Quando era adolescente, a piloto Bárbara Scandian Cardoso, de 30 anos, não imaginava que queria esse caminho profissional para ela. Admirava a profissão por causa do pai, o piloto Isaías de Mattos Cardoso, de 56 anos, e por conta da família com vários aviadores, só que não via mulheres na área. Foi quando uma amiga fez sua imaginação decolar e voar alto.
"Eu vim de uma família de aviadores. Meu pai sempre foi piloto, desde que eu nasci. Eu tenho tios que são pilotos. Eu sempre admirei muito e achava muito legal falar para minhas amigas que ele era piloto. Quando eu estava no final do ensino médio, uma amiga me perguntou: 'seu pai é piloto, né? Por que você não vira piloto também?'. Eu falo que aquilo ali foi um divisor de águas. E desde aquele momento que parei e pensei, eu quis ser pilota", lembra.
Com 18 anos, Bárbara começou o curso de piloto em um aeroclube. Primeiro, a formação de piloto privado, e depois comercial, para trabalhar profissionalmente. Após várias formações e muitas horas de voo e treinamentos, com 21 anos ela virou copiloto de uma grande empresa aérea onde o pai já está há mais de 20 anos.
Isaías Cardoso conta que, no início, quando a filha falou sobre o desejo de seguir na profissão, foi uma surpresa pra ele.
"Eu estava voando quando minha esposa falou que quando eu chegasse em casa teria uma surpresa. No almoço ela (Bárbara) chegou e contou. Foi uma surpresa a princípio, mas uma felicidade grande. Hoje, eu tenho uma colega de trabalho e temos esse elo entre empresa, pai e filha", relata.
A família de Bárbara tem uma história curiosa em relação à aviação. A avó, mãe se Isaías e de outros dois tios aviadores, nasceu no Dia do Aviador.
"Ela nasceu no dia 23 de outubro. Minha avó tem três filhos pilotos, um que trabalha em controle de tráfego aéreo, embarcado, e três netos pilotos. E a curiosidade também é que ela tem medo de avião", destaca, rindo.
Isaías é piloto e comandante. Assim como a filha, ele começou aos 18 anos. Apesar de trabalhar na mesma empresa que o pai, Bárbara lembra que não voa com Isaías frequentemente. Em nove anos de profissão, isso aconteceu apenas duas vezes, ele como comandante e ela como copiloto.
"A gente não pode voar junto por política operacional. Apenas quando tem uma autorização da chefia de pilotos. Mas não é rotineiro na nossa escala", reforça.
O copiloto exerce as mesmas funções que um comandante durante o voo. Os dois são pilotos, mas por hierarquia o comando da aeronave é de quem senta na cadeira esquerda.
Bárbara também lembra que faz verificações externas antes de o voo começar. E se engana quem acha que copiloto não comanda o avião.
"O copiloto, também conhecido como primeiro oficial, tem a função de voar o avião e auxiliar o comandante na tomada de decisões. Ele é totalmente capacitado e treinado para assumir o voo no caso de incapacidade do comandante e a gente exerce as mesmas funções durante o voo. Geralmente, alterna quem vai pousar e decolar. Uma etapa um faz, na outra etapa, o outro que voa", detalha.
Bárbara explica também que, no início da profissão, o piloto entra na companhia aérea como copiloto. E é promovido para comandante de acordo com o tempo de carreira. Agora, ela aguarda a promoção e também quer inspirar outras mulheres.
"Hoje, eu me sinto muito realizada em poder realizar esse sonho e inspirar outras meninas também. Sempre que eu vejo crianças, chamo aqui e mostro e digo que as mulheres também podem", detalha.
Uma história de amor à aviação que vem de família e motivo de muito orgulho para o pai.
"Para mim, é motivo de muita satisfação e felicidade. Sempre estamos juntos. Eu pego carona com ela, ela pega comigo aqui no avião. A gente divide apartamento em São Paulo. É uma união muito grande. Quem conhece a gente sabe da nossa ligação", finaliza, orgulhoso.
Com informações de Kaique Dias, da TV Gazeta
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