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Filho e nora são condenados a mais de 20 anos de prisão por morte de ciclista em Cachoeiro

Filho e nora são condenados a mais de 20 anos de prisão por morte de ciclista em Cachoeiro

João Victor Brito Silva foi condenado a 22 anos de reclusão em regime fechado, já Beatriz Gasoni de Azevedo recebeu 20 anos e 6 meses de condenação pelo homicídio de Duramir Monteiro Silva, em 2022

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 18:58

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João Victor Brito Silva (à esquerda) e Beatriz Gasoni de Azevedo (à direita) mataram  Duramir Monteiro Silva  (destaque)
João Victor Brito Silva (à esquerda) e Beatriz Gasoni de Azevedo (à direita) mataram Duramir Monteiro Silva (destaque). (TV Gazeta / Montagem A Gazeta )

O Tribunal do Júri condenou, nesta quinta-feira (21), João Victor Brito Silva e Beatriz Gasoni de Azevedo a mais de 20 anos de prisão pela morte do ciclista e motorista de aplicativo Duramir Monteiro Silva, de 56 anos, ocorrida em 2022, no Sul do Espírito Santo. De acordo com a decisão, ambos foram considerados responsáveis pelo homicídio. A vítima era pai de João Victor. O julgamento aconteceu no Salão do Júri, no Fórum de Cachoeiro de Itapemirim.

João Victor Brito Silva foi condenado a 22 anos de reclusão em regime fechado e 1 ano e 6 meses de detenção em regime semiaberto. Já Beatriz Gasoni de Azevedo recebeu a pena de 20 anos e 6 meses de reclusão e 6 meses de detenção.

As condenações foram pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver, coação no curso do processo, fraude processual e, no caso de João Victor, posse irregular de arma de fogo de uso permitido.

Julgamento longo

O julgamento começou por volta de 9h da manhã no fórum cachoeirense, pois o crime ocorreu no município, ainda que o corpo da vítima tenha sido localizado em outro município. Após a morte da vítima, o corpo foi levado para a zona rural de Castelo, onde foi incendiado em um buraco. A polícia e o Ministério Público concluíram que os dois mataram a vítima para ficar com a herança (a casa e o dinheiro da vítima). 

Filho e nora são condenados a mais de 20 anos de prisão por morte de ciclista em Cachoeiro

João Victor, filho da vítima, alegou ter cometido o crime após o pai tentar agarrar a namorada dele no dia dos fatos. Beatriz, apontada como cúmplice, foi condenada por ajudar ativamente o namorado a matar o sogro.

Buraco onde Bombeiros resgataram restos mortais incendiados da vítima
Buraco onde Bombeiros resgataram os restos mortais incendiados da vítima. (Polícia Civil )

O promotor de Justiça Lucas Lobato La Rocca sustentou os fatos presentes na denúncia para obter a decisão, considerando o resultado como uma vitória do Ministério Público (MPES).

A defesa de Beatriz informou que analisará a sentença de forma detalhada para decidir se entrará ou não com recurso. A defesa de João Vitor informou que não irá recorrer, já que a condenação era esperada devido à confissão do réu. Acrescentou que João "demonstrou arrependimento" e reconheceu que o ato cometido foi "bárbaro e repugnante".

Amiga de pedal

A aposentada Edineia Polonini, conhecia Duramir. “Ele era uma excelente pessoa. Respeitador, sempre estava com a gente no pedal. Quando alguém estava iniciando no ciclismo, ele ajudava. Se alguém ficava para trás, ele era o primeiro a esperar. Eu estou muito revoltada com isso, a gente quer ver a justiça. Eles não agiram de imediato, eles premeditaram. Então, eles agiram conscientes do que estavam fazendo", disse a amiga da vítima.

A aposentada Edineia Polonini conhecia a vítima
A aposentada Edineia Polonini conhecia a vítima e costumava pedalar com Duramir. (TV Gazeta )

Ponto a ponto: relembre o caso

  • Segundo a Polícia Civil, Doramir Monteiro Silva, de 56 anos, foi dado como desaparecido em 28 de junho de 2022. No dia 4 de julho, seu filho, João Victor Brito Silva, então com 24 anos, teria confessado ter matado o pai a facadas, alegando que o crime ocorreu em Cachoeiro após o pai tentar agarrar sua namorada no dia dos fatos.

  • De acordo com a investigação, o corpo da vítima foi levado para uma propriedade rural em Estrela do Norte, em Castelo, e queimado em um buraco. Ainda no dia 4 de julho, os restos mortais de Doramir foram encaminhados ao Serviço Médico Legal de Cachoeiro de Itapemirim. O crime chocou o Espírito Santo.

  • Na época, durante uma coletiva de imprensa realizada em 5 de julho, o delegado Felipe Vivas, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cachoeiro de Itapemirim, apresentou a versão do filho da vítima e detalhes sobre a ocultação do corpo. Segundo o delegado, a namorada de João Victor Brito Silva teria desferido o primeiro golpe de faca após ser agarrada por trás por Doramir.

  • “Ele afirmara, em depoimento, que Duramir teria tentando agarrar a companheira. Antes, ele narra que saiu de casa no dia 28 (de junho de 2022) para a Santa Casa (de Cachoeiro), pois a namorada estava grávida, e depois passou em uma farmácia e um bar, mas na segunda (4 de julho) deu outra versão”, disse Vivas.

  • "Ele afirmou, em depoimento, que Doramir teria tentado agarrar sua companheira. Antes disso, relatou que, no dia 28 de junho de 2022, saiu de casa para ir à Santa Casa de Cachoeiro, pois a namorada estava grávida, e depois passou em uma farmácia e um bar. Porém, na segunda-feira (4 de julho), apresentou outra versão", disse Vivas. Questionado sobre as contradições, o filho confessou o crime, que contou com a participação da namorada. Segundo o delegado, após o primeiro golpe de faca desferido por ela, o filho desferiu os demais golpes.

  • Na época, o delegado afirmou que, ao longo de 15 anos de profissão, a frieza do filho da vítima era assustadora. "São 15 anos de profissão e a frieza assusta. Chega a ser surreal. Eles mataram seu Doramir a facadas, enrolaram o corpo em um lençol, em um tapete e em mais um edredom, e colocaram no porta-malas do carro. Foram a um posto de combustíveis, compraram combustível com o cartão da vítima", disse o delegado.

  • O casal segue de carro, então, para Castelo, na propriedade de familiares da namorada do suspeito. “Lá, tiram o corpo e o colocaram numa fossa seca, que vamos apurar se foi cavado para isso ou não. Eles jogaram 3 litros de combustíveis, atearam fogo, esperaram abaixar as chamas e atearam novamente fogo. Ao amanhecer, apagaram o fogo e retomaram para Cachoeiro e foram para uma padaria tomar café”, explicou o delegado.

  • A casa, onde a vítima morava com o filho, foi limpa pelo casal com alvejante e outros produtos de limpeza, mas a perícia da polícia acusou que havia sinais de sangue por várias partes e no veículo.

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