Primeiro capixaba a ser eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), o secretário Vitor de Angelo vai assumir o cargo em um momento bastante desafiador para o ensino público brasileiro que mesmo antes da pandemia do novo coronavírus já enfrentava enormes desafios.
Com base nos problemas do presente e de olho no futuro próximo, com a posse em fevereiro de 2021, ele listou as principais vertentes que precisarão ser trabalhadas em todo o país, em maior ou menor nível, pelos próximos anos: o acesso à tecnologia, a evasão escolar e o prejuízo no processo de aprendizagem.
De acordo com ele, os problemas relacionados à tecnologia passam pela cultura digital, pelo acesso e chegam até os equipamentos propriamente ditos fatores muito importantes para o ensino remoto, que foi amplamente aderido neste ano e que, por si só, acarretou déficits no processo de aprendizado.
"Por mais que as redes municipais e estaduais tenham se esforçado, nós não substituímos as escolas com o que implementamos. Chegamos o mais perto possível dentro do que tínhamos à nossa disposição, mas isso não contempla o todo. Não passamos das escolas ao ensino remoto como se nada tivesse acontecido", afirmou.
Consequentemente, o vínculo do aluno com a escola ficou mais frágil, igual à situação financeira de milhares de famílias. O resultado? Uma maior evasão. "O lapso de tempo tão grande de escolas fechadas e a crise econômica levam muitos jovens para o mercado de trabalho, que concorre com a escola", disse Vitor de Angelo.
Segundo ele, só o Espírito Santo tinha cerca de 25 mil jovens em idade escolar que não estavam matriculados no Ensino Médio. "Tudo indica que esse número aumentará. O trabalho, normalmente precário e informal, concorre com a vida escolar e normalmente vence essa disputa. Nós já sabemos disso", adiantou.
Ciente dos cenários atual e futuro quando apresentou a candidatura à presidência do Consed, o secretário Vitor de Angelo propôs a "Frente de Trabalho Especial para Tratar o Pós-pandemia". O objetivo é compartilhar e coordenar as soluções para todos esses e outros problemas iminentes à educação.
"É especial porque acho que é transitória. A ideia é criar uma frente que vai, de uma forma transversal, coordenar uma agenda com a identificação dos principais problemas, das principais consequências da pandemia e, diante disso, do que nós podemos fazer em termos de políticas públicas", esclareceu.
Como possíveis soluções, ele citou atitudes que já são ou que devem ser adotadas no Espírito Santo, tais como a extensão da carga horária, a criação de um quarto ano para o Ensino Médio, aulas de reforço e um programa de busca ativa de alunos. "Mas tudo isso depende da realidade de cada Estado", garantiu.
"Quais contribuições o ES pode dar e quais pode receber? Também há várias organizações dispostas a ajudar. É preciso ver até que medida é possível homogeneizar e como o Ministério da Educação (MEC) pode nos ajudar nesse desafio, que é enorme e de todos. Tudo isso vai ser o ponto de partida para nós no ano que vem", concluiu.
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