Melhor estruturação das equipes que atuam no programa de saúde da família e ações de fiscalização nas praias e pontos de aglomeração para garantia do distanciamento social para evitar a transmissão do novo coronavírus. Esses foram alguns pontos discutidos durante a audiência pública virtual realizada nesta sexta-feira (26) pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
O evento, que faz parte do projeto Pacto pela Vida, foi coordenado pela procuradora-geral do MPES, Luciana Andrade, e contou com a participação do governador Renato Casagrande (PSB), o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), o presidente do Tribunal de Contas (TC-ES), Rodrigo Chamoun, além de médicos, líderes religiosos, representantes do esporte, da cultura e do segmento empresarial do Estado.
A criação do centro de comando e controle, abertura de quase 1.400 leitos de UTI e enfermaria para tratar pacientes contaminados pelo o vírus e a formatação do mapa de risco do coronavírus para os municípios foram algumas das ações de enfrentamentos destacadas pelo governador Renato Casagrande. O chefe do executivo estadual afirmou que o plano de convivência com a pandemia traçou como prioridade salvar vidas e proteger as pessoas mais vulneráveis.
Toda a crise, seja crise econômica, política, na área de saúde, primeiro atinge as pessoas mais vulneráveis, pessoas mais pobres. Então, nossa prioridade é salvar vidas e políticas que pudessem atender a essas pessoas mais vulneráveis que dependem da saúde pública e do apoio do governo do Estado. O que eu sinto de muita fragilidade no enfrentamento da pandemia é a ausência de coordenação do governo federal, lamenta.
O médico cardiologista intensivista Henrique Bonaldi relatou a experiência do último plantão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em que trabalhou, na noite desta quinta (25). Segundo ele, dois pacientes diagnosticados com a Covid-19 foram admitidos pela equipe dele, sendo uma mulher de 59 e um homem de 65 anos. Outras duas mulheres morreram por causa da doença.
Após apresentar o breve quadro clínico, Bonaldi diz que a sociedade precisa entender que a responsabilidade do combate e a redução dos casos confirmados e óbitos provocados pelo novo coronavírus não pode ser creditada somente ao Ministério Público, governo do Estado, médicos ou até mesmo à reabertura do comércio, que teve as atividades flexibilizadas em diversos municípios capixabas.
Se eu não conseguir fazer a população que pode ficar em casa, ficar em casa, eu estou aumentando os riscos daquele que precisa sair para trabalhar. O que a gente tem que fazer agora é ir na fila da Caixa Econômica e falar moçada, afasta, fazendo o favor. É ir na praia e falar gente, pelo amor de Deus, não tem cabimento vocês estarem aqui', sugere.
A doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, defende a adoção de um trabalho integrado entre o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e os prefeitos para que haja uma articulação com a saúde primária. Segundo ela, os profissionais de saúde precisam ser estruturados com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e aparelhos como oxímetros e termômetros de mão.
Precisamos monitorar para que os pacientes não cheguem em estado grave (nos hospitais). Precisamos testar e isolar as pessoas. A minha proposta é que a gente faça um pacto social, uma restrição de movimentação, por pelo menos de 21 dias. O que interessa é salvar vidas. Precisamos de um tempo para organizarmos o sistema de saúde e também para monitorarmos onde o vírus está, sugere.
A procuradora-geral do MPES encerrou a audiência informando sobre a possibilidade de um novo debate virtual. Ela ressalta que é importante que todos os agentes públicos, privados e a população cumpram seus papéis. Luciana informou ainda que uma força-tarefa de promotores trabalha desde o primeiro dia do surgimento da doença no Brasil e no Espírito Santo.
Iremos trabalhar para atacar a Covid. Precisamos escolher países como bons exemplos para ter mais sucesso, publicizar com mais frequência os resultados positivos, apoiar mais quem trabalha, dar mais atenção às populações vulneráveis, a periferia e melhorar a atença primária. São apontamentos registrados pelo Ministério Público que nós daremos atenção", afirma Luciana.
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