O motorista Eliedson Cipriano Araújo, de 28 anos, morto após um barranco desabar e atingir o carro em que ele estava na área do Hospital Maternidade São José, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, na madrugada desta quinta-feira (10), enviou, para a esposa, uma foto dele no local horas antes da tragédia. Foi essa imagem, mostrada por Lariene Farias de Araújo a funcionários do hospital e do Corpo de Bombeiros, que ajudou as equipes a localizarem o corpo da vítima embaixo da lama. Na fotografia, registrada por volta das 23h, o homem aparece próximo a uma ambulância, que já havia sido identificada como um dos veículos soterrados.
Eliedson aguardava dentro do carro na área do hospital por Lariene, que acompanhava o filho de 1 ano do casal que estava internado na unidade. Por volta de 5 horas da manhã desta quinta-feira, ela sentiu falta do marido. Após chamadas perdidas e mensagens não visualizadas, a esposa da vítima recorreu a uma enfermeira e um segurança do hospital, que contaram sobre a tragédia. Foi, então, que Lariene mostrou a última foto enviada pelo motorista, em que ele aparece próximo a uma das ambulâncias que também foram soterradas.
O corpo foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros por volta das 9 horas, no momento em que máquinas da prefeitura faziam a limpeza do local.
Eliedson foi para o carro porque a família havia conseguido uma vaga no hospital para o filho, que estava passando mal e com crises de falta de ar, e ele não poderia permanecer na unidade – era permitido apenas um acompanhante. A foto, enviada pelo motorista na última conversa que ele teve com a esposa, mostra o homem chorando por estar longe do filho.
“Ele mandou essa foto chorando, porque estava longe do Guilherme. Ele era apaixonado pelo filho. E eu falei para ele ter calma que ia dar tudo certo e que depois a gente iria se encontrar. Mas não nos encontramos mais”, relatou Lariene com lágrimas nos olhos em entrevista à repórter Gabriela Fardin, da TV Gazeta Noroeste.
Além do carro em que estava Eliedson, duas motos e uma ambulância foram atingidas pela queda do barranco, mas somente o motorista morreu. Segundo a Defesa Civil de Colatina, é possível que o desabamento tenha sido causado por um vazamento em caixas d’água que encharcou o solo.
O pequeno Guilherme teve alta do hospital, mas voltou para casa sem o pai. “Agora ele está bem, mas a gente pensa em como ele vai crescer sem o amor do pai. Eu sei que ele vai ter o amor dos avós, mas uma coisa que o pai dele queria era dar esse amor de pai uma coisa que ele não teve. Vai ser difícil”, disse Lariene.
A Polícia Civil informou, por nota, que a Delegacia Especializada de Investigações Criminais e Outras (DIPO) de Colatina vai apurar as circunstâncias do fato.
De acordo com a corporação, o corpo da vítima foi encaminhado para o Serviço Médico Legal (SML) de Colatina, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares. O velório do Eliedson acontece no salão da paróquia Divino Espírito Santo, no bairro Maria das Graças, na noite desta quinta-feira (10), e o enterro acontecerá no cemitério de São Marcos Marilândia.
O Hospital Maternidade São José – instituição filantrópica que realiza atendimentos de pediatria e maternidade, entre outros – foi acionado pela reportagem. Em nota, a unidade confirmou que os atendimentos eletivos foram suspensos e reagendados devido ao ocorrido e que os pacientes internados seguem sendo assistidos. Segundo o hospital, áreas de risco foram isoladas. Veja nota na íntegra:
“Estamos diante de um fato delicado e sensível, que foi o deslizamento de terra no entorno do hospital que, lamentavelmente, provocou a morte de uma pessoa. Os danos materiais são menores. Ainda não sabemos os motivos do acidente, uma vez que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros continuam trabalhando no local. Todas as áreas de risco já foram isoladas. Os pacientes internados seguem sendo assistidos pela equipe do São José e os atendimentos eletivos foram suspensos e serão reagendados. O Hospital lamenta e se solidariza com a família da vítima e está acompanhando e prestando toda assistência necessária.”
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