O Espírito Santo virou destaque em uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Com uma foto que mostra a Baía de Vitória e a Terceira Ponte, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) emitiu um aviso para quem precisar vir a terras capixabas, devido à Febre Oropouche. No post do Instagram, o órgão fala que o vírus tem sido associado a perdas fetais e deficiências congênitas, e pede que grávidas discutam os planos de viagem com seus médicos.
No site da agência, há uma página específica sobre o vírus Oropouche no Espírito Santo, com o estado destacado no mapa e a legenda de que há um elevado número de casos aqui.
O órgão ainda fala que há um surto do vírus no Espírito Santo, e orienta que todos os viajantes se previnam contra picadas de insetos e considerem usar preservativos ou não praticarem relação sexual durante a viagem e seis semanas após retornarem. Isso porque, segundo a agência, o vírus foi encontrado no sêmen, mas não se sabe se ele pode ser transmitido através do sexo. Lembrando que não há registro de caso de transmissão sexual do vírus Oropouche.
Para grávidas, a preocupação do órgão é maior. A agência orienta que gestantes reconsiderem viagens não-essenciais ao Espírito Santo e, se for inevitável, que elas sigam rigorosamente as recomendações de prevenção do vírus Oropouche.
No último dia 10, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou o primeiro bebê nascido no Estado com anomalias congênitas associadas à transmissão da Febre Oropouche. A criança nasceu em 16 de novembro e teve diagnóstico de microcefalia – uma condição em que a cabeça do bebê é significativamente menor do que o esperado, muitas vezes devido ao tamanho reduzido do cérebro.
O caso foi registrado na Grande Vitória, contudo, o município exato não foi informado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Sem dar outros detalhes, a pasta informou que a mãe tem 23 anos e que o caso recebe acompanhamento. Outras 34 gestantes estão em monitoramento após confirmação da infecção pelo vírus.
A Sesa também confirmou, na semana passada, a primeira morte em decorrência da Febre Oropouche no Espírito Santo. A vítima é uma mulher de 61 anos, moradora da zona rural de Fundão – Região Metropolitana de Vitória –, que sofria de hipertensão arterial. A morte ocorreu no dia 28 de agosto, mas a causa estava em investigação desde então. O nome da vítima não foi revelado.
Outros dois óbitos também eram analisados pela secretaria estadual, sendo que um foi descartado e outro segue em análise. Até então, o Brasil registrava três mortes pela Febre Oropouche — as primeiras do mundo: sendo duas mulheres adultas, no interior da Bahia, e um óbito fetal em Pernambuco.
Até o último boletim, com dados de até 7 de dezembro, o Estado contava com 2.976 casos confirmados, sendo a maioria em Alfredo Chaves (998), Iconha (429) e Laranja da Terra (262).
A Febre Oropouche é causada por um vírus, que dá nome à doença, sendo transmitida aos seres humanos pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. A presença do mosquito está geralmente associada a regiões com maior umidade e presença de matéria orgânica.
A doença pode ser transmitida por meio de dois ciclos diferentes: o silvestre e o urbano. No ciclo silvestre, animais como os macacos e bicho-preguiça são picados pelo mosquito e passam a hospedar o vírus; já no ciclo urbano, os humanos são picados e se tornam os hospedeiros.
Se o mosquito picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
Os sintomas da Febre Oropouche são parecidos com os da dengue, chikungunya e febre amarela. Entre os principais, estão dores de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
Como ainda não há tratamento específico para a doença, a recomendação para pacientes é que permaneçam em repouso, com acompanhamento médico diante dos sintomas apresentados.
Para a prevenção, o ideal, se possível, é evitar áreas onde há muitos mosquitos. Do contrário, é recomendado o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, contando ainda com a aplicação de repelente nas áreas expostas da pele. Também é importante manter a casa limpa, removendo possíveis criadores de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
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