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Febre maculosa no ES: transmissão por carne de caça é pouco provável, dizem médicos

Febre maculosa no ES: transmissão por carne de caça é pouco provável, dizem médicos

Em Itapemirim, dois casos da doença foram confirmados e seis são investigados. Prefeitura afirma que carne consumida por pacientes será analisada, mas também destaca ser baixo o risco de contaminação dessa maneira

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 10:11

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Após o município de Itapemirim registrar a notificação de um óbito e seis casos de febre maculosa – dois confirmados e quatro em investigação, surgiu a hipótese de os pacientes terem sido contaminados após comer carne de caça, informou a prefeitura. A administração municipal, no entanto, disse que o produto será analisado, mas destacou ser baixo o risco de contaminação dessa forma. Médicos infectologistas ouvidos por A Gazeta também consideram essa possibilidade de transmissão pouco provável.

A infectologista Rubia Miossi afirma que a literatura médica tem registros claros de que a febre maculosa é transmitida por picada de carrapato. Outra situação de possível transmissão é quando a pessoa mata o carrapato, esmagando-o. Assim, a bactéria que estava nele pode alcançar o sangue dessa pessoa por algum ferimento pequeno na pele.

“De fato, o consumo da carne não é citado como meio de transmissão da febre maculosa na literatura. Os pacientes suspeitos do Sul do estado têm em comum o fato de terem comido carne de capivara e outros de terem participado de uma pescaria onde tem capivaras”, destaca.

Carrapato estrela
Febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pelo carrapato estrela. (Shutterstock)

A médica salienta haver dificuldade de estabelecer a forma de transmissão porque nem todo mundo percebe que foi picado pelo carrapato.

“A capivara é um animal que tradicionalmente tem carrapato, sendo considerada um reservatório da doença, então sempre pensamos: onde tem capivara, tem carrapato, tem possibilidade de febre maculosa. Mas a chance de transmissão pela ingestão da carne do animal é pouco provável”, finaliza.

O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, também evidenciou a baixa probabilidade. “Não tem a ver com o consumo da carne. Febre maculosa volta e meia aparece no Espírito Santo, tem a ver com carrapato. A relação com a capivara é que muitas vezes as pessoas que vão abater o animal ou comer, são picados e nem sempre notam”, conta.

“Se a pessoa retirar o carrapato com cuidado, sem espremer, pode não ser contaminado. Depois aparecem os sintomas: febre, muita dor de cabeça e lesões na pele, às vezes até enjoo e vômito”, completa.

SITUAÇÃO EM ITAPEMIRIM

O município de Itapemirim, no Litoral Sul do Espírito Santo, investiga a ocorrência de febre maculosa – doença causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato – após registrar uma morte e outras cinco notificações de pessoas com sintomas da doença.

Dos seis casos notificados, dois foram confirmados por exame laboratorial. Há ainda um paciente com suspeita da doença internado na UTI do Hospital Evangélico, no Litoral Sul, que também aguarda o resultado. Outros dois pacientes suspeitos estão internados em uma clínica médica do mesmo hospital. Ainda não há informações se esses fizeram os exames para análise.

O município confirmou ainda um óbito. O paciente estava hospitalizado em Cachoeiro de Itapemirim, e morreu nesta terça-feira (27). Os exames dele ainda estão sendo analisados.

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Orientações aos serviços de saúde sobre Febre Maculosa Brasileira (FMB)

O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Espírito Santo (CIEVS-ES), emite nota informativa aos profissionais de saúde no intuito intensificar a vigilância e assistência a possíveis casos de febre maculosa, diante do período de maior risco de transmissão da doença no Espírito Santo (entre abril e outubro).

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O QUE É FEBRE MACULOSA E COMO SE TRATAR

A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii. Segundo a Fiocruz, ela é transmitido pela saliva de diferentes espécies de carrapatos no Brasil, mas o principal é o carrapato estrela, também conhecido como carrapato de cavalo, que pode picar animais e seres humanos.

A literatura médica dá conta de que a pessoa pode ser contaminada pela picada do carrapato ou quando esmaga o aracnídeo e a bactéria que estava nele pode alcança o sangue do indivíduo por algum ferimento pequeno na pele.

Em caso de infecção pela bactéria, os sintomas vão ser semelhantes ao de doenças como dengue e a Covid-19: febre, dores de cabeça e no corpo, manchas na pele. Alguns pacientes relatam também dificuldades em respirar. Já o tratamento é feito com uso de antibióticos.

O que diz a Sesa

"A Secretaria da Saúde informa que a Vigilância Epidemiológica do município de Itapemirim notificou 06 casos suspeitos de febre maculosa. Nesta quinta-feira (29), os resultados são 03 casos confirmados, sendo 01 óbito e 03 casos descartados, após resultado negativo para a doença. 

 As amostras foram coletadas e encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), onde realizou testagem usando a técnica molecular de PCR em tempo real (RT-PCR) e atuou em regime de urgência para rápida liberação dos resultados. 

 A Sesa ressalta que junto aos profissionais da vigilância municipal e da Superintendência Regional de Cachoeiro de Itapemirim tem articulado ações para investigação dos casos confirmados, sendo a linha de investigação a transmissão via carrapato. A Secretaria está na cidade para realização das ações. 

 Att,"


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