A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) mudou a orientação sobre uso do medicamento cloroquina em pacientes com Covid-19. A fórmula, associada à aztromicina, era usada desde o início da pandemia, nos infectados que estavam nas Unidades de Tratamento intensivo (UTI), ou seja, em estado grave. Mas essa medida de prescrição foi suspensa aqui no Estado nesta semana, nas unidades de atendimento da rede pública estadual.
O governo do Espírito Santo encomendou uma opinião técnica de um conjunto de especialistas, formado por médicos intensivistas, infectologistas e médicos especialistas em saúde da família e da comunidade, para ter uma orientação sobre as melhores práticas assistenciais aos pacientes acometidos pela Covid-19 no serviço de saúde do Estado.
Diante de inúmeras pesquisas, estudos e artigos desenvolvidos no mundo e os posicionamentos das Sociedades Brasileiras de Infectologista e Pneumologia e a Associação de Médicos Intensivistas, o grupo entrou em um consenso e decidiu retirar a indicação do medicamento para pacientes em estado grave.
"Retiramos a indicação da prescrição universal deste medicamento por não haver evidências científicas de eficácia em pacientes graves. Alguns países já abandonaram o uso da cloroquina totalmente, a Organização Mundial da Saúde suspendeu as pesquisas que investigavam a eficácia e efetividade do uso em pacientes graves e leves. Agora, aqui no Estado, ficará a cargo dos médicos assistentes a avaliação para utilizarem ou não esse medicamento para esses pacientes com Covid-19 com indicação de tratamento intensivo", explicou Nésio Fernandes.
Na atualização, o protocolo médico orienta não recomendar o uso da cloroquina também em pacientes com quadros leves, pois não existem evidencias científicas ou boa prática médica que sustente a prescrição nestes casos.
O secretário enfatizou que se existirem evidências científicas que apontem benefícios ao paciente e ao desfecho clínico da evolução da doença, a Secretaria de Saúde irá adotar todo e qualquer medicamento possível para tratar a população. No entanto, não há tratamentos específicos disponíveis.
Outra preocupação da Sesa é com o uso indiscriminado da cloroquina ou qualquer outro medicamento que não tenha comprovação da sua eficácia.
"É preciso deixar claro que a OMS e várias publicações em grandes revistas científicas apontam o risco de complicações nos pacientes que fazem o uso da cloroquina. Não é apenas efeito placebo. A cloroquina possui efeitos adversos conhecidos na população que utilizou esse medicamento. Em pacientes portadores de cardiopatia, hipertensão e arritmia infectados pelo coronavírus, ela é responsável por uma grande parte da evolução a óbito. O uso da cloroquina demanda acompanhamento médico", pontuou Nésio Fernandes, que completou afirmando que o estado do Espírito Santo atualizou sua conduta baseado na ciência.
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