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Geógrafa vai celebrar primeiro Dia das Mães após descobrir câncer na gravidez

Geógrafa vai celebrar primeiro Dia das Mães após descobrir câncer na gravidez

Larissa percebeu que algo estava errado durante um autoexame, na reta final da gravidez. Após encerrar uma etapa do tratamento, ela comemora o primeiro Dia da Mães ao lado da filha

Publicado em 6 de maio de 2021 às 17:47

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Geógrafa celebra primeiro Dia da Mães
Larissa descobriu que estava com câncer dias depois do nascimento de Laura . (Arquivo pessoal)

O próximo domingo, 9 de maio,  promete ser uma data muito especial para a geógrafa Larissa Belo, de 33 anos. Será o primeiro Dia das Mães que ela passará ao lado da filha Laura, de 7 meses, após encerrar uma etapa do tratamento contra um câncer de mama descoberto no final da gravidez, em plena pandemia.

Larissa ficou grávida em janeiro de 2020. Em março, com as restrições impostas pelo novo coronavírus, a geógrafa buscou se preservar de todas as formas para não pegar Covid-19, com medidas de higiene, uso de máscara e distanciamento social.

Mas em setembro do ano passado, quando completou oito meses de gestação, sentiu um caroço na mama direita e desconfiou.

“Sempre tive o hábito de realizar o autoexame e percebi que algo estava errado. Fiz a biópsia numa terça-feira, a Laura nasceu na sexta, dia 2 de outubro, e alguns dias depois tive a confirmação de que estava com câncer de mama”, contou a geógrafa, moradora de Vitória.

Geógrafa celebra primeiro Dia da Mães
Geógrafa celebra primeiro Dia da Mães. (Arquivo pessoal)

TRATAMENTO

Larissa iniciou o tratamento no dia 3 de novembro, que incluiu quimioterapia, uma cirurgia para extração de parte da mama onde o tumor estava localizado (quadrantectomia) e 15 sessões de radioterapia, que ela concluiu na semana passada, no Instituto de Radioterapia Vitória (IRV). A partir de agora, a geógrafa passará por uma nova avaliação e realizará monitoramento da doença a cada dois meses.

Ela conta que encontrou forças para enfrentar a fase mais dura do tratamento na fé e na maternidade. “A Laura era o meu remédio. Chegava em casa após passar pelo tratamento, olhava para ela sorrindo para mim, e me sentia muito melhor. Eu sentia muita dor no início e os efeitos colaterais foram difíceis, precisei contar muito com o apoio da minha família. Mas o tempo inteiro eu estava otimista. Não me via doente. Hoje, quando olho fotos minhas durante o tratamento, não me reconheço”, afirma Larissa.

Larissa conta ainda que chegou a ter um sonho em que uma mulher dizia para ela que tudo ficaria bem. “Acredito que tirei forças da minha fé. Minha mãe Regina e meu esposo Kristian sempre me diziam que a gente iria focar em um dia de cada vez. Eu tive um sonho no início do tratamento, quando eu sentia muita dor. Nele, uma mulher falava comigo: ‘Essa batalha a gente já venceu, fica tranquila que a gente já venceu’. Aquilo me deu uma certeza que não sei explicar, de que aconteça o que acontecer, vai dar certo”, conta.

E para celebrar seu primeiro Dia das Mães com Laura, Larissa encomendou um look especial para mãe e filha. “Estou muito feliz, encomendei até roupa mãe e filha. Poder viver com ela esse Dia das Mães e todos os dias é um presente para mim”, afirma Larissa, emocionada.

 Larissa Belo com a filha Laura
Larissa conciliou os cuidados com a Laura e o tratamento . (Arquivo pessoal)

"CHEGUEI A PENSAR QUE ELA PODERIA CRESCER SEM MÃE"

Qual foi seu primeiro pensamento quando descobriu o câncer?

  • Por uma semana foi muito cruel. Eu não queria e nem podia acreditar no que estava acontecendo. Acordava de madrugada para amamentar e me olhava no espelho pensando: 'Acorda, isso é um pesadelo'. Mas não era. Era real. Eu precisei de muito apoio da minha família, dos meus amigos e muita oração! O amor pela Laura, o amor de Deus, tudo isso me fortaleceu. E por uma razão desconhecida, mas maravilhosa, eu encontrei meus dois médicos que foram verdadeiros anjos na minha vida. Doutor Vitor Fiorin e Doutor André Motoki foram fundamentais nesse diagnóstico e em todo o processo! 

