Embora possa parecer pequeno, um aumento de até 2,1°C está previsto para acontecer ao longo dos próximos 30 anos na região da Bacia do Rio Doce que fica no Espírito Santo. As consequências? Diversos problemas socioambientais, como secas prolongadas, com efeitos, inclusive, econômicos.
A mudança climática e os respectivos efeitos dela constam em um relatório divulgado pelo Painel Independente do Rio Doce, nessa terça-feira (21). A previsão é que doenças emergentes e racionamentos de água ocorram com mais frequência, alerta o texto, logo nas primeiras páginas.
A conclusão é de que as alterações no clima podem trazer maior ameaça aos sistemas naturais, às comunidades locais e até às empresas que atuam na bacia hidrográfica. Levado em consideração, um estudo da Fundação do Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam) elencou os dez principais prejuízos:
Embora um estudo equivalente não tenha sido feito com base no Espírito Santo, o relatório afirma que o regime climático e demais configurações ambientais sugerem um cenário semelhante no Estado. A principal diferença teria relação com os impactos extras previstos no litoral capixaba.
De acordo com estudiosos, a elevação do nível do mar deve afetar a foz do Rio Doce e suas áreas costeiras adjacentes, com risco iminente de inundações nas áreas urbanas e desencadeamento de processos erosivos na costa. Os danos poderiam ir além de Linhares e chegarem à cidade de São Mateus, por exemplo.
Responsáveis pelo estudo também ressaltam que os problemas devem representar desafios significativamente maiores para a região, que ainda tenta se recuperar do rompimento da barragem da Samarco, localizada em Fundão (MG), em novembro de 2015, que despejou toneladas de minérios no leito do Rio Doce.
Nesse sentido, o relatório também defende a revisão dos programas de recuperação implementados pela Fundação Renova, criada para comandar os trabalhos de reparação de danos causados pelo rompimento da barragem. Dos 42 projetos estabelecidos, 23 estariam ameaçados.
As secas, por exemplo, podem ter um forte efeito na sobrevivência das mudas usadas para a recuperação da vegetação. Ao mesmo tempo em que ameaçam a sobrevivência das árvores. Além de prejudicar a produtividade dos sistemas agroflorestais e de rotação de pastagens, alertou o texto.
A Gazeta entrou em contato com a Fundação Renova para saber o que será feito em relação aos programas que estariam ameaçados pelas mudanças climáticas. Veja a resposta abaixo.
"A Fundação Renova informa que o Painel Independente de Assessoramento Científico e Técnico (ISTAP, na sigla em inglês) faz parte de uma parceria entre a entidade e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), firmada em virtude da complexidade, escala e ineditismo do rompimento da barragem de Fundão. Coordenado pela IUCN, o Painel tem caráter técnico, independente e multidisciplinar, e reúne recomendações em diferentes níveis.
Importante ressaltar que as recomendações feitas pelo Painel do Rio Doce envolvem a reparação de forma ampliada e estão direcionadas a todos os atores que participam da governança, como o poder público nas esferas federal, estadual e municipal em suas várias áreas de atuação, autarquias, órgãos ambientais, reguladores e outros dentre as mais de 70 entidades que compõem este processo.
A parceria entre a Fundação Renova e a IUCN faz parte do envolvimento de mais de 25 universidades, ONGs e outras instituições na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem."
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