Moradores de Joana D'Arc e Resistência, em Vitória, reclamam dos transtornos causados por explosões realizadas pelo Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar, em regiões próximas. Pelo menos três fortes estrondos na tarde dessa quinta-feira (20) foram sentidos na região, acompanhados de muita fumaça e tremores – o barulho foi tão alto que alcançou até bairros distantes, como Mata da Praia e República.
Em entrevista ao site A Gazeta, o vice-líder comunitário de Joana D'Arc, Clério Monteiro, disse que os sustos são recorrentes, devido à intensidade das explosões. De acordo com ele, as crianças e os idosos costumam ser os mais afetados. O morador pediu também para que haja um maior diálogo com quem vive no bairro.
"Esse tipo de ação da PM tá insustentável dentro da comunidade. Agora, abalou até a escola de Resistência e a Ufes. São umas bombas fora do normal. Já caiu sinalizador em cima de casa de morador, quase colocou fogo na casa. Pedimos um pouco mais de consideração, respeito, porque parece uma bomba que está explodindo o mundo", criticou.
A funcionária pública aposentada e moradora de Resistência, Joana Nogueira, afirmou ainda que essa não é a primeira vez que os estrondos provocam pânico na comunidade. Ela contou, inclusive, que uma escola municipal do bairro chegou a chamar a polícia nesta quinta, acreditando que pudesse ser um atentado extremista.
"Tenho um sobrinho nessa escola e a diretora contou que todo mundo ficou desesperado. As crianças choraram muito, sem entender o que tinha acontecido. Acharam que era alguém querendo fazer o mal. Pensamos logo no pior. Foi muito alto, era um barulho de algo sendo destruído. Bem pior do que uma batida de carro", afirmou.
A Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Seme), informou que servidores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Rita de Cássia perceberam um estrondo alto acompanhado de forte vibração nas janelas. Após constatar que o barulho era externo à EMEF, alguns estudantes foram tranquilizados e a rotina foi normalizada.
Inicialmente, durante a tarde, acreditou-se que a explosão pudesse ter acontecido dentro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus de Goiabeiras. A situação teve repercussão nas redes sociais. Veja alguns posts:
Por nota, a Ufes confirmou que os tremores foram sentidos, mas destacou que nada foi identificado pela Diretoria de Segurança e Logística (DSL) da universidade. A instituição disse ainda que a equipe de segurança não foi acionada por nenhum membro da comunidade universitária.
Demandada pela reportagem ainda na quinta-feira, somente nesta sexta (21) a Polícia Militar esclareceu que no fim da tarde dessa quinta (20), atendendo uma solicitação da Polícia Civil, fez a desativação de aproximadamente 30 kg de carga explosiva (Pyroblast). Se tratava de um material apreendido.
Foram feitas duas detonações, a primeira às 16h30min, seguida por outra às 17h.
Ainda segundo a PM, seguindo protocolos de segurança, a Pedreira de Vitória é o local indicado, pois sua geografia a torna um contentor natural, considerando à energia liberada durante a detonação dos 30kg, sem oferecer riscos aos operadores e a nenhum outro cidadão.
Já a Polícia Civil, esclarece que a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), realizou a apreensão de fragmentadores de rocha e acendedores, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, realizada em dezembro do ano passado. A apreensão faz parte de uma investigação em andamento que apura a comercialização e armazenamento ilegal de explosivos.
Na quinta-feira (20), saiu a ordem judicial com autorização da destruição do material apreendido, razão pela qual foi acionado o Batalhão de Missões Especiais (BME) para realizar a detonação. O material foi detonado e os vestígios foram recolhidos pela perícia criminal para a confecção do laudo pericial.
Em julho de 2021, um outro treinamento da PM assustou moradores nas imediações do Parque Botânico da Vale, em Jardim Camburi, também na Capital. Segundo a corporação, "alguns barulhos não rotineiros foram causados e puderam ser escutados na região".
"O ciclo de instrução é um projeto da Gestão Estratégica do Comando de Cia e tem por escopo levar conhecimento acadêmico e principalmente o profissional ao efetivo. Quando melhores instruídos, os militares sentem que o desafio diário se torna mais leve e dinâmico, além de fazer com que os valores e preceitos institucionais do binômio capitação-resposta operacional seja linear e em tempo real", disseram, na época.
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