Na última semana, terremotos no México e na Califórnia, nos Estados Unidos, chamaram a atenção de todo o mundo pelas imagens impressionantes. Apesar de ser uma realidade diferente para o Brasil, o fenômeno não está totalmente descartado de acontecer por aqui e no Espírito Santo, só este ano, foram registrados dois tremores de terra, de acordo com a Rede Sismológica Brasileira.
O primeiro registro deste ano foi em Ecoporanga, região Norte do Estado, no dia 24 de fevereiro, às 20h13, e marcou um tremor de 1,8 de magnitude regional (mR). O segundo tremor, já de maior escala, aconteceu no dia 17 de maio, às 23h20, na Plataforma Continental do Espírito Santo, ou seja, a 350 milhas (563 km) da baía, também na altura do norte capixaba.
Em entrevista para A Gazeta, o especialista George Sand Leão, que atua no Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, explicou que os registros no Estado são tremores de magnitude pequena embora o de 2.8 mR já desse para sentir se ficássemos próximos.
Sand explicou que o tremor registrado na Califórnia na última quarta-feira (24), de magnitude 5,8, aconteceu porque aquela é uma região de limite das placas tectônicas. "O Brasil está no meio dessas placas e, por isso, não tem muita chance de acontecer aqui apesar de ter possibilidade de ter tremores dessa magnitude, de 5,8. Mas é muito, muito difícil", completou.
O especialista finalizou dizendo que o que causa os tremores de terra, também chamados de abalos sísmicos, é justamente a movimentação das placas. "Esses tremores são causas desse movimento do limite das placas tectônicas. A movimentação delas gera esse tremor de terra", concluiu.
Questionado sobre como é feita a conversão da magnitude brasileira para a Escala Richter, Sand explica que a medida é universal. "Escala Richter não existe. Richter fez uma escala chamada magnitude para a Califórnia. Não se converte da brasileira para a de Richter, é a mesma coisa", detalhou.
A noite de 28 de fevereiro de 1955, em Vitória, os capixabas viviam uma noite de mistério e terror com o segundo maior terremoto já registrado no Brasil. O tremor de terra sentido em Vitória, Cariacica, Vila Velha, Guarapari e Colatina teve seu epicento no mar a 300 quilômetros da costa do Espírito Santo. A força do sismo, de magnitude 6,1, foi tão grande que, apesar da distância, acordou moradores, fez tremer portas e janelas de residências.
Logo após o forte terremoto, a reportagem do Jornal A Gazeta foi para as ruas fazer uma ronda e, nos bairros que passou, ouviu a confirmação do sismo. De Praia do Canto a Santo Antônio, de Maruípe aos Barreiros, na capital; alongando-se por Jardim América, Itaquari, Campo Grande, Itacibá, no município de Cariacica; e Cobilândia, Paul e Argolas, em Vila Velha. Houve relatos inclusive do interior, na cidade de Colatina, e também Guarapari, onde uma cama teria sido arrastada por um metro.
No ano passado, em 24 de julho, um tremor de terra atingiu o município de Laranja da Terra, no Noroeste do Espírito Santo. De acordo com o registro feito pela Rede Sismográfica Brasileira, o abalo sísmico de 2,1 de magnitude pôde ser sentido na cidade vizinha, em Itaguaçu.
Na época, o fenômeno assustou os itaguaçuenses que, nas redes sociais, comentaram sobre o tremor de terra. Uma mulher ainda relatou que estava sem entender o que tinha acontecido, e que o barulho era muito similar ao de um trovão. Ela disse, ainda, que sentiu a casa tremer.
De acordo com o especialista George Sand Leão, quatro estações da rede registraram o evento que, apesar de ter causado o susto nos moradores, era de pequena magnitude e não causaria nenhum dano à população.
"O tremor foi em Laranja da Terra, mas pode ser sentido em Itaguaçu", relatou o especialista. No Espírito Santo, há cerca de quatro estações sismográficas que fazem esse monitoramento, mas há estações nos Estados vizinhos que também podem monitorar. "Este evento foi muito pequeno e, por isso, somente algumas estações registraram. Esses tremores são geralmente causados por acomodação da falha geológica*", disse George.
* Falha geológica é a ruptura ou cisão de um bloco de rochas ou faixas estreitas da superfície que é responsável pelo deslocamento de suas partes. O acúmulo de energia e a eventual liberação desta em zonas de falhas geológicas é um dos fatores responsáveis pela ocorrência dos terremotos.
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