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Fogo em APA de Guarapari atinge área de turfa e atrapalha os Bombeiros

Fogo em APA de Guarapari atinge área de turfa e atrapalha os Bombeiros

Incêndio começou na noite de segunda-feira (9) e as imagens da devastação causada pelas chamas são impressionantes; fogo chegou em área alagada e prejudica trabalho de combate

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 10:23

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O combate ao incêndio que atinge a Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba, em Gurapari, segue em andamento nesta sexta-feira (13). Segundo o diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Mario Louzada, o fogo atinge atualmente a área de turfa, o que dificulta o trabalho dos servidores no local. As chamas começaram na noite de segunda-feira (9), e as imagens da destruição no local são assustadoras. Em um intervalo de poucos dias, uma parte considerável da área foi destruída, como mostram imagens de satélite.

Ainda segundo o diretor-presidente do Iema, a boa notícia é que os focos de incêndios próximos à rodovia estão controlados, embora ainda haja fogo. O combate às chamas em uma parte da APA indica menor risco para o Parque Estadual Paulo César Vinha, que, preventivamente, foi fechado para visitação.

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Os focos que estavam mais próximos à rodovia foram confinados e controlados, mas ainda há focos. O risco de passar para o parque [Paulo César Vinha] é menor do que ontem. Por outro lado, o fogo avançou pela turfa. É complicado, porque a turfa é difícil de apagar, é preciso encharcar o tempo inteiro. É um fogo subterrâneo que vai aparecendo em outros lugares, é um alerta constante

Mario Louzada
Diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema)
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Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o Corpo de Bombeiros informou que as equipes têm utilizado drone com câmera térmica para reconhecimento de pontos quentes. O planejamento para esta sexta-feira (13), segundo o Corpo de Bombeiros, é realizar um novo sobrevoo com o drone e continuar o combate ao fogo. As ações incluem resfriamento de pontos quentes e alagamento de áreas de turfa.

A turfa, citada pelo Iema e pelo Corpo de Bombeiros, é um material orgânico formado pela decomposição de plantas, especialmente musgos, em ambientes úmidos e pobres em oxigênio, como pântanos e áreas alagadas. Devido à baixa oxigenação, a decomposição ocorre lentamente, resultando em um acúmulo espesso de matéria orgânica.

Diretor-presidente do Iema, Mario Louzada
Diretor-presidente do Iema, Mario Louzada, afirma que o combate ao incêndio em Guarapari continua. (Ramon Porto)

Em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral, da TV Gazeta, o diretor-presidente Mario Louzada afirmou que o incêndio na APA de Setiba tem mobilizado servidores do Iema, Corpo de Bombeiros, do próprio Parque Paulo César Vinha e do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (NOTAer). Cerca de 35 pessoas estiveram no combate ao fogo na quinta-feira (12), segundo ele.

Qual o tamanho da destruição?

O repórter João Brito, da TV Gazeta, apurou na quinta-feira (12) que a perda de vegetação estimada no incêndio de Setiba é de 400 hectares, o equivalente a 400 campos de futebol. Perguntado sobre o tamanho da destruição, o diretor-presidente do Iema afirmou que o órgão ainda irá realizar uma medição oficial.

"A medição da área um trabalho complexo de fazer, porque às vezes a imagem do satélite pode estar encoberta de nuvem, de névoa. O Corpo de Bombeiros fez uma avaliação preliminar, mas o número completo será informado pelo Iema e pelo Idaf", disse à TV Gazeta nesta sexta-feira (13).

Região delimitada indica a APA de Setiba, em Guarapari
Região delimitada indica a APA de Setiba, em Guarapari; parte branca corresponde ao Parque Paulo César Vinha. (Reprodução | Instituto Socioambiental)

A Área de Proteção Ambiental de Setiba é a maior do Estado nesta categoria. Foi criada em 1994. A unidade tem o intuito de estabelecer uma zona de proteção contra impactos no entorno do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. Até esta sexta-feira (13), a área do parque não havia sido atingida pelo fogo.

"Não existe fogo espontâneo", diz diretor-presidente do Iema

Em entrevista à TV Gazeta nesta sexta-feira (13), o diretor-presidente do Iema, Mario Louzada, foi enfático ao dizer que os incêndios registrados no Espírito Santo são, em sua maioria, provocados por ação humana.

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Deste e da maioria dos incêndios, falo com propriedade: Não existe fogo espontâneo. Estão colocando fogo nas áreas, isso não é normal, não tem fogo acidental nesta quantidade. Mas também não adianta colocar a culpa nos proprietários rurais, não acredito que eles tenham colocado fogo nos locais. Está insustentável

Mario Louzada
Diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema)
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Mario Louzada não indicou se há suspeitos envolvidos no incêndio que atinge a APA de Setiba desde segunda-feira (9).

O Espírito Santo registrou 469 focos de incêndio em 2024, segundo números atualizados na quinta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa um aumento de 149% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado - 188 focos de incêndio. O Estado segue uma tendência nacional: o Brasil registra 110% de aumento nos focos de incêndio, segundo o Inpe.

Ainda de acordo com o Inpe, o município de Guarapari é o 13º no Espírito Santo com mais focos de incêndio: Foram 10 registrados em 2024. Linhares é a cidade com mais focos: 46 registros em 2024.

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