Em procedimento inédito, uma paciente de 32 anos de idade, com 20 semanas de gestação e portadora de câncer de colo de útero, foi submetida a uma cirurgia feita por robô no dia 17 de agosto, no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória. Foi o primeiro caso de procedimento com o robô Da Vinci XI para tratar câncer ginecológico e em gestante. A cirurgia foi um sucesso e a paciente teve alta no dia seguinte.
De acordo com a ginecologista oncológica do Hospital Santa Rita e presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, Karin Rossi, a cirurgia por meio do robô foi fundamental para preservação da vida do bebê. "Foi importante uma vez que foi facilitada pela visão ampliada em 3D e pela rotação das pinças, proporcionando mais alcance em locais de dissecção na pelve, que estavam ocupados pelo útero gravídico, informou.
Segundo a equipe médica, composta por quatro profissionais, a plataforma robótica também ofereceu mais segurança e precisão. Um dos braços do robô manteve o útero seguro, deixando-o suspenso e estável durante todo o procedimento, facilitando o acesso à pelve para a atuação dos especialistas.
A cirurgia feita, chamada de linfadenectomia pélvica laparoscópica, é um procedimento de estadiamento, ou seja, que, segundo a médica, serve para identificar se o câncer se encontra somente no órgão alvo (colo do útero) ou se se espalhou para outros locais, dando metástase. De acordo com a especialista, esta cirurgia deve ser realizada, preferencialmente, no segundo trimestre da gravidez, sendo possível após a 12ª semana de gestação, quando o bebê já está formado.
Em pacientes com câncer de colo uterino inicial, o procedimento feito usando robô permite uma estratificação de risco confiável, ou seja, uma aferição do estágio preciso em que a doença se encontra, podendo ou não retornar depois de tratada. "A gente sabe até onde a doença vai. Por exemplo, se a paciente tiver o linfonodo negativo, sem célula de câncer, é estágio 1, se vier positivo é estágio 3. Quanto mais avançada a doença, maior chance de metástase", informou.
No caso de o câncer ter se espalhado, a médica explica que isso tem que ser conversado com a paciente. "A partir daí define-se se há interesse em seguir com a gestação, a depender dos riscos. O casal deste procedimento decidiu conduzir a gravidez até o fim, então faríamos a quimioterapia, caso seja constatada a necessidade, com remédios que não agridem o feto. Já a radioterapia nunca pode acontecer com pacientes grávidas. Os remédios que seriam aplicados atuariam nas ínguas, deixando livres de doença para ganhar tempo até o bebê nascer", disse.
A taxa somente para uso do robô, o que torna o procedimento mais simples e rápido, agredindo menos o útero, custa R$ 12 mil, valor a ser pago ao hospital e que os planos de saúde não cobrem.
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