O ex-policial militar do Espírito Santo e ex-assessor parlamentar Walter Matias Lopes voltou a ser preso na última quarta-feira (28) após a Justiça entender que ele descumpriu medidas judiciais e colocou em risco a ex-mulher, que o denunciou por violência doméstica. Após a prisão, a juiza Brunella Faustini Baglioli marcou uma audiência de custódia para a próxima segunda-feira (3), o que deve definir os próximos procedimentos a serem adotados com o ex-policial, que está na Penitenciária de Segurança Média 1, em Viana.
Algumas medidas foram determinadas pela juíza que trata do caso desde o início da investigação. Segundo a magistrada, a conduta de Walter é "reprovável" e demonstra um "padrão de comportamento violento e voltado à prática de violência contra mulheres".
O que citou a juíza Brunella Faustini Baglioli:
A juíza determinou ainda que o ex-PM comparecesse obrigatoriamente a todos encontros do "Grupo Reflexivo Homem que é Homem", promovido pela Polícia Civil. A ordem era para que frequentasse o projeto a partir de outubro de 2022. O ex-PM, no entanto, foi questionado pouco tempo depois por qual motivo não estava comparecendo aos encontros.
O "Homem que é Homem" é um projeto de reflexão e responsabilização para homens autores de violência doméstica familiar desenvolvido pela Polícia Civil e tem por objetivo contribuir para a redução do índice de reincidência de violência doméstica. O programa foi criado em 2015 e conta com uma equipe psicossocial.
No processo contra Walter, a juíza ainda informa que foi necessário conceder à vítima, como medida complementar, um dispositivo de segurança preventiva, o chamado “Botão do Pânico”.
Walter Matias Lopes já foi soldado da Polícia Militar do Espírito Santo. Ele também atuou como assessor parlamentar no Estado. Em 2017, ele foi um dos principais líderes da greve da corporação. Foram 21 dias de paralisação por reivindicações. No período, 225 pessoas morreram em decorrência da crise na segurança pública.
Em março de 2017, Matias foi preso durante a operação "Protocolo Fantasma", que prendeu outras três pessoas que participaram da articulação do movimento. Em junho do mesmo ano, ele foi denunciado pelo Ministério do Público do Espírito Santo por atuar no movimento.
"Matias", como é mais conhecido, acabou sendo condenado pelo crime. Na decisão, a juíza classificou que a atuação dele "não se tratou de mero exercício da liberdade de expressão, mas, sim, de verdadeira convocação dos militares para o aquartelamento e, também, de associação criminosa". Ele foi condenado a quatro anos e três meses de reclusão em regime semiaberto.
A reportagem de A Gazeta procurou a defesa de Walter Matias, feita pelo advogado Jamilson Monteiro, que informou o desejo de não se manifestar neste momento. Apesar da ausência de um posicionamento, a reportagem apurou que houve um pedido por parte da defesa para que a prisão preventiva fosse revogada. A juíza, porém, negou o pedido e manteve o ex-PM preso.
A reportagem de A Gazeta tenta contato com a defesa da mulher vítima de violência.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta