A Polícia Civil deflagrou uma operação contra uma quadrilha interestadual que falsificava cervejas na Grande Vitória. O esquema consistia em colocar a rotulagem de cervejas tradicionais em uma cerveja desconhecida dos capixabas, que era comprada a R$ 1,20 a unidade, em Londrina, no Paraná. O delegado responsável pela ação, Eduardo Passamani, dá dicas de como identificar se a bebida é falsa.
1. Se atente ao preço da cerveja: ainda que vendida acima do valor de R$ 1,20, a bebida pode ser comercializada por um valor abaixo da média, para se tornar mais atrativa no mercado.
2. Apure o sabor: se a cerveja possui um gosto diferente daquela consumida frequentemente, pode ser um sinal de que na garrafa há outro produto que não o original.
3. Nota fiscal: no caso dos donos dos estabelecimentos, é importante pedir a nota fiscal do produto. As investigações apontam que as cervejas vendidas pela quadrilha eram comercializadas sem documentação. Sem lastro financeiro, o comprador também pode ser responsabilizado.
Em caso de desconfiança, o consumidor pode entrar em contato com a Delegacia Especializada da Defesa do Consumidor (Decon) ou pelo Disque-Denúncia da Polícia Civil, telefone 181 e site disquedenuncia181.es.gov.br.
A polícia constatou que o galpão, em Novo México, Vila Velha, onde as cervejas eram manuseadas, estava em condições totalmente insalubres.
“As fotos mostram que as garrafas eram lavadas em tanques, caixas d’água. O local era cheio de lixo, porque era feita a raspagem dos rótulos. A rotulagem era raspada, jogada no chão”, contou Eduardo Passamani.
O delegado explicou que risco de contaminação existe a partir do momento em que a garrafa é aberta sem nenhuma condição sanitária, como a quadrilha fazia no galpão em Novo México. “Isso pode gerar risco à saúde do consumidor. Foram coletadas amostras para serem encaminhadas ao laboratório da Polícia civil e o Lacen (Laboratório Central da Secretaria de Estado da Saúde).
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra como era feita a adulteração das cervejas falsificadas apreendidas em um galpão de Vila Velha. Durante a ação, oito pessoas foram presas. Além das prisões, foram apreendidas quase 30 mil garrafas de cerveja que estavam chegando para serem adulteradas, além de mais de 2 mil garrafas de cerveja já falsificadas e prontas para venda.
Na gravação, é possível observar o processo para falsificação do rótulo. O criminoso tira a tampa da cerveja de preço mais barato com uma ferramenta e troca por outra, de uma marca tradicional do mercado capixaba. Em seguida, o indivíduo usa uma cola para trocar os rótulos das garrafas.
A operação foi feita a partir do cumprimento de mandado de prisão expedido pela 6ª Vara Criminal de Vila Velha. As cervejas que, segundo o delegado Eduardo Passamani, titular da Decon, eram de marcas tradicionais e vítimas do crime, estavam dentro de um caminhão.
“Durante as diligências, localizamos duas mil garrafas já falsificadas e pontas para venda. No local, também foram apreendidos materiais para falsificação, como rótulos, tampas, colas e lacres. Eles estavam usando falsificações de marcas tradicionais e bastante conhecidas”, contou o delegado.
De acordo com Passamani, a investigação durou alguns meses e chegou até o galpão onde estavam sendo armazenadas as cervejas adulteradas. Os criminosos compravam a cerveja, de uma marca desconhecida dos capixabas, a preços baratos — cerca de R$ 1,20 por garrafa — na cidade de Londrina, no Paraná, e traziam para o Espírito Santo.
"Quando ela chegava no galpão, ela era espalhada, existia uma série de trabalhadores que faziam a adulteração deste produto. Esse produto era mudado o rótulo, era lavado e eram colocadas duas marcas tradicionais. Depois que era embalado, limpo, era colocado no mercado capixaba e distribuído", disse.
Passamani pontuou que ainda não se sabe para onde essas cervejas adulteradas eram distribuídas, mas ele acredita que em torno de 120 mil garrafas adulteradas por mês saíam do galpão e entravam no mercado capixaba. Os dois mentores da quadrilha, que já foram identificados conforme informou o delegado, moram no Rio de Janeiro, mas são do Rio Grande do Sul e do Tocantins. O primeiro, inclusive, já foi preso no Espírito Santo por envolvimento com formação de quadrilha e relação de consumo. Os outros trabalhadores eram captados fora do Estado e apenas o motorista do caminhão era capixaba.
A reportagem tenta contato com a Ambev e a Cerveja Acerta, vítimas do esquema de falsificação de cerveja, e, assim que houver retorno, este texto será atualizado.
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