Com o avanço da cobertura vacinal, algumas cidades no país começaram a flexibilizar o uso de máscaras contra a Covid-19, inclusive em locais fechados. Mas, no Espírito Santo, esse cenário ainda não é vislumbrado para o futuro próximo.
Na avaliação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a utilização da proteção facial ainda é necessária e será mantida por mais algum tempo. A estratégia capixaba é defendida por especialistas.
Uma das decisões mais recentes de flexibilização é do Rio de Janeiro. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da capital fluminense orientou nesta segunda-feira (7) a liberação do uso de máscaras em ambientes fechados no município. A medida deve passar a valer nesta terça-feira (8), com a publicação de um decreto no Diário Oficial. Com isso, a cidade se torna a primeira capital do país a abolir totalmente o uso da proteção.
A flexibilização no Rio vale, inclusive, em escolas e no transporte público. As unidades escolares, no entanto, terão autonomia para decidir se os alunos devem ou não continuar usando máscara.
Em ambientes abertos, a utilização do item de proteção já não era mais exigida desde outubro do ano passado. A liberação total das máscaras acontece quatro dias após o governo do Rio de Janeiro ter dado autonomia aos municípios para liberarem o uso de máscaras em lugares fechados. O município de Duque de Caxias também já liberou.
No resto do Brasil, as autoridades também já começam a flexibilizar o uso das máscaras ou estudam decisões nesse sentido. Desde sexta-feira (4), a população de Belo Horizonte não está mais obrigada a utilizar máscaras em ambientes ao ar livre na cidade. Já em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) se prepara para comunicar o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes abertos em todo o estado a partir da quarta-feira (9).
A Sesa esclareceu que, seguindo a Portaria 013-R, de 23 de janeiro de 2021, o uso da máscara caso seja necessário sair de casa é um dos deveres e responsabilidades dos cidadãos no Espírito Santo, independentemente do nível de classificação de risco do município.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (7), o secretário Nésio Fernandes reforçou a necessidade de manter o uso de máscaras, a despeito de outros locais terem prescindido da proteção.
Nésio Fernandes reforça que, para acabar com a obrigatoriedade do uso da máscara, além da necessidade de aumentar a cobertura vacinal em todas as faixas etárias aptas à imunização, inclusive com o reforço nos casos indicados, é preciso considerar outros aspectos, como a sazonalidade de doenças respiratórias.
Isso porque a máscara, além da Covid-19, também permite a proteção frente a outros agentes infecciosos cuja transmissão ocorre pelas vias respiratórias.
Para Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a liberação do uso de máscara é precipitada, já que devem ser considerados os parâmetros de controle da doença globais.
“Nós ainda estamos em uma pandemia. Muitas pessoas continuam adoecendo, internadas e morrendo no mundo todo. A gente precisa sempre lembrar do conceito de pandemia que é essa interdependência global. A gente não pode olhar só o nosso Estado ou só o nosso país, porque algumas coisas que acontecem em outros locais, como, por exemplo, novas variantes, acabam impactando as nossas estratégias aqui no Estado e no Brasil”, destaca.
O professor da Ufes Etereldes Gonçalves Júnior, que integra o Núcleo Institucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) e analisa os dados da Covid-19 no Estado, ressalta que ainda não é tempo de flexibilizar já que o Espírito Santo registrou um crescimento expressivo do número de casos recentemente. Em janeiro deste ano, o Estado passou pela quarta onda da pandemia em função da variante Ômicron.
“Acho temerário liberar esse processo de flexibilização no Espírito Santo e acredito que isso ainda não vá ocorrer no Estado. Não custa nada você manter certas medidas de prevenção para evitar a contaminação. São medidas baratas em vista social e econômicas para o Estado. Abrir mão delas é uma bobagem”, avalia o professor.
Apesar de no Espírito Santo a cobertura vacinal estar um pouco mais adiantada, melhor que a média do Brasil, Ethel Maciel ressalta que ainda há um longo caminho para percorrer, já que a dose de reforço segue lenta e a vacinação nas crianças ainda tem uma cobertura baixa. Assim, populações que ainda são vulneráveis, ficam mais suscetíveis a terem a doença e a desenvolver um quadro grave, podendo morrer.
“O momento ideal para a flexibilização é quando estivermos com parâmetros de casos de óbitos muito baixos, o que nós não chegamos nele ainda, e com a pandemia controlada globalmente. Nós não estamos seguros para flexibilizar. Temos um vírus circulando de forma acelerada”, sustenta Ethel Maciel.
Para ela o uso da máscara é essencial e não deve deixar de ser uma medida de prevenção contra a Covid-19.
A especialista ainda pontua que há vários estudos comprovando que o uso da máscara diminui e muito a transmissão e a infecção da Covid-19.
"As pessoas se protegem tanto para transmitir quanto para serem infectadas. Espero que as pessoas continuem a usá-la, independentemente de estarmos em uma pandemia ou não, para proteger os outros, e se protegerem”, pontua.
* Com informações da Folhapress
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