Pelo menos 875 mortes foram evitadas devido à quarentena no Espírito Santo, aponta a nota técnica do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) que foi divulgada nesta quinta-feira (29). Além disso, milhares de pessoas deixaram de ser infectadas pelo novo coronavírus e, desta forma, 41.646 casos não foram registrados.
Os números são resultados da diferença entre a projeção feita para as três semanas epidemiológicas compreendidas entre 28 de março e 17 de abril e o que, de fato, foi verificado no período. Em cima desse valor, foi aplicada a taxa de letalidade da doença, que era de 2,1% no dia 23 de abril, data em que os dados foram coletados.
Anunciada em 16 de março deste ano pelo governador Renato Casagrande, a quarentena passou a ser adotada em todo o território capixaba dois dias depois devido à taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que havia superado os 90% – nível considerado crítico na matriz de risco adotada pelo governo do Estado.
Isso significa que o estudo fez a projeção para a última semana da quarentena e as duas subsequentes. Para o cálculo, os pesquisadores consideraram que a Covid-19 cresceria de forma linear e calcularam a média de crescimento entre 20 de fevereiro e 27 de março, portanto já na terceira onda da pandemia no Espírito Santo, que era de 22,8%.
"É um cálculo muito conservador, porque a doença cresce de forma exponencial. Nós não utilizamos a taxa de transmissão (RT), porque ainda não temos dados consolidados para fazer as estimativas no modelo matemático", explicou Pablo Lira, diretor de integração e projetos especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Em outras palavras, isso significa que o número de mortes evitadas provavelmente é ainda maior. "A gente vê que há uma inflexão na semana epidemiológica 13, provavelmente um desdobramento das estratégias adotadas no Estado. Tanto as medidas do risco extremo, quanto a expansão dos leitos hospitalares", afirmou Pablo.
Diretor-presidente do IJSN, Daniel Cerqueira destacou que o possível colapso no sistema de saúde não foi considerado. "Se o número de casos tivesse aumentado como na projeção, haveria um excesso de demanda. Ou seja, mais gente do que vagas. Se isso ocorresse, esse grupo teria uma taxa de letalidade maior".
"Por todas essas razões, acreditamos que esse número de 875 mortes evitadas está subestimado. Ainda assim, se esses cálculos estiverem corretos, estamos falando de uma política que evitou uma tragédia equivalente a dois ou três acidentes aéreos de Boeing 777", ressaltou Daniel, durante a apresentação do estudo.
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