Se você teve sintomas como febre, tosse e dor no corpo e procurou algum medicamento para combater esses incômodos recentemente, pode ser que não tenha conseguido algum específico – é que as farmácias do Espírito Santo estão sofrendo com o desabastecimento de alguns remédios para gripe.
Devido ao surto de H3N2 que começou em dezembro do ano passado, o Conselho Regional de Farmácia do Estado (CRF-ES) registrou um aumento de até 200% na demanda de medicamentos antitérmicos, analgésicos e xaropes. Combinado com o esquema de estoque mínimo, o resultado foi a escassez.
À frente da instituição, o farmacêutico Leandro Passos esclarece que o problema seria mais grave – configurando "falta" de medicamentos – se não houvesse matéria-prima para fabricar os remédios. "Não é isso que estamos observando. As indústrias têm o princípio ativo e vão conseguir repor", garante.
O cenário, segundo ele, é generalizado e afeta as farmácias de Norte a Sul do Estado. A expectativa é que o abastecimento seja normalizado em até duas semanas. Enquanto isso, podem ser mais difíceis de achar, os chamados "itens de venda livre". Ou seja, que não exigem receita médica na compra.
De acordo com Leandro Passos, a população pode – e deve – pedir o auxílio dos próprios farmacêuticos antes de comprar algum medicamento. A triagem que esses trabalhadores podem fazer, segundo ele, ganha ainda mais importância em momentos como o atual, por dois motivos principais.
"O farmacêutico vai promover o uso racional do medicamento e isso ajuda na questão do desabastecimento. Por outro lado, ele também tem como avaliar se é preciso um atendimento mais aprofundado por um médico, por exemplo, e encaminhar a pessoa para uma unidade de saúde", explica.
Para elaboração desta reportagem, a equipe de A Gazeta entrou em contato com algumas das principais redes de farmácias com unidades no Espírito Santo. Todas confirmaram o aumento na procura de medicamentos contra a gripe e duas também sinalizaram desabastecimentos parciais.
Coordenadora de compras da rede Santa Lúcia, Adna Rodrigues contou que houve escassez de corticoides e de antibióticos de suspensão, destinados ao público infantil. "Essa falta começou na última semana de dezembro, quando teve um boom e as distribuidoras principais ficaram sem", disse.
Com 48 lojas distribuídas no Estado, ela contou que não chegou a zerar em toda a rede, mas que houve rupturas em algumas unidades. "A venda de dezembro foi muito superior ao período sazonal (inverno). Dependendo do produto, a procura dobrou. Fazemos um monitoramento diário", completou.
Em nota, a Drogaria Pacheco também comentou que percebeu um aumento significativo na procura por antigripais nas últimas semanas e que a demanda foi 98% maior nos primeiros nove dias de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, e de 70% com o intervalo equivalente de dezembro.
"A companhia trabalha no monitoramento e ressalta que não há medicamentos em falta no momento, e em eventual indisponibilidade, há ação coordenada para reposição por meio de uma força-tarefa", garantiu. Na rede, os medicamentos mais procurados são xaropes, antigripais e o antiviral Tamiflu.
"Antigripal" é o nome dado para uma categoria de remédios, cujas funções são diminuir os sintomas causados pela gripe, tais como tosse, febre, dores no corpo e coriza. Em muitos casos, a compra deles pode ser feita sem receita médica. Já o "antiviral" serve para combater a infecção em si, causada pelo vírus. Neste caso, a prescrição médica é essencial.
Por fim, a Drogasil afirmou que "a demanda por produtos de combate aos sintomas de gripe cresceu muito" e que "está atuando na reposição dos estoques para o abastecimento das próprias lojas para os próximos dias". As redes Pague Menos e a Cibien não retornaram aos nossos contatos.
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