Piranema é uma comunidade de Cariacica que existe há 100 anos. Atualmente é formada por 1.126 famílias que enfrentam diferentes desigualdades sociais e desafios, entre eles, a dificuldade no acesso à saúde, educação e à oportunidades de emprego. A expectativa, porém, é que esse cenário seja transformado nos próximos três anos. Isso porque, o bairro é o primeiro do Espírito Santo a receber o programa Favela 3D.
Criada pelo instituto Gerando Falcões, a iniciativa tem o objetivo de melhorar a realidade das comunidades com ações focadas no combate à pobreza e levar dignidade aos moradores das favelas em todo o Brasil. Em Cariacica, o projeto conta com a parceria do governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento (Sedes), e da Prefeitura de Cariacica.
O projeto nasceu em 2021 e desenvolve, em três fases, ações sociais e inovadoras que são aplicadas em áreas de vulnerabilidade social baseadas nos “3Ds”: desenvolvimento, feito através da atuação social, levando capacitação profissional e acesso a cultura e lazer para os moradores; digitalização, que conta com instalação de pontos com acesso a internet gratuita na comunidade; e dignidade, com geração de renda para as famílias e melhorias em áreas como moradia e acesso a saúde e educação.
Uma das comunidades que recebeu o programa foi a Favela dos Sonhos, em São Paulo, que recebeu esse nome após sua reinauguração ao final do projeto. O Favela 3D implementou no local a inclusão digital, dando acesso gratuito a internet para os moradores com a instalação de 15 equipamentos de WiFi em locais estratégicos. Também houve redução da taxa de desemprego, que caiu 72% para 4%.
Além disso, a Favela dos Sonhos contou com a instalação de 30 postes de energia solar e substituição de moradias improvisadas. Casas feitas de lona ou pedaços de madeira deram lugar a residências de alvenaria. Também foi criado um ponto de coleta para reciclagem dentro da comunidade. Destaque ainda para a construção de uma cabine para atendimentos de telemedicina e a inclusão do CEP digital na região, que até então não possuía endereços regulares.
A primeira etapa do Favela 3D se chama diagnóstico comunitário e consiste em reconhecer quais são os problemas da região, por meio do apoio dos moradores. A partir daí, a ONG começa a trabalhar no censo comunitário, com pesquisa feita para entender e analisar aspectos como habitação, infraestrutura, segurança pública, empoderamento feminino e outras áreas de desenvolvimento no bairro.
A segunda fase, que está começando agora em Piranema, é o planejamento das ações, com base no resultado do diagnóstico feito inicialmente. O projeto começa a idealizar atuações e melhorias nos pontos trazidos pelos habitantes do bairro. Nesse período também são articulados grupos de trabalho com o governo do Estado e prefeitura, além de oficinas com os moradores para pensarem em soluções para o crescimento econômico, urbano e social daquela comunidade.
As mudanças são pensadas de forma personalizada para suprir as necessidades das pessoas que estão em situação de pobreza e vulnerabilidade. “24% das famílias de Piranema não possuem banheiros de uso exclusivo. Então, uma das ações é construir e ampliar banheiros para essas famílias”, exemplifica Denis.
Na fase final, o Favela 3D inicia a etapa de obras, construindo espaços coletivos para lazer, substituindo habitações irregulares, como barracos de madeira, por casas bem estruturadas, pavimentação adequada e outras modificações necessárias no local, como as intervenções realizadas na Favela dos Sonhos, em São Paulo. O objetivo do programa é acabar formando uma comunidade com bons indicadores sociais, digna e autossuficiente.
Esse tipo de iniciativa impacta diretamente na vida dos moradores, como destaca o vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço. “Esse é um projeto que não nasce de cima para baixo. É um projeto que nasce do diálogo com a comunidade, entendendo os seus problemas e desafios”, explica.
O Projeto Favela 3D atua desde 2012 e foi idealizado pela Gerando Falcões, ONG que existe há 13 anos e se mantém por meio de doações e investimentos privados. A instituição atua nas comunidades desde 2012. A iniciativa já atuou em 5.550 favelas e impactou mais de 740.000 pessoas, segundo dados da organização.
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