O governador Renato Casagrande autorizou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) a retomar a negociação com a indústria farmacêutica para aquisição de doses de vacina para a prevenção da Covid-19. Com pouco avanço do governo federal para a compra do imunizante para a distribuição no país, a estratégia é tratar diretamente com as fabricantes e, assim, iniciar a vacinação da população capixaba.
O Espírito Santo já dispõe de um plano estadual de vacinação, bem como adquiriu os insumos necessários para imunizar - 6 milhões de seringas foram compradas. O Ministério da Saúde, por sua vez, ainda não conseguiu comprar para atender a demanda. No planejamento da Sesa, foram definidos os grupos prioritários seguindo a referência nacional, e que seriam atendidos em três fases. O início, entretanto, vai depender de como vão avançar as negociações do governo do Estado com a indústria - disponibilidade de doses e valores - de modo a consolidar a operação.
As três etapas deverão atender a cerca de 1,1 milhão pessoas, estimativa do público-alvo de vacinação no Espírito Santo, que inclui idosos, profissionais de saúde e a população que apresenta comorbidades, tais como diabetes, hipertensão grave (sem controle), câncer e anemia falciforme. Para a imunização ser efetiva, serão necessárias duas doses, ou seja, para atender somente os grupos prioritários o governo vai precisar de pelo menos 2,2 milhões de doses.
O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, se manifestou sobre o assunto em suas redes sociais no feriado, ressaltando que "se a União falhar, compraremos vacinas para imunizar todo o povo", indicando que a intenção do Estado é assumir o controle da imunização da população no Espírito Santo, caso o plano nacional não seja implementado em um curto prazo. Para Nésio, falhar é não garantir a imunização de toda a população em 2021, e o início precisa ser precoce, segundo o secretário tem afirmado reiteradamente.
O Estado tem, inclusive, condições de fazer a aquisição da vacina, mesmo que não haja registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do país, depois que Casagrande sancionou a lei aprovada na Assembleia Legislativa para esse fim. Se o imunizante tiver reconhecimento de agências internacionais parcerias do Brasil, o Espírito Santo terá autonomia para fazer a compra e distribuir para os municípios promoverem a vacinação. Mesmo assim, o governador tem declarado que a expectativa ainda é a de que o Ministério a Saúde faça a coordenação nacional da imunização.
A Pfizer era a fabricante com a qual a Sesa tinha avançado mais nas negociações, mas que foram interrompidas quando o governo federal anunciou o Plano Nacional de Imunização (PNI) no início de dezembro, uma vez que caberia à União conduzir a vacinação da população contra a Covid-19, assim como tem sido feito em relação a outras doenças. Quase um mês depois do anúncio, e sem uma previsão concreta para começar a vacinação maciça no Brasil, o Espírito Santo volta a discutir com a indústria, não apenas com a Pfizer, mas também com outras farmacêuticas que apresentaram um vacina segura e eficaz.
Neste final de semana, a Anvisa autorizou a Fiocruz a importar 2 milhões de doses de vacina, porém o volume é muito aquém da necessidade do país - essa quantidade não vacinaria nem o público-alvo no Espírito Santo. O próprio Ministério da Saúde, no PNI, apontava a negociação para adquirir 350 milhões de doses para iniciar a vacinação dos grupos prioritários.
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