Nesta quinta-feira, 2 de setembro, é celebrado o Dia do Repórter Fotográfico: profissional que tem o domínio da técnica, entre tantos aparelhos e botões, para detalhar fatos por meio das imagens. É ele que está na frente, sujando a roupa de lama durante uma enchente ou entrando em uma UTI Covid durante a pandemia, para garantir registrar a notícia e levar aos espectadores o sentimento presente na situação. Por isso, há um entendimento de que a fotografia é voz.
Considerando isso, qual é a voz dos quatro fotógrafos de A Gazeta? Os profissionais foram ouvidos pela reportagem e a principal pergunta foi: o que significa ser um repórter fotográfico?
A profissão que, segundo eles, está bem distante do glamour, exige muito preparo. Com, pelo menos, mais de 10 anos de trabalho na Rede Gazeta, Vitor Jubini, Fernando Madeira, Ricardo Medeiros e Carlos Alberto Silva compartilharam um pouco das histórias que contaram por meio das imagens.
Cada um escolheu uma cobertura jornalística que julgou relevante na carreira. Os temas envolvem meio ambiente, desastres naturais e saúde pública.
Jubini conta que leva a fotografia onde quer que vá. "Não consigo me desligar, sou repórter fotográfico 24 horas por dia", relata.
A foto escolhida pelo profissional é de 2013, quando o Espírito Santo registrou um grande volume de chuva. A cobertura aconteceu em Córrego do Rio Pancas, um distrito de Colatina. Foi lá que foi feita a fotografia de um jovem desesperado com a chuva e, literalmente, coberto de água.
"A foto é de 2013. Um período de chuvas, com muito alagamento, muita destruição, além de mortes. Fizemos a cobertura durante dias, até que fui para a cidade de Colatina. Lá, ficamos sabendo que um distrito, chamado Córrego do Rio Pancas, estava tomado pela água. O curioso é que pegamos uma carona de barco, só assim para chegar até lá. É um pouco dos perrengues que passamos. Quem vê a fotografia às vezes não imagina como foi para ter acesso ao local", diz o profissional responsável pela imagem acima.
O início do ano de 2020 não foi fácil para os capixabas que moram no Sul do Espírito Santo. A área foi castigada pela força das águas e, algumas cidades — como mostram as imagens — foram destruídas, gerando sofrimento aos munícipes.
A foto escolhida por Madeira foi registrada nas ruas de Castelo. Na imagem, duas crianças aparecem brincando de bola em meio ao caos e à sujeira, rastros deixados pela chuva na região.
"Ficamos por duas semanas no Sul do Espírito Santo percorrendo o rastro de destruição deixado pela chuva. Os dois garotos brincavam num cenário de destruição da cidade. A lição que eu trouxe: mesmo diante das adversidades, não temos outra saída a não ser recomeçar", diz Fernando Madeira.
A foto escolhida por Ricardo Medeiros foi registrada durante uma cobertura nos manguezais do Espírito Santo. Ele conta que a pauta surgiu para mostrar a dificuldade que um catador de caranguejos enfrenta com a poluição do meio ambiente e as doenças causadas pelo trabalho braçal.
"Aprendi, principalmente, a valorizar o trabalho dos catadores. A foto foi bem difícil, precisamos enfrentar mosquito, atolamento e lama", descreve.
O cenário de pandemia do novo coronavírus, doença que já matou mais de 580 mil pessoas no Brasil, foi o espaço escolhido por Carlos Alberto Silva para um registro histórico. Dentro de um hospital, o fotojornalista mostrou a rotina dos médicos e tudo que envolve a doença.
"A foto foi tirada no Hospital Evangélico, em Vila Velha. Fui o primeiro jornalista a entrar em uma UTI Covid no Espírito Santo. Chegava às 7h da manhã e saía à tarde. Foi o trabalho mais importante da minha vida. Eu não poderia deixar de fazer esse trabalho, que virou um documento histórico. Sou repórter fotográfico e gosto de gente, quero saber o que está acontecendo com as pessoas", conclui o profissional.
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