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Ex-PM envolvido na greve de 2017 é preso em investigação de violência contra mulher

Ex-PM envolvido na greve de 2017 é preso em investigação de violência contra mulher

Walter Matias Lopes foi denunciado pela ex-mulher por violência doméstica. Após a prisão, a juíza marcou uma audiência de custódia para a próxima segunda-feira (3)

Publicado em 30 de junho de 2023 às 15:52

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O ex-policial militar e ex-assessor parlamentar Walter Matias Lopes
O ex-policial militar e ex-assessor parlamentar Walter Matias Lopes foi preso novamente, desta vez por descumprimento de medidas judiciais. (Carlos Alberto Silva)

O ex-policial militar do Espírito Santo e ex-assessor parlamentar Walter Matias Lopes voltou a ser preso na última quarta-feira (28) após a Justiça entender que ele descumpriu medidas judiciais e colocou em risco a ex-mulher, que o denunciou por violência doméstica. Após a prisão, a juiza Brunella Faustini Baglioli marcou uma audiência de custódia para a próxima segunda-feira (3), o que deve definir os próximos procedimentos a serem adotados com o ex-policial, que está na Penitenciária de Segurança Média 1, em Viana.

Ex-PM envolvido na greve de 2017 é preso em investigação de violência contra mulher

Algumas medidas foram determinadas pela juíza que trata do caso desde o início da investigação. Segundo a magistrada, a conduta de Walter é "reprovável" e demonstra um "padrão de comportamento violento e voltado à prática de violência contra mulheres".

Aspas de citação

As constantes notícias de descumprimento demonstram a ausência de intenção por sua parte de cessar a violência contra a vítima. Muito pelo contrário. Opta por mantê-la, de forma ofensiva, violenta e arrogante

Brunella Faustini Baglioli
Juíza do caso
Aspas de citação

O que citou a juíza Brunella Faustini Baglioli:

  • "[...] ao longo da vigência das medidas, diversas foram as situações de descumprimento, ocasionando a lavratura de novos boletins unificados [...]"
  • "O Requerido apresenta comportamento instável e violento de forma contínua, em desrespeito às normas legais e às determinações emanadas deste Juízo"
  • "A conduta do Requerido ao longo do processo é reprovável. As constantes notícias de descumprimento demonstram a ausência de intenção por sua parte de cessar a violência contra a vítima. Muito pelo contrário. Opta por mantê-la, de forma ofensiva, violenta e arrogante"
  • "Ressalto que o Requerido possui histórico de violência doméstica envolvendo ao menos outras duas vítimas. Não se trata de um caso isolado, mas sim de um padrão de comportamento violento e voltado à prática de violência contra mulheres"
  • "Suas atitudes demonstram, de forma evidente, a violência doméstica vivenciada pela vítima e o perigo que representa em liberdade, restando claro que os motivos ensejadores da prisão preventiva se mantém, sendo necessários para garantia da ordem pública, aplicação da lei penal, garantia da instrução criminal e, especialmente, garantia da integridade física e emocional da vítima."

A juíza determinou ainda que o ex-PM comparecesse obrigatoriamente a todos encontros do "Grupo Reflexivo Homem que é Homem", promovido pela Polícia Civil. A ordem era para que frequentasse o projeto a partir de outubro de 2022. O ex-PM, no entanto, foi questionado pouco tempo depois por qual motivo não estava comparecendo aos encontros.

O "Homem que é Homem" é um projeto de reflexão e responsabilização para homens autores de violência doméstica familiar desenvolvido pela Polícia Civil e tem por objetivo contribuir para a redução do índice de reincidência de violência doméstica. O programa foi criado em 2015 e conta com uma equipe psicossocial.

No processo contra Walter, a juíza ainda informa que foi necessário conceder à vítima, como medida complementar, um dispositivo de segurança preventiva, o chamado “Botão do Pânico”.

Walter foi preso em 2017 por participação na greve da polícia

Walter Matias Lopes já foi soldado da Polícia Militar do Espírito Santo. Ele também atuou como assessor parlamentar no Estado. Em 2017, ele foi um dos principais líderes da greve da corporação. Foram 21 dias de paralisação por reivindicações. No período, 225 pessoas morreram em decorrência da crise na segurança pública.

Mulheres de policiais militares ocupam entrada do QCG de Maruípe durante a greve de fevereiro de 2017
Mulheres de policiais militares ocupaaram a entrada do QCG de Maruípe durante a greve em fevereiro de 2017. (Arquivo/AG)

Em março de 2017, Matias foi preso durante a operação "Protocolo Fantasma", que prendeu outras três pessoas que participaram da articulação do movimento. Em junho do mesmo ano, ele foi denunciado pelo Ministério do Público do Espírito Santo por atuar no movimento.

"Matias", como é mais conhecido, acabou sendo condenado pelo crime. Na decisão, a juíza classificou que a atuação dele "não se tratou de mero exercício da liberdade de expressão, mas, sim, de verdadeira convocação dos militares para o aquartelamento e, também, de associação criminosa". Ele foi condenado a quatro anos e três meses de reclusão em regime semiaberto.

O que diz a defesa

A reportagem de A Gazeta procurou a defesa de Walter Matias, feita pelo advogado Jamilson Monteiro, que informou o desejo de não se manifestar neste momento. Apesar da ausência de um posicionamento, a reportagem apurou que houve um pedido por parte da defesa para que a prisão preventiva fosse revogada. A juíza, porém, negou o pedido e manteve o ex-PM preso.

O que diz a acusação

A reportagem de A Gazeta tenta contato com a defesa da mulher vítima de violência.

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