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Estudo usa carvão de laranjeira para tratar esgoto em Jerônimo Monteiro

Estudo usa carvão de laranjeira para tratar esgoto em Jerônimo Monteiro

A pesquisa analisa o uso do biocarvão proveniente da árvore frutífera para filtragem de efluentes e tem protótipos instalados no Saae do município; resultados são promissores e animadores

Publicado em 4 de junho de 2024 às 15:05

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Sara Oliveira
Repórter / [email protected]

No Sul do Espírito Santo, pesquisadores foram "além" do reconhecimento de Jerônimo Monteiro como “Terra da Laranja”. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está investigando o uso de carvão proveniente de laranjeiras para o trato do esgoto sanitário no município. A ideia é possibilitar um tratamento mais eficiente e de menor custo do efluente, antes que ele seja descartado no meio ambiente.

A pesquisa é feita pelo programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da USP, em parceria com o Laboratório Multiusuário de Energia da Biomassa da Ufes, e faz parte da tese de doutorado da pesquisadora Iara Nobre Carmona. Protótipos para os testes foram instalados na estação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Jerônimo Monteiro.

“Como o laboratório trabalha diretamente com reaproveitamento de resíduos, pensamos em trabalhar em diferentes linhas de beneficiamento dos resíduos da madeira de laranjeira [...] Encontrei diversos trabalhos científicos com utilização de biocarvões de diferentes resíduos em 'wetlands' construídos, mas nada com resíduo de madeira de laranjeira utilizado nesse tipo de sistema”, explica a pesquisadora Iara Nobre Carmona.

Carvões de laranjeira são estudados para tratar esgoto no Sul do ES
Protótipos instalados na estação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Jerônimo Monteiro. ( Iara Nobre Carmona. )

Como funciona?

Na pesquisa, que está em fase final, o biocarvão é utilizado para alimentar um sistema de filtragem adaptado. Esse carvão vegetal, feito da madeira residual da laranjeira, é colocado em um “wetland”, sistema presente em vários países que utiliza vegetação, substrato e microrganismos para purificar os efluentes.

A diferença do projeto realizado em Jerônimo Monteiro é o tipo de material utilizado dentro do sistema: ao invés de usar apenas itens como o cascalho e a areia, que são mais comuns, a pesquisa testa o carvão de laranjeira como meio filtrante na camada principal.

Aspas de citação

É um sistema de baixo custo e de fácil reprodução, então pode ser facilmente replicado, inclusive por produtores rurais no futuro

Ananias Francisco Dias Júnior
Professor e orientador
Aspas de citação
Carvões de laranjeira são estudados para tratar esgoto no Sul do ES
Ilustração do sistema “wetland”, utilizado na pesquisa com carvão de laranjeiras. (Iara Nobre Carmona)

Resultados são positivos

Os resultados da pesquisa, que tem previsão de ser encerrada em dezembro, são animadores. Foi identificado que o sistema foi capaz de reduzir significativamente impurezas como sólidos sedimentáveis, turbidez, nitrogênio, fósforo e oxigênio consumido do esgoto sanitário, que são parâmetros utilizados para avaliar a qualidade do efluente.

Essa é uma preocupação nas estações de tratamento porque, antes de descartar o esgoto que sai das casas, comércios e indústrias, uma série de processos precisam ser realizados para diminuir a carga poluidora do efluente. Os procedimentos são necessários para que, quando o esgoto for descartado, não provoque prejuízos ao meio ambiente.

De acordo com os pesquisadores do estudo em Jerônimo Monteiro, os resultados encontrados atendem aos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de água.

Além do Saae de Jerônimo Monteiro, o estudo tem parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal. A ideia é que os resultados contribuam para políticas públicas de qualidade de água e, futuramente, se discuta, inclusive, a ampliação do uso do carvão de laranjeira para diferentes tipos de filtros.

“Dentro do programa, a gente tem uma filosofia de impactar as tomadas de decisões, com estudos que tenham um impacto imediato na sociedade. A gente acredita que esse estudo pode contribuir para a melhoria do tratamento de esgoto e para a qualidade da água e que, futuramente, a gente consiga replicar isso em outros projetos”, finaliza o professor Ananias.

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