Até o final de dezembro de 2020, pelo menos 500 pessoas no Espírito Santo devem perder a vida para a Covid-19. As projeções apontam ainda que, no mesmo período, cerca mais 22 mil pessoas podem ser contaminadas pela doença, que já infectou mais de 195 mil e provocou 4.349 óbitos no Estado.
Os cálculos foram feitos por Etereldes Gonçalves, membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) e professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele explica que a estimativa de casos já considera as aglomerações ocorridas em novembro, nas comemorações do segundo turno das eleições municipais .
No gráfico de casos da doença, ainda estamos subindo, com uma velocidade mais baixa porque a taxa de transmissão está caindo, ficando próximo de 1, o que indica que estamos desacelerando. O cenário provável é que, ainda no final de dezembro, vamos ter uma descida, uma redução de casos, explicou.
Ainda assim, no período, é provável que sejam registrados 500 óbitos. Essa projeção é considerando um cenário menos pessimista, porque se continuar subindo, tiver aumento de casos, o número de mortes pode ser ainda maior, acrescentou o professor.
A partir do final de setembro, com mais força em outubro, o comportamento da pandemia - que vinha registrando queda nos indicadores no Estado - mudou, com casos e óbitos voltando a apresentar crescimento. Ficamos em um platô por um período longo, até a curva voltar a subir a partir de outubro, relata Etereldes, acrescentando que, boa parte disso, foi em decorrência das aglomerações registradas nos feriados de setembro, de outubro e ainda devido ao período eleitoral, apontam os especialistas.
Atualmente, o cenário de desaceleração e até de descida da curva de casos e óbitos também pode mudar dependendo do comportamento da sociedade nas festas de fim de ano. O impacto delas será sentido nas estatísticas de janeiro, considerando uma margem de uma a duas semanas após as celebrações para as pessoas apresentarem os sintomas e terem a confirmação da doença.
Etereldes observa que o comportamento natural da Covid-19 pode mudar novamente. A transmissão da doença nas bolhas, dentro do ciclo familiar e de amigos próximos, tem uma velocidade menor, mas se você fura as bolhas, em grandes eventos, como os eventos políticos, festas de fim de ano, carnaval, certamente a propagação fica mais rápida, assinala.
Para a pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcomo, a mudança de comportamento neste final de ano é fundamental para o controle da pandemia. Destaca que não se pode esperar apenas a adoção de medidas restritivas impostas pelo governo: Não adianta só as autoridades determinarem o fechamento, que, a meu juízo, precisa haver, mas todos têm que colaborar para controlar a transmissão pandemia, que esta muito alta.
Ela ressalta ser necessária uma mudança de comportamento. Precisamos entender que estamos em um momento muito grave, em que podemos ter segunda onda ainda pior da doença se as festas de fim de ano não forem canceladas, se as pessoas não entenderem que este ano é diferente em nossas vidas, se as reuniões de Natal e Ano Novo não forem canceladas, celebrações que se fazem em dezembro, pondera.
Com informações de Diony Silva, repórter da TV Gazeta.
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