Alguns capixabas tiveram a sorte de ver golfinhos nadando a poucos metros de distância, no mar da Praia da Costa, em Vila Velha. O encontro inesperado aconteceu na manhã desta quinta-feira (4). Os vídeos encantam pela beleza, nas imagens é possível ver pelo menos oito deles saltando.
Os registros são do advogado Diego Schuttz, que praticava canoagem com mais 11 pessoas. "Saímos por volta das 7h40 e avistamos os golfinhos uns 20 minutos depois. De duas semanas para cá tem sido comum, mas nem sempre conseguimos filmar ou tirar foto. Dessa vez eu consegui", comemora.
Segundo ele, as outras duas turmas da canoagem também conseguiram avistar os golfinhos nesta manhã, e o próprio Diego já tinha visto em outra oportunidade, quando estava em Aracruz, no Norte do Estado, próximo ao encontro do mar com a foz do Rio Santa Cruz. "Mas não foi tão de perto", admite.
Coordenador do Projeto Amigos da Jubarte, o ambientalista Thiago Ferrari assistiu ao vídeo e identificou, pelas nadadeiras dorsais, que os golfinhos são da espécie Sotalia guianensis, popularmente conhecida como "boto-cinza". Segundo ele, a costa do Espírito Santo é o lar desses animais e, por isso, eles podem ser vistos durante todo o ano.
"Diferentemente das baleias jubartes, que vêm até o Estado para se reproduzir, os golfinhos nascem, se reproduzem e se alimentam aqui. O boto-cinza é a espécie mais costeira entre as principais da nossa região. Neste caso, ele deve ter se aproximado do raso atraído por algum cardume", explica.
O fato dos golfinhos terem sido avistados em grupos também é comum. "São animais extremamente inteligentes e têm um cuidado parental evoluído, muito próximo de nós seres humanos, como se fosse uma família. Passam ensinamentos de caça de geração a geração, por exemplo", comenta Thiago.
Ainda de acordo com o ambientalista, o boto-cinza mede entre 1,70m e 1,90m de comprimento. A média de peso é de 40kg e eles podem saltar impressionantes cinco metros de altura. A alimentação é composta basicamente de peixes, mas pequenos crustáceos, lulas e polvos podem acabar virando presas.
No litoral capixaba ainda são comuns o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) e o golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis). Porém, esses dois são mais oceânicos e, consequentemente, mais difíceis de serem vistos próximos ao litoral. Essas espécies também são bem maiores: podem chegar a 3,80m e 650kg.
A fama que os golfinhos têm de serem dóceis procede. No entanto, não é por isso que ao vê-los você pode ficar próximo deles ou tentar tocá-los. "Eventualmente, alguma manobra de caça ou natação pode causar um acidente e deixar alguém ferido", alerta o ambientalista.
Dentre as três espécies mais comuns no Espírito Santo, o boto-cinza é justamente a que tem o comportamento mais arredio, de menos aproximação. O ambientalista também orienta os banhistas para que não deem qualquer tipo de alimento para atraí-los e, se possível, mantenham uma distância de 100 a 200 metros do animal.
Apesar de fazerem apenas pequenas migrações, esses mamíferos aquáticos não ficam exatamente nos mesmos pontos e o mapeamento de onde encontrá-los é um desafio. Ainda assim, o projeto Golfinhos do Brasil já conseguiu identificar alguns locais e espera fazer turismo de observação no futuro.
"Já sabemos que alguns grupos vivem próximo ao Porto de Tubarão (em Vitória), em praias de Vila Velha e na região entre as Três Ilhas e o Parque Paulo César Vinha (em Guarapari). Se conseguimos desenvolver a rota dos golfinhos, podemos ter um trabalho similar ao que já fazemos com as baleias Jubarte", adianta Thiago.
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