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Especialistas tiram dúvidas sobre a vacina contra a Covid-19

Especialistas tiram dúvidas sobre a vacina contra a Covid-19

A Gazeta reuniu um grupo de especialistas para explicar o período de imunização, reações da vacina e quem pode receber as doses. Confira as respostas

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 07:00

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A vacina que será utilizada no Estado de SP é a Coronavac
A vacina que será utilizada no Estado de SP é a Coronavac. (Adriana Toffetti/A7 Press/Folhapress)

Sem um medicamento eficaz no combate à Covid-19, a aplicação da vacina contra o coronavírus é considerada a principal arma no enfrentamento à doença.  Pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacina, apresentado pelo governo federal na última quarta-feira (16), o país terá quatro fases de vacinação para grupos prioritários em 2021. As três primeiras devem imunizar 49,65 milhões de pessoas.

E para tirar dúvidas sobre a vacina contra a Covid-19, A Gazeta procurou especialistas para explicar pontos questionados por leitores. Participaram da produção: a doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel; o professor de Epidemiologia da USP, Expedito Luna; o imunologista, professor e pesquisador da Ufes, Daniel Oliveira Gomes; além de consultores da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Quando a vacinação será iniciada?

  • O governo federal não definiu o calendário de vacinação. No entanto, o Ministério da Saúde afirma que a imunização será iniciada cinco dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso de uma vacina no país.

Quem vai tomar a vacina?

  • O Ministério da Saúde definiu quatro fases de vacinação. Na Fase 1, deverão ser vacinados um grupo formado por trabalhadores da saúde, pessoas de 80 anos ou mais, pessoas de 75 a 79 anos e indígenas com idade acima de 18 anos. Na Fase 2, serão imunizadas pessoas de 70 a 74 anos, de 65 a 69 anos e de 60 a 64 anos. Já na Fase 3, a previsão é vacinar 12,66 milhões de pessoas acima dos 18 anos que tenham as seguintes comorbidades: hipertensão de difícil controle, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave (IMC maior ou igual a 40). Na Fase 4 deverão ser vacinados professores do nível básico ao superior, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional. Os grupos poderão ser alterados.

Há idade mínima para ser vacinado?

  • Cada fabricante de vacina definiu uma idade mínima para imunização. Os especialistas em saúde informam que a maioria dos estudos relacionam adultos jovens, acima de 18 anos.

Grávidas e crianças vão ser incluídas?

  • Os especialistas alertam que grávidas e crianças não foram incluídas na maioria dos estudos clínicos dos laboratórios responsáveis pelas vacinas. Como não há informações que atestam a segurança e eficácia dos compostos nestes dois grupos, eles ainda não foram incluídos em nenhum plano de vacinação iniciado no mundo. Há expectativa de que essas pessoas sejam contempladas à medida que os dados sejam analisados e publicados pelos cientistas. Os médicos destacam que, com a vacinação dos outros grupos, o vírus perde força de circulação, diminuindo assim o risco de contágio dos grupos não beneficiados com a vacina.

Quem já teve Covid deve tomar a vacina?

  • Sim. Assim como acontece com outras doenças, como o sarampo, pessoas que já tiveram Covid-19 podem tomar a vacina sem nenhum problema. Há pessoas que tiveram o diagnóstico positivo para a doença e outras que apresentaram sintomas leves ou foram  assintomáticas e nem foram ao médico ou realizaram o teste. Como ainda não há comprovação científica que ateste a duração da imunidade adquirida após a cura da infecção, os médicos recomendam que os contemplados (já curados ou nunca infectados) nos grupos prioritários compareçam aos postos de vacinação quando forem convocados.

Em quanto tempo a vacina começa a fazer efeito?

  • Geralmente, cerca de 15 dias após a aplicação da segunda dose. Neste intervalo, os protocolos de higiene como lavagem das mãos, uso de máscara e distanciamento social devem ser mantidos.

A maioria das vacinas testadas em humanos é aplicada em duas doses. Qual  o intervalo entre uma e outra?

  • Alguns fabricantes informaram o intervalo de 14 dias,  outros de 21 e 28 dias. Quando a Anvisa aprovar uma vacina, o governo federal vai anunciar o prazo entre uma dose e outra. 

