> >
Famílias deixam Prefeitura de Vitória após meses de ocupação por moradia

Famílias deixam Prefeitura de Vitória após meses de ocupação por moradia

Acampamento estava na frente da sede do Executivo municipal desde meados de abril; protestantes entraram em acordo com município na última segunda-feira (1)

Publicado em 7 de agosto de 2022 às 19:21

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura

Depois de quase quatro meses de ocupação, as famílias que estavam acampadas na frente da Prefeitura de Vitória desmontaram as barracas e saíram do local no final da tarde deste domingo (7). Elas ocuparam a sede do Executivo municipal como uma forma de protesto por moradia, cujo término se deu após um acordo firmado com o município.

Na última segunda-feira (1), as famílias aceitaram deixar o lugar mediante o pagamento de R$ 600 de aluguel provisório e a oferta de vagas na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A administração da Capital também garantiu encaminhamento ao Sistema Nacional de Emprego (Sine) e o transporte dos pertences delas.

Famílias deixam Prefeitura de Vitória após meses de ocupação por moradia

A desocupação terminou em clima de festa. Os objetos pessoais foram guardados e as barracas desmontadas sob bandeirinhas de festa junina e outros enfeites pendurados. Algumas pessoas usavam chapéus de palha e, em certo momento, todos entoaram músicas e gritos de guerra do movimento. "Ocupar, resistir, construir morar", diziam.

Aspas de citação

A gente paga muito imposto. Não estamos aqui pedindo favor. Nós estamos reivindicando o que é nosso por direito. Muita gente tem vontade de fazer isso que nós fizemos, mas não tem coragem

Rafaela Caldeira
Líder da ocupação, em discurso durante a despedida
Aspas de citação

Junto dela, durante a ocupação, ficavam os dois filhos e uma sobrinha. “A Prefeitura de Vitória cedeu um benefício de R$ 600, mas é muito difícil achar casa com aluguel nesse valor. Temos famílias aqui com até sete pessoas. Eu aluguei uma quitinete e pedi ajuda do meu irmão para completar o dinheiro”, ressaltou.

Famílias desocupam frente da Prefeitura de Vitória após meses em protesto(Vitor Jubini)

Conforme o acordo firmado, as famílias devem atualizar os respectivos cadastros para que as crianças sejam matriculadas em escolas de tempo integral, em vez das de meio período nas quais estudam atualmente. Os adultos que não trabalham devem se matricular na EJA ou nos cursos de capacitação oferecidos.

Por outro lado, o município se comprometeu a entregar – no prazo de 15 dias – uma lista das pessoas inscritas nos programas habitacionais que aponte, inclusive, as datas de inscrição. A Prefeitura de Vitória pode suspender o pagamento do aluguel se as famílias voltarem a ocupar prédios na Capital.

MAIS DE 100 DIAS DE OCUPAÇÃO

Em meados de abril deste ano, quando o acampamento foi montado na entrada da Prefeitura de Vitória, 22 famílias faziam parte da Ocupação Chico Prego. Desse total, nove permaneciam no local até este domingo (7) e estão incluídas no acordo firmado com o Executivo municipal.

Os integrantes acamparam como forma de protesto, após serem notificados pela Justiça a deixar a Escola Irmã Maria Jacinta Soares de Souza Lima, no Romão, onde moraram por cerca de sete meses. O município afirma que a medida foi necessária porque a unidade, inativa desde 2013, passará por reforma.

Justiça dá 10 dias para famílias sem casa desocuparem escola desativada Jacinta Soares de Souza Lima, no Romão, em Vitória(Fernando Madeira)

Algumas dessas famílias estavam há mais de cinco anos sem moradia e já participaram de outras manifestações do tipo, como a que ocorreu na Fazendinha, no bairro Grande Vitória, na Casa do Cidadão, em Maruípe, e no prédio do Instituto de Aposentadorias e Pensões do Industriários (Iapi), no Centro.

A ocupação mais longa se deu no Edifício Santa Cecília, no Parque Moscoso, onde ficaram por mais de dois anos, até o local ser desocupado para ser transformado em moradia popular. A restauração foi concluída em abril e passou a atender famílias dos bairros Piedade, Moscoso, Fonte Grande e Santa Clara.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais