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Família de jovem com câncer consegue decisão favorável na Justiça do ES

Família de jovem com câncer consegue decisão favorável na Justiça do ES

Juiz determinou que plano de saúde ofereça o tratamento apontado como única esperança de curar o jovem João Victor Ennes; caso não cumpra a decisão, empresa pode ter bens bloqueados

Publicado em 17 de fevereiro de 2023 às 16:02

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João Victor Ennes, de 26 anos
João Victor Ennes, de 26 anos, foi diagnosticado com câncer em 2016 e luta na Justiça para receber o tratamento. (Arquivo pessoal)
Maria Fernanda Conti
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A família de João Victor Ennes, de 26 anos, que lutava na Justiça para garantir um tratamento contra o câncer do jovem, agora vive uma sensação de alívio. Uma decisão dessa quinta-feira (16) exigiu que o plano de saúde autorize e execute o "Cart-T Cell Therapy", apontado como a uma única esperança de curar o médico veterinário, diagnosticado com Linfoma de Hodgkin.

Há mais de seis anos, os familiares do jovem travavam uma batalha contra a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi). Segundo eles, a empresa se recusava a pagar os exames e a realizar o tratamento, avaliado em R$2,7 milhões. A empresa justificava que o procedimento não estava coberto pelo contrato firmado entre as partes.

Em conversa com a reportagem de A Gazeta, a advogada Lilian Patrocínio Brandão Bastos, que representa o médico veterinário, afirma que João Victor vem sofrendo com a reincidência da doença. Devido a esses episódios de retorno, o linfoma teria se transformado em Linfoma não-Hodgkin.

Família de jovem com câncer consegue decisão favorável na Justiça do ES

"A Cassi negou veementemente, fala que o João Victor não estaria abarcado porque foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin e, agora, está com Linfoma não-Hodgkin, mas é câncer", declara a advogada. "Não significa que foi um câncer novo, mas que está no estágio mais avançado", continuou.

O que ficou decidido

Após ouvir testemunhas e ter acesso a provas documentais, o juiz Manoel Cruz Doval condenou nessa quinta-feira (16) a Cassi a realizar o tratamento até o dia 28 de fevereiro deste ano. Caso não cumpra a decisão, a empresa poderá ser multada em R$ 20 mil, inclusive correndo o risco de ter os bens bloqueados.

"A aplicação da multa não afastará a incidência de medidas executivas atípicas para a execução da obrigação específica de fazer, seja com bloqueio de ativos financeiros ou qualquer outra medida, caso assim seja [...] caracterizada a omissão da Executada (Cassi)", afirmou.

Segundo o entendimento do magistrado, a atual doença de João Victor é, de fato, em decorrência da Linfoma de Hodgkin, o que contraria a justificativa da empresa. "Acrescente-se, ainda, que não mais se trata de discussão sobre a cobertura contratual de plano não regulamentado, mas, sim, de cumprimento de sentença, onde esta arguição já foi superada", pontuou o juiz Manoel Cruz.

A reportagem de A Gazeta tenta contato com a Cassi para comentar sobre a decisão da Justiça. O espaço segue aberto para a manifestação da parte.

Novela antiga

A batalha da família de Vitória contra a Cassi se arrasta desde 2016, ano em que o jovem recebeu o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin. Na época, a família do paciente entrou com um pedido para que o plano de saúde realizasse o exame Pet-Scan e a terapia medicamentosa para esse tipo de câncer.

João Victor Ennes, de 26 anos
João Victor Ennes, de 26 anos, é médico veterinário. (Arquivo pessoal)

Como o plano de saúde se recusou, a família de João Victor entrou com uma ação na Justiça estadual em abril daquele ano, alegando que se encontrava em dia com as mensalidades e que entendia como abusiva a conduta da empresa.

"A gente teve que buscar a tutela judicial porque o plano se recusava a fazer o Pet-Scan e começou a ter uma postura de demorar para autorizar os procedimentos, até quimioterapias", declarou a advogada Lilian Patrocínio Brandão Bastos.

Na primeira decisão, que saiu dias depois, a juíza Rozenea Martins de Oliveira afirmou haver provas de que as prestações estavam em dia. Por isso, determinou que o plano arcasse com os custos do tratamento. Em novembro de 2016, a juíza proferiu uma nova decisão, salientando que o plano de saúde não havia cumprido a tutela de abril.

2,7 MILHÕES
É O VALOR DO TRATAMENTO CART-T CELL THERAPY

Cerca de um ano depois, a família obteve uma sentença favorável ao jovem. Em maio de 2017, Rozenea Martins de Oliveira determinou novamente que a empresa autorizasse, de forma definitiva, os custos do tratamento e despesas hospitalares, sob pena diária de R$ 1 mil.

Ela também condenou a Cassi a reembolsar a família em R$ 3,4 mil pelos custos com o Pet-Scan não realizado pelo plano de saúde, o pagamento de R$ 4 mil a título de danos morais, devidamente acrescido de juros e correção monetária, além do pagamento das custas processuais.

Apesar das determinações, uma decisão do desembargador Jorge Henrique Valle dos Santos destacou que, até dezembro de 2017, a empresa não havia atendido os pedidos da família.

A advogada da família, Lilian Patrocínio Brandão Bastos, explicou que a Cassi alegou nesse momento que não descumpriu as determinações e depositou os valores relativos ao dano moral e ao custo com o Pet-Scan, mas não teria pago as multas diárias.

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