Quais reações a vacina da Covid-19 pode provocar?

  • A vacina cria um processo infeccioso natural. De maneira artificial, induz à imunidade, mexendo nos processos imunológicos do indivíduo, que pode apresentar sintomas mais brandos do que se tivesse sido infectado pelo coronavírus (Sars-CoV-2). Essa reação é esperada principalmente nas vacinas que estão sendo produzidas com vetores virais - outro tipo de vírus que carrega o material genético do Sars-CoV-2 - e sintomas semelhantes como dor de cabeça e febre controlável com antitérmico podem se manifestar. Pode haver também dor no local, inchaço, vermelhidão.

Quem não deve tomar a vacina?

  • Até o momento, só a Pfizer liberou a bula com informações detalhadas acerca das reações provocadas pelo uso do imunizante. Os médicos e especialistas em saúde ouvidos por A Gazeta destacam que é preciso esperar a aprovação das vacinas que serão disponibilizadas no Brasil para que então as bulas sejam liberadas. Por enquanto, como não há informações de ensaios clínicos que envolvam grávidas e crianças, esses grupos não devem receber a vacina num primeiro momento.

Pessoas com alergia devem ser vacinadas?

  • Pessoas alérgicas podem tomar qualquer vacina, inclusive as que estão sendo aprovadas agora. Apenas em casos específicos alérgicos não devem se vacinar. As únicas pessoas que não poderiam tomar a vacina são as que já tiveram reações alérgicas graves a vacinas anteriores ou quem é alérgico a um componente da vacina que será aplicada no Brasil , que vai contar com uma bula indicando a sua composição. Sintomas alérgicos graves são aqueles que ocorrem imediatamente após a vacinação. Entre eles se incluem urticária generalizada, falta de ar e crises convulsivas.

Pessoas em tratamento de câncer ou outras doenças imunossupressoras podem se vacinar contra a Covid-19?

  • Depende da doença autoimune e do tratamento que está sendo realizado. As pessoas em tratamento de radioterapia ou quimioterapia para qualquer tipo de câncer não devem se vacinar porque a doença ativa e o tratamento debilitam o sistema imunológico. Não é nem mesmo algo específico para a Covid-19. Pessoas transplantadas também não devem ser vacinadas, porque após o procedimento tomam imunossupressores, isto é, medicamentos que alteram o sistema de defesa do corpo humano. No entanto, pessoas HIV positivas em tratamento com coquetel de medicamentos podem tomar a vacina contra o coronavírus porque  a terapia retroviral faz com que a pessoa tenha o sistema imunológico perfeitamente normal.

Pessoas com deficiências físicas ou mentais podem se vacinar com segurança?

  • Sim, pessoas com deficiências que não afetam o sistema imunológico podem se vacinar.  Os médicos informam que não há indícios de que uma deficiência afete a resposta imune, e isso diz respeito a qualquer vacina. 

A vacina contra a Covid-19 é segura?

  • Antes de uma vacina ser disponibilizada para aplicação em massa na população, é necessário passar por uma série de testes, com protocolos primeiro em animais até a realização de estudos em humanos. Com as pessoas, três fases têm de ser cumpridas para a indústria farmacêutica receber a autorização de comercialização do produto. Na primeira etapa, é avaliada a segurança da vacina, se o produto não causará toxicidade ao organismo do indivíduo. Na segunda fase, é verificada a eficácia do imunizante, ou seja, a capacidade de prevenir a doença para o qual está sendo desenvolvido. Nesses dois momentos, o grupo pesquisado é pequeno para maior controle dos efeitos. Na terceira etapa o estudo é ampliado, abrangendo maior número de pessoas para testar a imunidade em massa, e assim levar à validação de uma produção em larga escala para vacinar a população. As vacinas que estão sendo consideradas para o Brasil - Pfizer, Moderna, AstraZeneca e CoronaVac - já passaram pelo teste de segurança e apresentam eficácia elevada para serem incorporadas no plano de imunização do país, mas ainda dependem de aprovação da Anvisa - órgão regulador do governo federal na área de medicamentos.

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