Um adolescente de 13 anos ficou com vários ferimentos no rosto após ter sido agredido com uma raquete dentro da escola onde estuda, durante o recreio, por um outro estudante. A vítima, o jovem Douglas Santos Atusso, tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiência intelectual leve, com suspeita de esquizofrenia.
O caso aconteceu nesta semana na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Fioravante Caliman, em Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana do Espírito Santo.
Em entrevista para A Gazeta, a mãe do adolescente, Daiane Neves Santos, de 43 anos, conta que recebeu uma ligação para comparecer à escola na última quarta-feira (25) e, quando chegou lá, se deparou com o filho machucado e sangrando.
"A coordenação me falou que um aluno levou uma raquete para a escola. Na hora do recreio, esse menino deixou a raquete no chão e meu filho pegou ela para brincar. O outro menino mandou ele largar e foi atrás dele. Quando ele tomou a raquete, bateu com ela no meu filho várias vezes acertando no rosto dele", relata a mãe.
Daiane disse não saber a idade do estudante que praticou a agressão, o nome ou mesmo a série. Segundo o relato de Douglas, seria um menino mais velho, de outra turma.
"A escola não me informou nada. Na hora, pediram que eu ficasse lá esperando a família do outro menino chegar, mas eu não pude ficar porque meu filho estava muito machucado e sangrando", diz a mãe.
A agressão foi registrada na quarta (25) e ganhou repercussão nas redes sociais a partir de postagens feitas por familiares em redes sociais neste sábado (28) usando a frase: 'JUSTIÇA POR DOUGLAS'.
Segundo a mãe do jovem, o ferimento ainda continua com bastante inchaço. "Ele sente muita dor, o nariz está dormente. Quando espirra até sai sangue pelo nariz", conta.
Daiane destaca que esse não foi o primeiro episódio. Segundo ela, o filho já vinha sofrendo com ataques de menor grau na escola e a diretoria teria conhecimento disso.
Indignada, a mãe continua e cobra uma solução: "Meu filho é especial e já estão acontecendo essas coisas na escola já faz algum tempo. Já cheguei a acionar o Conselho Tutelar sobre isso".
O desejo da família de Douglas é que a escola forneça um cuidador que o acompanhe dentro da sala de aula, diante das suas limitações e dos episódios pelos quais o menino tem passado.
Daiana conta que já fez a solicitação para a escola, o que tem sido negado pela direção uma vez que o adolescente, apesar da sua condição comprovada em laudos apresentados, consegue andar e falar.
Ela destacou que, no entanto, o laudo médico recomenda que o filho frequente a escola "com apoio especializado" em função de déficit de atenção, deficiência intelectual leve e autismo.
Com as negativas, ela pediu ajuda do Conselho Tutelar da cidade, que também teria feito o pedido à escola sem sucesso. "Ele precisa de um cuidador na escola. Estou lutando por um direito dele. "
Após a última agressão, a mãe registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Regional de Venda Nova. Douglas também passou por exame de corpo de delito no hospital.
Ela recorreu novamente ao Conselho Tutelar para tentar que a escola forneça um cuidador para o filho dentro da sala de aula.
A Gazeta entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), que é a responsável pela EEEFM Fioravante Caliman. A reportagem questionou os motivos pelo não fornecimento de um cuidador para Douglas e se alguma providência sobre a agressão de quarta-feira foi tomada.
A pasta informou, através da Superintendência Regional de Educação de Afonso Cláudio, que de acordo com o Regimento Comum das Escolas, a unidade de ensino acompanha o caso e já dialogou com os envolvidos e familiares.
"O aluno que promoveu a agressão, cumprindo o Regimento Comum, foi suspenso das aulas", diz em nota. A Sedu informou, ainda, que, o aluno autista é assistido pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE).
"De acordo com a Portaria 004-R, de 14 de janeiro de 2022, a atuação do cuidador consiste no auxílio aos alunos que não conseguem realizar com independência as atividades de alimentação, higienização e locomoção. O aluno em questão apresenta independência na realização dessas atividades", justificou a pasta.
As polícias Civil e Militar também foi procurada para comentar o episódio. A assessoria, no entanto, informou não tem como prestar investigações em andamento nos finais de semana. "Aos finais de semana, feriados e pontos facultativos a assessoria só tem acesso às ocorrências e autuações do plantão vigente das Delegacias", disse a PC.
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