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Facção do ES tem cartilha com regras de conduta para criminosos

Facção do ES tem cartilha com regras de conduta para criminosos

Para fazer parte do Primeiro Comando de Vitória (PCV), é preciso seguir uma cartilha com 31 regras de conduta. Documento foi descoberto durante investigação do Ministério Publico Estadual

Publicado em 21 de julho de 2021 às 12:37

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Cartilha do PCV
Cartilha do PCV: criminosos seguiam código de conduta da facção. (Ministério Público/Divulgação)

Respeitar a hierarquia, não faltar às reuniões do grupo e até pagar por proteção. Para fazer parte do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção criminosa que atua no Estado, é preciso seguir uma cartilha com 31 regras de conduta. 

A cartilha está entre os documentos levantados pelo Ministério Público sobre a organização criminosa. Apesar de ter nascido no Bairro da Penha, em Vitória, a facção possui ramificações em todas as cidades da região metropolitana e também no interior do Estado, como Aracruz. 

As investigações sobre a facção levaram o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) a realizar, na manhã da última segunda-feira (19), a Operação Armistício, com o objetivo de cumprir 37 mandados de prisão, sendo nove deles contra advogados.

ORGANIZAÇÃO

No item 1 da cartilha de conduta do PCV, está a definição do grupo. "Somos uma organização criminosa e pregamos a paz, justiça e liberdade e união. Fazemos parte de um movimento carcerário diferente, onde um irmão jamais deixará outro irmão sobre o peso da mão do opressor", diz o documento. 

Já no item 5 da cartilha, há um alerta sobre o que pode acontecer com quem mata sem a permissão do grupo. "O comando prega a paz e toda a morte sem a ciência do comando, seja irmão ou companheiro, será cobrado severamente". 

PAGAMENTO POR PROTEÇÃO

Além de responsabilizações e submissão ao que prega a cartilha, o conjunto de regras também pontua valores de matrículas e mensalidades que devem ser pagos à facção para fazer parte dela.   

Para se "matricular",  o valor cobrado era de R$ 50. Já para ter a comunidade "cadastrada" no PCV, o valor de referência era de R$ 500. Em troca, teria o que é chamado no documento de "proteção", mas nada mais é que apoio de criminosos armados para enfrentamento contra grupos rivais. 

No código de conduta, há no item 18 o dever de respeitar moradores e a não aceitação de ladrões na comunidade, os quais seriam punidos com violência, mas não mortos.  A cartilha também normatiza que o integrante do PCV deve comparecer às reuniões quando marcadas, inclusive sugerindo advertências caso houver falta. 

No documento, porém, não é citado nada em relação aos valores de divisão de lucros ou como funciona o tráfico de drogas e armas. O foco é o comportamento dos indivíduos que estão na base da facção e a necessidade de manter-se a hierarquia intacta, como fica explicado no item 26: "A hierarquia do comando deve ser seguida a risca". 

MENSAGENS

O documento demonstra ainda que a hierarquia era mantida inclusive na execução de crimes, uma vez que partiam de dentro dos presídio as ordens e permissões para agir. A comunicação entre as lideranças do PCV que estão presas e os responsáveis pelo gerenciamento do grupo acontecia, em sua maioria, por intermédio de advogados, de acordo com denúncia do Ministério Público. 

Segundo o Ministério Público, a comunicação ocorria por bilhetes escritos à mão, bloco de notas no celular, mensagens de áudio e até videochamadas com o celular do advogado.

Os recados eram chamados pela organização criminosa de "catuques". No conteúdo dessas mensagens, estavam ordem ou permissão para assassinatos e queima de ônibus, como também a contabilidades do tráfico de drogas e armas.

Em um desses levantamentos, há uma chamada de vídeo entre Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, 29 anos, atualmente o único líder do PCV ainda em liberdade, e Carlos Alberto Furtado, o Beto, um dos comandantes do PCV que está preso. O aparelho usado para a videoconferência seria da advogada Chayene Evelyn Carvalho Moraes, segundo as apurações do Ministério Público.

Na manhã de segunda-feira (19), cinco membros presos da facção criminosa PCV foram transferidos do sistema prisional capixaba para um presídio federal. São eles:

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