"Vai ter forró até a 1 hora da manhã." É isso que promete o post nas redes sociais, que anuncia dois shows ao vivo durante a noite desta quinta-feira (6), no bairro de Jacaraípe, na Serra. Evento não se abala com a pandemia do novo coronavírus, que já tirou a vida de 440 pessoas só nesse município.
A publicação, que parece vir de outra realidade, não está sozinha. Para esta sexta-feira (7) tem, pelo menos, uma festa similar a partir das 23 horas. Para o sábado (8), mais duas; e outra ainda no domingo (9). Sem restrição de bairro: tem em Vila Nova de Colares, Serra Dourada I e Cidade Pomar. (veja flagrantes abaixo)
A agenda lotada de eventos não é peculiaridade deste começo de agosto. Segundo uma comerciante que não quis ser identificada, o problema já persiste há mais de dois meses. "É frequente. As pessoas se aglomeram sem máscara, não estão se prevenindo de nada", desabafou.
Autoridades competentes para combater o descumprimento das regras de combate à Covid-19, a Polícia Militar e a Prefeitura da Serra já teriam sido acionadas inúmeras vezes. "Tem dias que vêm e mandam parar. Quando vão embora, começa tudo de novo. Estamos denunciando, mas não está adiantando", reclamou a comerciante.
O medo é que os shows ilegais e irresponsáveis acarretem, além do prejuízo financeiro, mais infecções e mortes. "Quem está fazendo isso, está lucrando. O prejuízo vai ser nosso, se as coisas piorarem. E o número de pessoas que pegaram o vírus só está crescendo por aqui", afirmou a comerciante.
Moradora de Serra e proprietária de um restaurante na cidade, a renda dela chegou a cair 100% no início da pandemia. Agora, cinco meses depois, a receita ainda está 50% abaixo do normal. Sem poder pagar funcionários, o local tem sido mantido apenas com a ajuda e o empenho de familiares.
Por meio de nota, a Polícia Militar explicou que as pessoas devem denunciar eventos irregulares a serem realizados no futuro pelo Disque-Denúncia (181). Já se houver a suspeita de um crime em andamento, a população deve acionar o Centro Integrado de Operacional de Defesa Social (Ciodes), por meio do 190.
No entanto, a corporação esclareceu que a fiscalização de festas, estabelecimentos comerciais irregulares e "aglomerações públicas de natureza diversa às práticas criminosas, durante o período da pandemia, são de responsabilidade das prefeituras, estando a PM sempre disponível para o apoio necessário".
Já a Prefeitura da Serra afirmou que todas as denúncias recebidas pela ouvidoria são encaminhadas à Secretaria de Defesa Social (Sedes) e garantiu que realiza o monitoramento de festas clandestinas nas redes sociais. No caso de identificação de eventos planejados, a Guarda Municipal é acionada para agir de forma preventiva.
Desde o início da pandemia, o município realizou mais de 6 mil abordagens em estabelecimentos comerciais, que geraram aproximadamente 2 mil notificações. No entanto, menos de 1% dessas ações resultaram em multas, que podem chegar ao valor de R$ 2 mil.
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