Com a temporada de observação das baleias iniciada neste mês, o Espírito Santo tem atraído pesquisadores e turistas de várias partes do Brasil. No passeio desta quinta-feira (22), eles foram surpreendidos por um verdadeiro espetáculo em alto-mar.
Com vinte turistas a bordo, entre adultos e crianças, sendo quatro de outros Estados, a expedição permitiu o encontro com sete baleias jubarte em uma aventura que durou cerca de seis horas. A surpresa foi que dessa vez os animais realmente interagiram com a embarcação, arrancando risadas, lágrimas e grandes emoções.
Para Thiago Ferrari, ambientalista e coordenador do projeto "Amigos da Jubarte", durante os passeios é possível ver ainda mais, podendo chegar a 20. "Mas hoje (22) as primeiras baleias vistas já deram um show e não foi preciso navegar mais. Elas ficaram quase 1 hora ao lado do barco. O especial de hoje foi essa aproximação, que não é tão comum assim. Às vezes o espetáculo é de longe", comentou.
Para os turistas, a sensação é indescritível. Eliana Langui, bacharel em Direito de 56 anos, foi uma das que embarcaram na expedição acompanhada pelo marido e uma amiga de Brasília. "É maravilhoso, podem ir também. Deveria até ser mais divulgado, porque é muito lindo. Foi incrível quando as baleias se aproximaram. Elas atravessaram embaixo do barco, ficam ali ao lado como se soubessem que estávamos ali", contou.
O Espírito Santo está na rota dos principais pontos de observação de baleias no mundo, sendo que, na temporada turística, que vai de julho a outubro, os passeios para avistar os enormes animais marinhos alcançam 100% de êxito. Para garantir que as jubartes sejam sempre avistadas, o projeto Jubarte Lab faz pesquisas semanalmente na água e monitora a presença da espécie.
"Vemos a quantidade de baleias que há no litoral desde maio. Quando percebemos que há uma o suficiente para começar a temporada de turismo, avisamos às agências parceiras de que já pode começar a temporada oficial. A assertividade dos passeios é total, nunca uma empresa parceira voltou do mar sem observá-las nessa época. O ES é então um dos principais 'hotspots' de observação de baleias do mundo. Para comparar, em algumas regiões da África do Sul há 30% de possibilidade de observá-las e as pessoas vão para lá ver. Aqui temos 100% entre julho e outubro. Ou seja, Vitória tem uma vantagem ecológica", comemorou Ferrari.
O cruzeiro para observação das baleias parte do píer dos pescadores, na Enseada do Suá, na Capital, próximo à Capitania dos Portos, por volta das 7h da manhã. Em cerca de 2h de navegação, o barco atinge cerca de 15 milhas náuticas de distância.
"Voltam em Vitória até às 15h, mais ou menos. As horas de passeio variam entre 6h e 8h e o valor pago esse ano está em cerca de R$ 300, a depender de cada empresa certificada. Nós do projeto monitoramos as viagens com a presença de pesquisador a bordo para ver se as normas de segurança estão sendo cumpridas", afirmou o ambientalista.
Para garantir a segurança dos animais, os pesquisadores promovem instruções prévias a quem embarca, com educação ambiental, bem como segue normas de cuidados com as baleias.
"A embarcação agiu de forma correta hoje, por exemplo. Ao avistar as jubartes, deixamos o motor engrenado, ou seja, foi retirada a velocidade, ficando parado o barco com o motor ligado, justamente para que a baleia pudesse se localizar pelo barulho e entender que há um barco ali. Esperamos então a baleia se afastar para aumentar a velocidade do barco e poder sair. O passeio não é só entretenimento, é também prática de educação ambiental em que sensibilizamos a sociedade em relação às informações com relação ao ambiente marinho", frisou Ferrari.
Com a pandemia da Covid-19, até mesmo os protocolos das expedições marinhas tiveram que se adaptar. Em termos de segurança sanitária, os Amigos da Jubarte desenvolveram critérios rígidos antes, durante e após passeio.
"Começamos com monitoramento de sintomas, com um questionário sobre os últimos 10 dias. Se alguém estiver com suspeita, é impedido de embarcar. Após o passeio fazemos monitoramento para saber se alguém desenvolveu sintomas 10 a 15 dias em seguida. E há adoção de medidas durante o passeio, como uso de máscara, distanciamento e álcool em gel. A agência responsável pela embarcação também coloca à disposição um guia específico para cuidar dos protocolos, então vão dois guias da agência e dois pesquisadores da Amigos da Jubarte junto aos turistas", explicou.
Para quem vai embarcar, o projeto Amigos da Jubarte já sugere que sejam evitados atrasos e que sejam levados documentos pessoais. Em seguida, os participantes passam por aferição da temperatura e teste rápido de olfato. Se a temperatura medida for igual ou superior a 37,8°C, ou se o passageiro apresentar algum sintoma suspeito da Covid-19, não será permitido o embarque.
A embarcação conta com banheiro, cozinha, pia e algumas camas para o caso de o participante passar mal. Além disso, é disponibilizado lanche individual, com frutas e biscoito, bem como água, sendo que cada um deve levar o próprio copo ou garrafa. É proibido o consumo de bebida alcoólica. Por segurança, a embarcação conta com colete salva vidas, rádio comunicador, bote inflável e outros equipamentos.
Para evitar enjoo, os ambientalistas responsáveis recomendam:
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