O aumento da demanda provocado pelo coronavírus associado à falta de insumos, muitos dos quais importados, está comprometendo a produção de remédios pela indústria farmacêutica nacional, o que atinge diretamente o atendimento em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O problema já é constatado em hospitais do Espírito Santo, tanto da rede pública quanto particular, e é iminente o risco de a falta de medicamentos afetar ainda mais a oferta de leitos.
Em reportagem no início do mês, A Gazeta já trazia o alerta para o risco de desabastecimento e, na semana passada, o Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, que administra a unidade Litoral Sul, no município de Itapemirim, anunciou o bloqueio dos três leitos de UTI que ainda estavam desocupados justamente pela falta de remédios, como anestésicos e relaxante muscular, geralmente usados para intubar pacientes com a Covid-19. O quadro permanece inalterado nesta segunda-feira (22).
Em entrevista coletiva nesta segunda, o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, disse que o governo está adotando algumas medidas para conter o problema e, inclusive, já fez empréstimo de medicamentos para hospitais filantrópicos e particulares que apresentavam quadro mais crítico. O Evangélico deverá receber esse suporte.
"O país inteiro enfrenta a falta de medicamentos. No Espírito Santo, no momento, a falta tem sido pontual e está sendo suprida com compras emergenciais e, quando não tem a primeira opção (do remédio), utilizamos a segunda e terceira opções. No Estado, o problema não é crônico", assegura.
A crise no mercado, observa Nésio Fernandes, não depende da vontade dos gestores, públicos ou privados. "Mesmo os hospitais que não prestam serviço ao SUS, que só atendem particular, estão tendo dificuldades."
O secretário destaca que o general Eduardo Pazuello, que está interinamente à frente do Ministério da Saúde há pouco mais de um mês, tem sido solícito na demanda dos Estados para resolver a situação definitivamente. "Estamos negociando uma grande compra nacional de medicamentos que estão em falta para suprir a rede pública e atender pacientes respiratórios que evoluem com gravidade e precisam de terapia intensiva."
A situação, contudo, ainda não tem prazo para ser normalizada. Para Nésio Fernandes, o quadro é mais um alerta para a sociedade de que o limite de capacidade de atendimento também está relacionado à produção industrial, e a melhor atitude é manter o isolamento para evitar a Covid-19 e, assim, a eventual necessidade de um leito.
Na atualização desta segunda do Painel Covid-19 - ferramenta do governo com atualização diária da doença no Estado - a taxa de ocupação de leitos de UTI no Espírito Santo chegou a 81,72%. Na Grande Vitória, com maior índice, 84,87% das vagas de terapia intensiva estão sendo utilizadas por pacientes que desenvolveram o quadro mais grave da infecção.
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