Ao contrário do que diz um áudio popular que circula nas redes sociais, sugerindo que médicos indicam bebidas destiladas como vodka e uísque para eliminar o coronavírus do organismo, especialistas explicam por que bebidas alcoólicas não têm eficácia para destruir o vírus na garganta. No áudio em questão, uma mulher afirma que em uma casa com cinco pessoas, apenas a que não consumia álcool foi infectada pela Covid-19.
A informação é fake, da mesma forma que ingerir desinfetante não ajuda no tratamento da Covid-19 - o produto de limpeza foi indicado pelo presidente norte-americano Donald Trump no início da pandemia do novo coronavírus, o consumo de álcool em teor muito elevado, pode ser um risco ao organismo. De acordo com a médica infectologista Rúbia Miossi, mesmo se o teor da bebida fosse 70%, não teria eficácia e ainda causaria intoxicação grave. "A intoxicação por etanol é grave e pode levar até à morte", disse.
Segundo ela, consumir uísque ou vodka para combater o vírus não tem fundamento algum. "É só verificar a graduação alcoólica da bebida pra ver que não chega perto da graduação do álcool 70%. Por razões simples, álcool a 70% intoxica se for ingerido. Outro fator é que o álcool 70% funciona como antisséptico se friccionado nas mãos e superfícies, e, por outro lado, sem essa ação de friccionar, não funciona", explicou.
Para a especialista, alguns dos áudios que circulam no Whatsapp podem ter surgido a partir de brincadeiras. "É tipo a piadinha que: se passar álcool na mão funciona, imagina bebendo! Então pessoas pouco instruídas podem de fato acreditar na piada e aí a desinformação circula. E é absurdo incentivar isso, algumas pessoas, pelas posições que ocupam, têm fé pública e o que compartilham é meio que 'verdade absoluta', aí a coisa fica difícil", afirmou.
O infectologista Lauro Ferreira Pinto também esclarece que não faz sentido tomar bebida alcoólica com a finalidade de eliminar o vírus. "Claro que não tem fundamento tomar álcool para matar o vírus. Esse tipo de informação circulou na pandemia da gripe espanhola em 1918. Tinha médico dos Estados Unido que achava que tomar vodka deixava a pessoa mais protegida, mas não tem razão nenhuma, assim como tomar desinfetante. Isso porque o vírus, tão logo penetra na célula, não fica exposto a nenhum tipo de ação do meio externo", iniciou.
De acordo com ele, qualquer quantidade de álcool, para ter ação agressiva contra o vírus, seria tóxica para qualquer pessoa que se dispusesse a ingeri-la. "Mesmo se o teor fosse 70% em uma bebida destilada, não teria eficácia no organismo, ela iria para o estômago, seria absorvida e metabolizada", concluiu.
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