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Fósseis de um tigre-dentes-de-sabre são encontrados pela 1ª vez no ES

Fósseis de um tigre-dentes-de-sabre são encontrados pela 1ª vez no ES

Além do felino gigante, fósseis de pelo menos outras três espécies de animais pré-históricos foram achados no último sábado (6), na Gruta do Limoeiro, em Castelo, no Sul capixaba

Publicado em 8 de julho de 2024 às 10:34

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Fósseis de animais pré-históricos encontrados em Castelo, na Região Sul do Espírito Santo
Fósseis de animais pré-históricos encontrados em Castelo, na Região Sul do Espírito Santo. (Mário Dantas)
Felipe Sena
Repórter / [email protected]

Um sítio arqueológico na Gruta do Limoeiro, em Castelo, no Sul do Espírito Santo, foi palco de uma descoberta histórica no último sábado (6): o primeiro registro de fósseis de um tigre-dentes-de-sabre encontrados em solo capixaba. Além do felino gigante, restos de outras três espécies de animais pré-históricos, como preguiças-gigantes e um toxodonte, foram achados.

A descoberta segue sob análise de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que foram até o local a convite do departamento de História Natural da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Castelo. Segundo o paleontólogo Mário Dantas, que é professor da UFBA, foram encontrados fósseis de animais já com registro no Espírito Santo, como preguiças-gigantes da espécie Eremotherium laurillardi, e um toxodonte, espécie de animal pré-histórico que parece um rinoceronte, mas sem chifres. 

No entanto, ele destaca que há ainda descobertas inéditas no Estado: uma delas é um Smilodon populator, nome científico do felino gigante conhecido como tigre-dentes-de-sabre. O mamífero extinto vivia no continente americano, mas, no Espírito Santo, é a primeira vez que fósseis dele são encontrados. 

Os pesquisadores também estão investigando se alguns dos fósseis encontrados são de um Glossotherium phoenesis, outra espécie de preguiça-gigantes que chegava a 900 kg. Caso a descoberta seja confirmada, também será a primeira vez que essa espécie de preguiça é encontrada em terras capixabas. 

Animais viveram no Pleistoceno 

Ilustração mostra como eram os tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator) como o que foi encontrado no ES
Ilustração mostra como eram os tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator) como o que foi encontrado no ES. (Julio Lacerda )

Todos esses mamíferos gigantes compõem a megafauna e viveram no Pleistoceno, que é uma época do período Quaternário da era Cenozoica, que fica entre 2,5 milhões e 12 mil anos atrás. O paleontólogo Mário Dantas detalhou quais espécies estavam presentes na descoberta do último sábado. 

"Encontramos fósseis de duas espécies de preguiças-gigantes: Eremotherium laurillardi, que chegava a 3.4 toneladas, e, talvez, Glossotherium phoenesis que chegava a 900 kg. Também encontramos fósseis de um toxodonte, que a grosso modo lembrava um rinoceronte sem os chifres, e chegava a 2,3 toneladas. Todas essas espécies eram herbívoras. E encontramos, também, ossos do braço de um tigre-dentes-de-sabre, Smilodon populator, um felino de grande porte que podia chegar a impressionantes 500 quilos", explicou o pesquisador. 

O paleontólogo e pesquisador da Ufes Richard Buchmann explica que mais estudos e investigações serão feitas a partir dos fósseis. "Há elementos ósseos de toxodontes, um mamífero extinto de grande porte que lembrava rinoceronte ou hipopótamo. Mas seria impossível definir qual espécie de toxodonte seria especificamente. O gênero seria o Toxodon. E além da preguiça Eremotherium, há mais duas preguiças menores. Talvez uma delas é um Glossotherium", disse ele.

Richard, no entanto, afirma que mais apurações serão feiras para determinar se as preguiças menores são mesmo da espécie Glossotherium. Se confirmada, essa também seria uma espécie registrada pela primeira vez no Espírito Santo, assim como o Smilodon populator, o tigre-dentes-de-sabre.

O trabalho que culminou na descoberta está inserida dentro do projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de paleontologia de vertebrados fósseis Paleovert, que é financiado junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) coordenado pelo doutor em paleontologia Alexander Kellner. Os estudos envolvem pesquisadores de todo o Brasil. Todos os fósseis ficarão em Castelo, mas serão tombados na coleção da Ufes de Vitória, sob a responsabilidade da professora e paleontóloga Taissa Rodrigues.

Descoberta de Cachoeiro já foi destaque em A Gazeta

Fósseis de uma preguiça-gingante da espécie Eremotherium laurillardi, descobertos nos anos 80, foram tema de um especial de dois episódios em A Gazeta. Os ossos foram encontrados em uma pedreira em Cachoeiro de Itapemirim e foram divididos em 3 partes: uma encaminhada a Ufes, outra ao Museu Nacional, do Rio de Janeiro, e outra ficou em poder da família dona da pedreira. 

Das três, duas partes foram perdidas. A reportagem foi atrás de cada uma das partes, em Vitória, Cachoeiro do Itapemirim e fez contato com o museu carioca. Os dois episódios estão disponíveis e podem ser assistidos abaixo.

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