Como se já não bastasse o momento de fragilidade em que a família e o paciente internado por Covid-19 passam, um falso médico tem abordado essas pessoas pedindo dinheiro para a realização de exames em pacientes internados no Hospital Estadual Vila Velha - Dr. Nilton de Barros. O caso foi denunciado à reportagem de A Gazeta por uma mulher que ajuda uma família de Água Doce do Norte, na Região Noroeste do Estado. A direção da unidade afirma que se trata de um golpe.
A empresária, que preferiu manter o anonimato, contou em entrevista como é feito o primeiro contato do suposto médico. "Ontem (13) pela manhã um médico ligou falando do estado de saúde da dona Maria, que mora em Água Doce, e que ela precisaria passar por duas tomografias. Ele pediu que a gente depositasse um valor de R$ 1.200 porque o plano de saúde não estava cobrindo", detalhou. O nome completo da paciente não será revelado nesta matéria para preservar a identidade dela.
A empresária mora na Região Metropolitana e informou para o suposto médico que iria entrar em contato com a família da paciente, que ela conhece e está ajudando, já que eles moram no interior do Estado. "Assim que ele desligou, uma assistente social entrou em contato dizendo que, se alguém ligasse pedindo dinheiro, não era para dar porque o SUS ia arcar com tudo", explicou a mulher.
O homem, que se identificou como "Doutor Guilherme" também entrou em contato com o marido da empresária cobrando o depósito bancário. Ele chegou a mandar uma foto — aparentemente retirada da internet — dizendo que um exame já havia sido feito.
"Ele mandou isso para o meu esposo, mas meu esposo não atendeu ele. É complicado. Tem que ver como a pessoa está tendo acesso à ficha do paciente, deve ser lá de dentro. Alguém está passando para ele ligar. Tem que investigar isso aí", cobrou a empresária.
Acionada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou em nota que a direção do Hospital Estadual Vila Velha - Dr. Nilton de Barros, reforçou que todo atendimento realizado na unidade é por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e que não há cobrança para nenhum tipo de serviço ou procedimento.
A direção também disse que já recebeu queixa de cinco famílias referente a ligação de um homem se passando por médico do hospital e solicitando pagamento para realização de procedimento urgente.
"Após o recebimento da denúncia, a equipe de assistência social entrou em contato com todos os familiares de pacientes internados na unidade informando sobre o golpe e reforçando a informação de que não há cobrança para nenhum tipo de atendimento/procedimento no hospital", diz a nota.
A Sesa também esclareceu que a direção do hospital espalhou cartazes informativos pelo local para que o usuário desconsidere qualquer solicitação de pedido de pagamento pela realização de exames. Garantiu, ainda, que os pacientes e familiares são orientados sobre a condução de todo o tratamento.
Por fim, a direção informou que já entrou em contato com a polícia e que na manhã desta quinta-feira (14) iria registrar um Boletim de Ocorrência sobre os relatos. "Também será aberta uma sindicância para apurar possíveis responsabilidades sobre o vazamento das informações pessoais dos pacientes", finalizou a secretaria.
A reportagem questionou a Polícia Civil sobre quantos boletins do golpe do falso médico já foram registrados este ano, quantas vítimas foram identificadas, se haverá alguma investigação por parte da polícia e se algum suspeito foi identificado ou preso. O órgão respondeu apenas que não tem os dados específicos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta