Um incêndio em vegetação de turfa nesta quinta-feira (29) fechou os acessos ao Contorno Mestre Álvaro, na Serra, e provocou um engavetamento com, pelo menos, nove carros, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Imagens aéreas (veja acima) mostram a dimensão do fogo e a densa nuvem de fumaça.
A região da Grande Vitória, principalmente na Serra, possui regiões com a vegetação. A queima da turfa gera muita fumaça, que é bastante incômoda e já provocou diversos outros incidentes. Mas, o que seria turfa? Ela é um material proveniente da decomposição lenta de várias espécies vegetais, em situações de pouca oferta de oxigênio e em regiões muito úmidas, principalmente pantanosas.
Luiz Fernando Schettino, professor e doutor em Ciência Florestal e Ambientalista, atuante em áreas como gestão florestal sustentável, legislação e política florestal, impacto ambiental e meio ambiente, explicou que todos os seres vivos da referida região, ao morrerem e se decomporem, tendem a sofrer uma ciclagem de nutrientes, que são ciclos da natureza.
“Só que no caso de regiões pantanosas, muito úmidas, esses restos orgânicos, principalmente de plantas, não conseguem fazer a decomposição completa da matéria orgânica por falta de oxigênio, então vão se acumulando”, disse.
É nesse contexto que se formam as turfas.
Segundo o professor, em volta da Grande Vitória, nas cidades de Serra, Viana, até o Estado do Rio de Janeiro, onde era úmido, se acumulou esse material orgânico, que em épocas mais secas, pega fogo.
Por que a fumaça da turfa incomoda?
Luiz Fernando Schettino explicou que a fumaça de tudo que queima solta uma série de compostos, mas a queima da turfa libera uma substância que nem imaginamos, o ácido acético, o mesmo encontrado no vinagre.
Apesar do Corpo de Bombeiros informar que o combate ao incêndio em vegetação de turfa ter sido concluído ainda na tarde desta sexta-feira, nem sempre é assim.
Segundo o especialista, o combate ao incêndio de turfa é complexo porque ocorre alta combustão em épocas mais secas.
“Na decomposição orgânica, quando há ambiente seco, pode aumentar calor e pode ter uma alta combustão. É difícil porque ela (turfa) pega fogo sozinha e, se colocar fogo, alastra rápido. Esse fogo pode ficar a metros de profundidade, e para combater ou tem que encher de água ou tem que cavar para ir até no ponto onde está queimando para poder controlar”, informou Luiz Fernando Schettino.
Esse tipo de fenômeno pode, ainda, entrar nos bolsões do solo e queimar por meses. “Entao é um fogo muito difícil de combater e caro”, ressaltou.
Além da dificuldade de combate e do incômodo da fumaça, esse tipo de fenômeno também faz mal a saúde, segundo o professor.
Isso porque é uma combustão incompleta em face de pouco oxigênio, com uma combustão lenta com liberação do ácido acético. O incêndio em turfa também libera muito monóxido de carbônio.
A fumaça da turfa afeta muito as pessoas com asma e bronquite, além de causar irritação nos olhos e garganta por conta desses componentes.
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