Como foi o processo de amamentação com a Laura?

  • Foi maravilhoso! Por um mês, aproximadamente, eu consegui essa benção para dar um sabor de maternidade plena! Não tenho absolutamente nada o que reclamar! Foram dias de livre demanda e era um prazer imenso! Digo que Deus me deu esses dias de brinde. Mas interromper a lactação foi cruel. Eu olhava os comprimidos para secar o leite e chorava muito. Demorei três dias para conseguir tomar. No dia que consegui, me lembro que pedia a Deus para transformar cada lágrima em amor. E Ele me atendeu!

Sente perdeu algum momento com sua filha por conta da doença?

  • Não digo que perdi, mas precisamos nos adaptar às etapas. Implantei o cateter, fiz cirurgia. Nesses momentos não pude pegar minha filha no colo. Mas a todo instante eu estava muito presente na vida dela. Durante a quimioterapia, eu desenvolvi uma neuropatia e não conseguia ficar em pé ou caminhar por mais de 10 minutos, mas a Laura parecia compreender tudo isso. Ficávamos sentadas, brincando deitadas, e assim foi um dia após o outro, por dois meses. Por isso digo que nos adaptamos, mas sempre unidas.

O que este primeiro Dia das Mães representa para você?

  • Esse Dia das Mães representa uma vitória! Uma etapa vencida! Um carinho de Deus nas nossas vidas! Que bom que eu vou estar ao lado da minha filha nesse dia. Que bom poder pegá-la no colo, caminhar, brincar, dar banho. Essas pequenas coisas se tornaram grandiosas pra mim.

O que você tira dessa experiência?

  • Com tudo isso que aconteceu, a certeza que eu tenho é: valorize todos os seus dias de vida! Cuidar do nosso corpo, nossa mente e espírito. Foi o que me salvou, junto aos medicamentos, obviamente. Mas a todo instante eu sabia que ficaria curada, que seria apenas uma fase. Nas fases mais difíceis eu pensava: 'Amanhã vai ser melhor que hoje, Deus está comigo, vai dar certo'. Ele não me escolheu em vão! Então eu digo: a fé e o amor curam.

Depois do que passou, você enxerga a maternidade de outra forma?

  • É completamente diferente do que eu imaginava. Eu me preparei psicologicamente para um puerpério e veio um câncer durante o puerpério. Passar por isso me tornou imensamente mais forte e grata por cada situação. Então tudo com minha filha é mais incrível depois disso. Dar banho, dormir juntinha, rolar no chão, cuidar. Tudo é um presente. Cheguei a pensar que ela poderia crescer sem mãe, e eu sem viver a maternidade. Mas graças a Deus estamos aqui, firme e forte, vivendo todos os dias como se fossem verdadeiros presentes. 

Como é a Laura?

  • É incrível ser mãe da Laura. Ela é encantadora, meiga, super alegre, acorda sorrindo todos os dias. Sou completamente apaixonada por ela. Quando estava grávida fiz uma música pra ela e cantava todos os dias acariciando a barriga. A música dizia que ela era a minha mais linda flor. E eu não canso de repetir isso pra ela todos os dias. Ela precisa crescer sabendo da força que representa na minha vida!

Lorraine Juri, médica radioterapeuta
Lorraine Juri é médica radioterapeuta. ( Julia Terayama)

CÂNCER RARO

A médica radioterapeuta Lorraine Juri, do IRV, explica que câncer de mama durante a gravidez é raro e atinge em média uma a cada três mil mulheres. Mas ainda sim é o tipo mais comum de tumor diagnosticado durante a gravidez, amamentação ou durante o puerpério.

“As alterações hormonais durante a gestação fazem as mamas se tornarem maiores, mais sensíveis e densas, o que pode dificultar o diagnóstico na fase inicial da doença. Assim que a mulher notar alguma alteração na mama, deve procurar imediatamente o seu médico”, destaca a especialista.

Segundo ela, a maneira correta de diagnosticar um câncer de mama é realizando uma biópsia, que é um procedimento com pouco risco para o feto. “O tratamento sistêmico ou radioterápico deverá ser indicado após a gestação”, explica.

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