Nos primeiros dias de novembro, o Espírito Santo registrou um aumento de casos de Covid-19, em comparação com o mês de outubro. O salto de 1.794 para 1.899 no número de infecções, segundo dados do Painel Covid-19 do Governo do Estado, coincide com a confirmação da chegada da nova subvariante da Ômicron, a BQ.1.
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, disse em entrevista para A Gazeta, neste domingo (13), que os números indicam uma nova onda da pandemia do coronavírus em andamento.
Com isso, o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), entidades médicas e especialistas recomendam o uso de máscaras, principalmente em locais fechados e para pessoas com comorbidades, além de idosos.
A Sesa explica, entretanto, que a obrigatoriedade se mantém apenas em estabelecimentos de saúde.
Para a doutora em epidemiologia Ethel Maciel, é importante a volta do uso de máscaras em locais fechados, principalmente em ambientes com pouca circulação de ar.
De acordo com a infectologista Carolina Salume, neste momento de aumento de casos, a população deve evitar locais com aglomerações . Em caso de sintomas gripais, procurar o serviço médico para testagem.
“O uso de máscaras está recomendado para pacientes com sintomas gripais. Pacientes que fazem parte do grupo de risco como idosos e imunossuprimidos, apesar de não obrigatório, devem fazer uso de máscaras, em especial em ambientes fechados”, disse Carolina.
Na última segunda-feira (14), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgaram um boletim em que fazem um alerta para o aumento de casos de Covid-19 no país.
Na nota, as instituições defendem a volta do uso de máscaras de proteção e pedem aquisição de mais doses de vacina para garantir o aumento da cobertura vacinal na população, incluindo todas as crianças de 6 meses a 5 anos, independente da presença de comorbidades.
O documento foi encaminhado para o Ministério da Saúde e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde publicou uma nota técnica no último sábado (12), em que recomenda o uso de máscaras pela população em locais fechados.
Conforme a secretaria, entre os dias 6 e 11 de novembro, foram notificados 57,8 mil casos de Covid pelas secretarias estaduais de Saúde ao Ministério da Saúde. Com isso, a média móvel dos últimos sete dias subiu para 8,5 mil casos diários, o que representa aumento de 120% em relação ao índice da semana anterior (3,8 mil).
Segundo a secretaria, a nota técnica trata-se de um alerta "acerca do aumento do número de casos de Covid-19 e circulação de novas linhagens da Variante de Preocupação (VOC) Ômicron", com ênfase nas sublinhagens BQ.1 e BA.5.3.1.
O órgão técnico complementa que, neste momento, não há dados epidemiológicos que indiquem aumento na gravidade da doença. "O impacto das alterações imunológicas observadas no escape da vacina ainda não foi estabelecido", afirma a nota técnica.
A secretaria recomenda que a população seja orientada a fazer higienização frequente das mãos com álcool 70% ou com água e sabão e que adote o uso de máscaras de proteção facial, especialmente em locais fechados. A orientação vale sobretudo para indivíduos com fatores de risco e pessoas que tiveram contato próximo com casos confirmados de Covid.
Na Grande Vitória, as prefeituras de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra informaram que aguardam orientações da Sesa a respeito da exigência do uso de máscaras, mas que segue obrigatório em locais onde há atendimento de saúde.
A doutora em epidemiologia Ethel Maciel defende a compra de vacinas bivalentes por parte do Ministério da Saúde. Segundo a especialista, por conta das mutações que o coronavírus sofreu, as vacinas atuais, desenvolvidas para atacar a cepa original, já estão desatualizadas.
“Toda vez que deixamos o vírus ser transmitido de uma pessoa para outra, demos a chance dele sofrer mutação. É o que vem acontecendo. Demoramos muito para vacinar as pessoas e atingir 70% da população vacinada. A transmissão ficou acelerada, permitindo o vírus fazer as mutações e fazendo com que as vacinas perdessem a efetividade”, destacou Ethel Maciel.
A especialista, no entanto, destaca que isso não significa que as vacinas atuais não façam efeito. De acordo com Ethel, é importante estar com o esquema vacinal completo.
“As vacinas ainda protegem muito contra casos graves, mas não contra a infecção e a reinfecção. Além de estar vacinado com todas as doses, é preciso usar máscaras, para diminuir a transmissão”, acrescentou.
As vacinas bivalentes, ou vacina de 2ª geração como também são chamadas, são uma nova opção que além de atacar a cepa original do Covid-19, ataca a variante Ômicron. Além disso, essas vacinas podem ser atualizadas mais rapidamente, permitindo adaptá-las às novas subvariantes da Ômicron, como a BQ.1.
As farmacêuticas Moderna e Pfizer desenvolveram as vacinas. As duas utilizam RNA mensageiro: em vez de usar o vírus atenuado ou inativo, essa tecnologia induz o organismo a sintetizar uma proteína que impele o sistema imunológico a combater o coronavírus.
Sobre a nova versão da vacina da Pfizer, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), informou que a empresa apresentou dois pedidos de autorização temporária de uso emergencial (AUE) para novas versões bivalentes da vacina para Covid-19.
O primeiro pedido, referente à bivalente com a subvariante Ômicron BA1, foi submetido no dia 19 de agosto. Este pedido sofreu uma exigência em 9 de setembro, sendo o cumprimento apresentado pela empresa em 16 do mesmo mês. Posteriormente, uma segunda exigência foi emitida em 22 de setembro, com o cumprimento submetido pela empresa em 28 de setembro.
O segundo pedido, referente à versão que contém a subvariante BA.4/BA.5, em adição à cepa original da vacina Comirnaty, foi protocolado em 30 de setembro. Este pedido teve exigência emitida no dia 18 de outubro, com o cumprimento apresentado em 26 do mesmo mês.
Nos dois pedidos a fabricante requer a indicação da vacina bivalente para aplicação como dose de reforço na população acima de 12 anos de idade.
"Considerando os pedidos destas novas versões da vacina como dose de reforço e a atual situação de prevalência das variantes em território nacional, a Anvisa realizou reunião no dia 17/10, com participação de sociedades médicas. O objetivo foi de complementar a análise técnica da Anvisa. As sociedades médicas elaboraram parecer consultivo sobre as vacinas, entregue à Anvisa no dia 03/11", disse a agência.
Atualmente as vacinas se encontram em fase final de análise pelas áreas técnicas envolvidas. Após a análise, o pedido é encaminhado para avaliação da diretora responsável, que encaminha a proposição para deliberação da Diretoria Colegiada, considerando que se tratam de pedidos de uso emergencial (AUE).
“A Anvisa mantém o seu compromisso com avaliação das vacinas, conforme as melhores práticas para atender aos interesses da saúde pública. A Agência também está atenta às recentes publicações científicas sobre a resposta imunogênica das vacinas bivalentes de mRNA.”, disse a Anvisa.
Em relação a Moderna, a agência informou que realizou reuniões com a farmacêutica com o objetivo de explicar o funcionamento do processo de autorização de vacinas no Brasil. No entanto, até o momento, a Moderna não ingressou com pedido de registro ou de autorização emergencial de vacina contra a Covid-19 no Brasil.
“É importante esclarecer que na Anvisa nenhum processo de análise fica paralisado e que as análises de produtos, medicamentos e vacinas contra a Covid-19 continuam sendo priorizadas. A Agência mantém o seu compromisso com uma avaliação técnica, conforme as melhores práticas, para garantir a qualidade, eficácia e segurança das vacinas”, disse.
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