Algumas cidades da Bahia e de Minas Gerais enfrentaram fortes temporais com alagamentos, que deixaram muitos estragos e mais de 231 mil pessoas atingidas — 220 mil somente no Estado baiano. Especialistas afirmam que a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) causou um grande volume de chuva nessas regiões. Mas os capixabas devem se preocupar? Esse temporal pode chegar ao Espírito Santo?
Segundo o Instituto Climatempo, a chuvarada aconteceu nessas regiões devido a uma combinação de fatores. Ao longo da semana, houve a formação de uma baixa pressão que, posteriormente, deu origem à Tempestade Subtropical Ubá. Esse sistema de baixa pressão se formou e demorou para se fortalecer. "Apesar de não atuar diretamente sobre Minas Gerais e Bahia, enquanto ele ainda estava em formação, o sistema canalizou toda a umidade sobre os Estados", explicou.
O coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos, detalhou que a ZCAS é o principal sistema meteorológico atuante neste período de dezembro e consiste em um corredor de nuvens, que se estende entre o sul da Amazônia até o litoral do Sudeste do Brasil, onde está localizado o Espírito Santo. O fenômeno dura, no mínimo, quatro dias.
No entanto, segundo Hugo Ramos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul chegou a atingir o Estado capixaba. "Quando houve a formação da ZCAS, houve a chuva forte que atingiu o Norte do Espírito Santo. É lógico que não foi tão volumosa como na Bahia, mas a precipitação que ocorreu lá foi por conta deste fenômeno", explicou.
Na primeira semana de dezembro, municípios do interior do Espírito Santo sofreram com fortes chuvas que atingiram a região. Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Itarana, Afonso Cláudio, Rio Bananal, São Mateus e Governador Lindenberg foram alguns dos municípios atingidos. A Defesa Civil Estadual divulgou diariamente boletins diários do balanço da chuva no interior.
De acordo com o Incaper, a média histórica para todo o mês dezembro apresenta as maiores alturas de chuva, de 250 mm a 300 mm, no trecho desde o Caparaó até áreas da Região Serrana. As demais áreas do Estado têm altura de chuva de 200 mm a 250 mm, exceto no trecho da Região Nordeste, onde a altura de chuva varia de 150 mm a 200 mm.
De acordo com o meteorologista do Incaper, desta vez, a Zona de Convergência do Atlântico Sul estava mais posicionada ao Norte do Brasil, por isso outros Estados foram influenciados. "Mas, em outros anos, nessa mesma época e com a proximidade do verão, é comum que venha esse grande volume de chuva com a influência da ZCAS", continuou o especialista.
Ainda assim, o coordenador do Incaper disse haver uma possibilidade de, nos próximos dias, um novo episódio da ZCAS se formar, mas é preciso acompanhar a previsão do tempo atentamente. "Não é possível afirmar nada, nem se atingirá o Espírito Santo. O evento que causou esse temporal já se dissipou. Vamos analisar os próximos dias", disse.
O Incaper reforçou que tudo se trata de uma previsão. "É complicado fazer alguma precisão do tempo e determinar como vai ser todo o mês. A atualização da previsão é feita diariamente, e as condições do tempo mudam a cada hora", explicou.
O instituto informou que monitora diariamente a previsão do tempo, e reiterou que as condições climáticas mudam a cada hora. "Por isso prevemos uma média e verificamos todo dia. Não dá para determinar como vai ser o mês, se algo vai se formar ou não, porque podemos ter mudança repentina", concluiu o meteorologista.
As chuvas fortes que atingiram a Bahia já deixaram pelo menos 10 mortos no Estado. Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil Estadual no início da tarde desta segunda-feira (13), nas regiões mais afetadas cerca de 15.199 pessoas estão desalojadas e 6.371 desabrigadas. A população atingida chega a mais de 220 mil pessoas.
Segundo a Agência Brasil, os temporais na última semana fizeram rios transbordarem. Casas foram inundadas e, com estradas e pontes destruídas, algumas cidades estão ilhadas e sem comunicação. O governador da Bahia, Rui Costa, declarou situação de emergência em pelo menos 51 municípios. Já o governo federal reconheceu, até o momento, o estado de emergência em 24 cidades baianas.
Já no Norte de Minas Gerais, nos vales do Jequitinhonha, do Mucuri e do Rio Doce, as chuvas nos primeiros 12 dias de dezembro (274 milímetros) já superam em 47% a média histórica pluviométrica dessas regiões de todo o mês, que era de 186 milímetros. O levantamento é do meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, que também aponta que há mais de 40 anos não era registrado volume de chuva tão elevado nas referidas regiões.
De acordo com o Estado de Minas Gerais, a chuvarada no território mineiro acarretou destruição e mortes. Segundo o balanço da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, na atual temporada, cinco pessoas perderam a vida em consequência dos temporais no território mineiro. Até domingo (12), as enchentes haviam deixado 9.565 pessoas desalojadas e outras 1.979 desabrigadas, totalizando 11.544 atingidos.
A medida para calcular o volume de chuva é de milímetros por metro quadrado. Um milímetro de chuva, por exemplo, corresponde a 1 litro de água por metro quadrado (1l/m²). No caso de Afonso Cláudio, onde o acumulado de chuva foi de 106,45 milímetros de chuva em 24 horas, significa que choveu 106,45 litros por metro quadrado em um dia no município.
Quando um grande acumulado de chuva cai em um curto espaço de tempo, há a chance de alagamentos. Quem mede esse quantitativo é o pluviômetro, aparelho que pode ficar espalhado por vários pontos das cidades. Confira a explicação abaixo:
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, nesta segunda-feira, um aviso de perigo potencial para chuvas intensas em 41 cidades do Espírito Santo. O aviso está vigente e é válido até às 10h desta terça-feira (14). Segundo o Inmet, é esperada chuva entre 20 e 30 milímetros por hora ou até 50 milímetros por dia, com ventos intensos de até 60 quilômetros por hora.
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