Opção para ter dinheiro extra uma vez por ano, o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também é alvo de bandidos. Os criminosos usam a modalidade para sacar o saldo da conta dos trabalhadores e solicitar empréstimos, usando os recursos disponíveis no Fundo como garantia.
O modo como os criminosos aplicam o golpe é parecido com outros que têm como objetivo o saldo do FGTS. Geralmente, a pessoa só fica sabendo que foi vítima quando tenta acessar algum dos serviços oferecidos pela Caixa Econômica Federal e vê que o CPF já está cadastrado e vinculado a um e-mail desconhecido.
Nesse caso, a Caixa orienta que seja feita uma contestação. O pedido deve ser realizado em uma agência do banco e a pessoa precisa ter em mãos o CPF e outro documento de identificação com foto.
Para aplicar o golpe, os bandidos precisam de alguns dados da vítima, de forma a conseguirem acessar o Fundo de Garantia dela. Como forma de orientar a população, o delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia Especializada de Falsificações e Defraudações (Defa), lista algumas táticas dos criminosos para roubar dados pessoais das vítimas e realizar golpes, como o do saque-aniversário do FGTS.
“Os bandidos anunciam falsas vagas de emprego na internet e pedem vários dados para que as pessoas participem do processo seletivo. A vítima, que está precisando do emprego, acaba passando esses dados, que são utilizados depois para a prática de golpes”, conta o delegado Douglas Vieira, da Defa.
A vítima se depara com uma oferta de empréstimo na internet, com condições aparentemente vantajosas e acaba fornecendo os dados, porque precisa daquele valor. Depois, descobre que as informações pessoais repassadas foram utilizadas por bandidos em operações fraudulentas.
Segundo o delegado Douglas Vieira, um dos modos constatados pela Polícia Civil de como bandidos conseguem os dados das vítimas é pelas notas fiscais de produtos comprados pela internet. “Quando você faz uma compra pela internet, geralmente a nota fiscal vem em um pacotinho colado na embalagem. A pessoa, desatenta, joga essa embalagem fora sem se atentar à nota. Os golpistas compram essas notas por um valor baixo e usam as informações contidas nela para aplicar o golpe”, informa Vieira.
O delegado também alerta que é necessário cuidado mesmo na agência bancária. Isso porque os criminosos se passam por funcionários dos bancos, fingindo auxiliar os clientes. Entretanto, estão lá para roubar informações. “Se precisar de atendimento, passe pela porta giratória e busque ajuda dentro do banco”, recomenda Douglas Vieira.
O delegado Douglas Vieira também contou que há denúncias do golpe do saque-aniversário no Espírito Santo. Porém, não soube informar a quantidade desses registros. Ele explica que as investigações, em casos desse tipo, podem ser conduzidas tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Federal. “Se o prejuízo ficar com a pessoa, é a Polícia Civil que investiga. Se for com a Caixa Econômica, quem conduz é a Polícia Federal”, explica.
De acordo com Vieira, isso não interfere em como a pessoa vai fazer a denúncia à polícia, que pode ser realizada em qualquer delegacia, inclusive pela internet via Delegacia Virtual.
De acordo com a Caixa, quando há um saque efetivado do FGTS não reconhecido pelo trabalhador, o prazo para conclusão da análise da apuração é de até 60 dias corridos, contados a partir da data de formalização do registro da solicitação. Ainda segundo o banco, a justificativa para esse prazo é a necessidade de se obter informações também da instituição financeira para a qual os recursos foram encaminhados.
O banco informa ainda que é possível ter o dinheiro de volta. Quando a contestação é procedente, os valores são restituídos à conta de FGTS. Os dados cadastrais são atualizados com base nas informações fornecidas pelo trabalhador — que serão checadas — e a opção pelo saque-aniversário é cancelada.
Se o saque-aniversário foi utilizado pelos golpistas como garantia de um empréstimo, a Caixa cancela a opção contratada, inclusive as transferências programadas para a instituição financeira referentes à operação irregular e procede a liberação dos valores bloqueados.
O banco ressalta que é necessário o preenchimento do formulário de contestação da adesão do empréstimo para a apuração da fraude. Além disso, o banco orienta que a vítima comunique o golpe à polícia.
Caso o titular da conta note que a adesão ao saque-aniversário do FGTS foi realizada, contudo não foi efetivada a retirada do dinheiro, a contestação também deve ser feita para que o banco faça a apuração de fraude. Em casos assim, o prazo de apuração é de até 15 dias úteis.
A Caixa não informou a quantidade de contestações que já foram realizadas. Em nota, o banco disse que “todas as informações de suspeitas de fraudes são consideradas sigilosas e repassadas exclusivamente à Polícia Federal, para análise e investigação”.
A Polícia Federal também não divulgou a quantidade de pessoas que foram vítimas do golpe do saque-aniversário do FGTS. Em nota, a PF informou que ainda não tem estatísticas consolidadas acerca de fraudes no pagamento do Fundo.
A nota continua dizendo: “Temos informações sobre diferentes espécies de modus operandi e sobre atuação. No entanto, tal dado poderia comprometer as atividades investigativas, de modo que não são passíveis de divulgação”.
A Caixa também ressalta que não liga, envia e-mail, SMS ou mensagem por aplicativo solicitando atualização de dados cadastrais. Se o cliente receber mensagens desse tipo em nome do banco, a orientação é não deve responder. A denúncia pode ser feita enviando uma mensagem para [email protected]. Como auxílio, o banco disponibiliza orientações de segurança em seu portal da internet.
Os clientes têm à disposição, em caso de dúvidas, a central de atendimento da Caixa pelos números 4004 0104 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 104 0104 (para demais regiões).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta