avaliada pela Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (Cetai), que conta com integrantes do ministério e de órgãos governamentais e não governamentais. Especialistas ouvidas por A Gazeta também defendem a dose extra para quem está na linha de frente da pandemia.
A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), aponta que estudos da Fiocruz mostraram que a proteção contra o óbito diminui significativamente nos mais idosos. Como profissionais da saúde também estão mais vulneráveis a contrair o vírus, por estar em contato diariamente com pacientes doentes, o risco também aumenta.
"Estudos já mostram que com oito meses após a segunda dose há uma diminuição da resposta imunológica. Outros 20 países já começaram a dar as doses de reforço. Aqui no Brasil, já foram liberadas as terceiras doses para os mais idosos e para os imunocomprometidos. Mas, os profissionais de saúde estão muito expostos. Infelizmente, ainda temos muita transmissão, a chance do profissional ter contato com alguém e se contaminar é maior. É preciso incluir eles nos grupos de vacinação adicional", argumenta, Ethel, que defende, a curto prazo, a terceira dose para toda a população.
A infectopediatra Euzanete Coser também vê como necessário o reforço imunológico de quem atua nos hospitais. Ela explica que como a Covid-19 ainda é considerada uma doença nova, assim como a vacina contra ela, estar com os anticorpos contra o coronavírus reforçados e com imunizantes diferentes é essencial para estar protegido.
"Ainda estamos no decorrer da pandemia, então não sabemos ainda por quanto tempo os anticorpos vão proteger de todas as variantes. Cada pessoa tem uma resposta diferente, para cada vacina. Então, além de vacinar com a terceira dose, é importante que ela seja dada com uma fabricante diferente da que foi aplicada nas duas primeiras doses. Desta forma, muda a maneira de produção de anticorpos e estimula uma proteção ainda maior", explica.
Nesta sexta-feira (3), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu que a terceira dose deve ser aplicada apenas com imunizantes da Pfizer, já que é o único fabricante que já conta com o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entre os médicos, já há uma expectativa para receber um reforço na imunidade. O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Otto Baptista, afirma que com as novas variantes de Covid-19 é preciso criar novos ciclos de imunização.
"Eu vejo como uma forma providencial para manter a categoria tranquila e protegida para atender as pessoas infectadas. A terceira dose estimula mais o sistema imunológico. Passados oito meses da segunda dose nos médicos, um ciclo está se fechando e é preciso dar início a um novo ciclo de imunização, principalmente para aqueles que estão mais propensos a ter contato com o vírus", afirma.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Espírito Santo (Sindisaúde), Geiza Pinheiro, também defende a terceira dose para os profissionais da área. Ela aponta que mesmo vacinados com as duas doses, muitos profissionais ainda trabalham com medo da contaminação.
"O medo é normal para quem está na linha de frente, mesmo vacinado, sabemos que a eficácia não é 100% e com o passar do tempo, esse percentual vai reduzindo. É preciso tanto reforçar as doses de quem está trabalhando nos hospitais, mas sem deixar de faltar para quem ainda não se vacinou, da população em geral. Sabemos que o vírus ainda está circulando, então é preciso respeitar todas as medidas necessárias", defende.
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