A retomada das atividades letivas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está marcada por uma série de dificuldades. Depois dos problemas relatados no ato da matrícula, alunos da área da Saúde agora afirmam que disciplinas não estão sendo ofertadas, contestando informação da instituição de que aulas seriam predominantemente no modelo Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte).
Em reportagem de A Gazeta desta quarta-feira (2), a pró-reitora de graduação, Claudia Maria Mendes Gontijo, ressaltou que a instituição criou uma oportunidade para que a parte teórica das disciplinas nos cursos de saúde pudesse ser oferecida remotamente. E que o ensino prático seria avaliado posteriormente, conforme o comportamento da pandemia da Covid-19.
O presidente do Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes (Damufes), Gabriel Cruz Santana, porém, explica que os cursos da área da saúde têm muitas aulas práticas e, por essa razão, nem todas as disciplinas são viáveis para serem aplicadas na nova modalidade de ensino.
São aulas em ambulatório com pacientes, ou em laboratórios, como a aula de anatomia com cadáveres, e que não há como transferir para o Earte. Também não são todas as matérias que estão sendo ofertadas, nem mesmo a maioria. É uma quantidade restrita, aponta.
Assim, segundo Gabriel Santana, algumas turmas não tiveram nenhuma disciplina, variando a oferta conforme o curso e o período.
Embora a Ufes tenha criado essa possibilidade de os professores de disciplinas teórico-práticas oferecerem primeiro a teoria, que é viável pelo ensino remoto, o presidente do Damufes esclarece que a medida não se aplica a todas as situações.
Para algumas matérias funcionarem, é necessária a associação da teoria com a prática. Por isso, mesmo havendo a possibilidade de separar, uma coisa depende de outra para acontecer; tem que ser simultâneo, afirma.
Gabriel Santana cita como exemplos a aula de anatomia e o atendimento ambulatorial e intra-hospitalar, com disciplinas nas áreas de pediatria e clínica médica, entre outras especialidades.
Aluno do segundo período de Fonoaudiologia, Lucas Paiva revela que, neste semestre, deixou de ser oferecida a disciplina de audiometria, que é prática, mas, em compensação, foi criada uma optativa de teleatendimento, numa forma de preparar as novas turmas para momentos como o atual, de assistência em saúde a distância. "De algum modo, eles se ajeitaram para que a gente não fosse muito prejudicado", avalia.
Nas redes sociais também houve várias manifestações, e a crítica estava mais evidente, como a de uma jovem que se identificou como estudante do 6º período de Odontologia. "Minha turma tem nenhuma aula do semestre regular do Earte." Outro diz que a turma dele do 8º período de Medicina "teve zero matérias ofertadas pelo ensino remoto." Uma aluna de Enfermagem ressalta que, das 34 horas semanais previstas do curso, só vai ter 10 horas de aulas.
Informada sobre as queixas dos estudantes nesta quinta-feira (3), a Ufes se posicionou em nota: "A Pró-Reitoria de Graduação da Ufes explica que, no semestre especial, estão sendo ofertadas disciplinas que se adequam ao modelo Earte, adotado pela universidade neste período de excepcionalidade provocado pela pandemia de Covid-19. A oferta de disciplinas poderá ser normalizada a partir do momento em que a universidade adotar o formato de ensino híbrido, com a convivência paralela do Earte com o ensino presencial, observando-se as devidas condições de segurança."
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